Missivas enviadas pelos Jesuítas do Japão para a Europa (epistolografia jesuíta). De acordo com Helena Rocha (2014: 7), as cartas são elos de ligação entre as várias missões, e promovem e incentivam o trabalho missionário (até pela comparação dos resultados alcançados), revelando igualmente um interesse cada vez maior sobre as novas realidades culturais com que os jesuítas se deparam. São uma forma de manter a coesão entre as várias missões da Companhia, de recolher dados, de causar impacto junto dos poderes centrais dos reinos europeus e, no caso particular do Japão, um meio de favorecer a causa jesuíta. A Companhia de Jesus detém o exclusivo das informações respeitantes ao Japão quase até finais do século XVI. Como recorda Ribeiro (2009: 17), “por estes textos os jesuítas procuravam fortalecer e engrandecer a posição e imagem do Instituto e dos seus missionários no mundo católico; angariar meios materiais para a manutenção das missões; estimular o ingresso de jovens no instituto; justificar, perante a opinião pública europeia, a adopção de determinados comportamentos e posturas nas missões, por vezes tidos como pouco ortodoxos; fundamentar posições e opiniões na sequência das polémicas que surgiram com outras ordens religiosas. No que respeita aos objectivos de carácter didáctico estas obras funcionavam como um estímulo à oração e à devoção, um exemplo de vida passível de imitação pelos leitores, religiosos os leigos”.
Veja-se, por exemplo: Cartas que os padres e irmãos da Companhia de Iesus escreuerão dos Reynos de Iapão &China aos da mesma Companhia da India, & Europa, des do anno de 1549 atè o de 1580. Edição fac-similada da edição de Évora, 1598, apres. José Manuel Garcia. Maia, Castoliva Editora, 1997.
Bibliografia
Rocha, Helena Maria dos Santos de Resende da, “O Oriente no Ocidente: o Japão na Cultura Portuguesa do Século XVI: A Visão de Luís Fróis nas Cartas de Évora”, tese de Doutoramento, Lisboa, Universidade Lusíada, 2014.
Ribeiro, Madalena, “Samurais Cristãos. Os Jesuítas e a Nobreza Cristã do Sul do Japão no século XVI”, Lisboa, Centro de História de Além–Mar, Universidade Nova de Lisboa, 2009.
Rogério Miguel Puga