Reconstructing noble family archives, remaking family histories (Medieval and Early modern Portugal). Recovered voices, newfound questions

Investigação

Resumo

O objetivo principal da estadia no Institute for Advanced Studies, School of Historical Studies, em Princeton, foi o de permitir a pesquisa para a preparação de um livro sobre a investigação que Maria de Lurdes Rosa tem vindo a desenvolver nos últimos anos sobre os arquivos de famílias nobres do Antigo Regime em Portugal. Partindo de uma perspetiva comparativa europeia – graças à experiência obtida com o ARCHIFAM e à quantidade significativa de estudos disponíveis sobre arquivos familiares europeus –, pretende centrar-se na realidade portuguesa.

Influenciada pela “história social dos arquivos”, a sua investigação tem tomado os arquivos familiares como um objeto de estudo, em vez de meros repositórios de informações para os historiadores. O arquivo é visto como um objeto essencial em si mesmo (na sua natureza, usos e transformações) e no que significou para o funcionamento da “família” como organização.

O arquivo como objeto tem sido alvo de investigação inovadora nas últimas três décadas. Algumas iniciativas são disso exemplo: a reunião “Opening up the archives”, realizada em 2006 no Radcliff Institute (Harvard) e publicada na Archival Science (dezembro de 2007); ou «AR.C.H.I.ves», um projeto financiado pelo European Research Council. Esta tendência acompanhou as mudanças ocorridas nos paradigmas do conhecimento: novos paradigmas sobre as fontes arquivísticas e o questionamento da imparcialidade da “história científica”, tal como foi criada na Europa do século XIX, pelo pensamento pós-moderno. No meio académico, isso significou, entre outras coisas, uma renovação da ciência arquivística e da ciência da informação, enquanto nas disciplinas tradicionais causou um interesse renovado pela história do registo escrito, das práticas de escrita, da alfabetização técnica e arquivística. A partir daqui alguns historiadores lançaram um questionamento mais profundo da relação da disciplina com os seus princípios centrais, como é o caso da reflexão sobre a natureza da “fonte histórica”. Na França, o tournant documentaire, na Itália, o metodo storicosão disso exemplo.

Na investigação em curso também se atribui particular importância às famílias como campo de estudo. A história social das elites e a história das sociedades do Antigo Regime como sistemas de organização corporativa têm experimentado um rápido desenvolvimento desde a década de 1980, especialmente nos países do sul da Europa, onde a historiografia adotou a perspetiva histórico-antropológica da longue durée; as mudanças legais e administrativas do século XIX também foram bem estudadas e são vitais para entender a mudança completa experimentada pela instituição “família” e seus arquivos / sistemas de prova. O estudo dos antecedentes históricos da produção, conservação e uso de documentos fornece respostas a muitas questões relativas aos arquivos.

O principal objetivo da investigação tem sido o de reconstruir a “informação documental” produzida por famílias nobres / elites. Em vez de “fontes remanescentes”, o foco será precisamente na informação produzida. A reconstrução será feita a partir de inventários e de um estudo institucional e administrativo das famílias. Esta perspetiva baseia-se em grande parte na renovação da história institucional e em abordagens como a de Paolo Cammarosano. A história das famílias será realizada de acordo com este objetivo, no entanto, alguns estudos de caso serão suficientemente ricos para permitir perspetivas mais amplas sobre aspetos como a gestão da riqueza, os conflitos por causa das heranças, as práticas simbólicas, a alfabetização, as decisões baseadas no conhecimento e até mesmo a ação política.

O livro encontra-se em preparação.

Mais informações

A estadia terminou em dezembro de 2015.