** AVISO: Caso não tenha recebido o email de confirmação da recepção da sua proposta de comunicação, por favor reenvie a sua proposta para pa.portuguesa2016@gmail.com ou pa.performance2016@gmail.com **
** Novo prazo para submissões: 25 de Abril de 2016 **
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O Simpósio Performance arte portuguesa – 2 ciclos (sem) 1 arquivo: diferentes valores, razões e práticas? procura juntar numa mesma plataforma de discussão os recentes estudos e investigações que têm vindo a ser produzidos de forma dispersa, em várias áreas disciplinares, sobre performance arte portuguesa, enquadrando-a no contexto internacional. Muitas vezes, desconhecida pela geração de artistas que a sucedeu, a arte da performance, com expressão no campo artístico especialmente a partir de meados dos anos 60 do século XX e com ressurgências nas últimas décadas do nosso milénio, tem sido sistematicamente esquecida pela história da arte portuguesa, caracterizando-se pelo que Ernesto de Sousa denominou de uma “História-sem-história” das vanguardas em Portugal. Consideramos, contudo, que a história deste género artístico tem um papel nuclear na discussão de temáticas fundamentais da performatividade social dos portugueses, como sejam, as questões da revolução e da ditadura, da guerra colonial ou do retorno das colónias, ou mais recentemente, a sua memória, a ausência dela ou a pós-memória. Nesse sentido, se por um lado, pretendemos abordar as práticas contemporâneas, por outro, e essencialmente, queremos contextualizá-las numa perspetiva histórica que, em Portugal, teve nos anos 70-80 muitos dos seus ensaios.
A arte da performance manifesta-se, geralmente, através de uma ação corporal, de uma experiência, que é o espelho de uma atitude crítica e filosófica. Há que fazer uma “arqueologia” (Foucault) do conhecimento dessas ações nas suas várias dimensões: perceção, memória, consciência (introspeção), razão e testemunho (Robert Audi). A invisibilidade da sua história em Portugal, que é traduzida por uma certa ausência de memória coletiva, ou nas palavras de José Gil de “não inscrição”, justificada por um défice de espaço público no qual se possam refletir profundamente as questões de identidade coletiva portuguesa (Gil 2005), paradoxalmente, parece ter vindo a constituir-se como um tema que atravessa alguns dos projetos artísticos portugueses contemporâneos que incluem no seu cerne arte da performance e que procuram questionar reflexivamente a realidade social focando-se em processos de contramemória histórica, ou seja, processos que procuram recuperar “histórias suprimidas que se localizam de formas particulares, a que alguns têm acesso de forma mais eficiente do que outros” (Foster 1999).
De algum modo, acionando esses processos de contramemória histórica estes artistas procuram mostrar que os discursos (dominantes) da história, revelam tão só uma história específica que, como refere Michel Foucault no seu ensaio “The Historical a priori and the Archive” (1969), envolve “uma forma de dispersão no tempo, um modo de sucessão, de estabilidade ou de reativação (…)” (1969). Essa história específica do discurso (dominante) é produzida através da determinação das “condições de seu funcionamento, de impor aos indivíduos que os pronunciam um certo número de regras e, assim, de não permitir que toda a gente tenha acesso a eles. Rarefação (…) dos sujeitos que falam; ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer certas exigências ou se não for, de início, qualificado para o fazer. Mais precisamente: nem todas as regiões do discurso são igualmente abertas e penetráveis; algumas são altamente proibidas (diferenciadas e diferenciantes), enquanto outras parecem quase abertas a todos os ventos e colocadas, sem restrição prévia, à disposição de cada sujeito que fala (Foucault 1997).
Para analisar criticamente este discurso, como nos diz ainda Foucault, é preciso pôr em prática o “princípio da inversão”: “experimentar discernir as formas de exclusão, da limitação, da apropriação (…); mostrar como se formaram, para responder a que necessidades, como se modificaram e se deslocaram, que força exerceram efetivamente, em que medida foram contornadas” (idem).
Conscientes da instabilidade das fronteiras que definem esta prática e esta teoria da arte da performance pretendemos que o encontro seja um espaço de debate entre indivíduos com formações e perspetivas muito distintas. De artistas a curadores, programadores culturais ou conservadores, de filósofos a sociólogos, de historiadores a antropólogos, o encontro pretende congregar em torno de si um confronto de ideias e de experiências interdisciplinares.
Neste sentido, e por último, esperamos que este Simpósio Performance Arte Portuguesa seja o primeiro passo na direção de uma rede nacional e internacional de artistas e investigadores e da criação de um arquivo digital da arte da performance em Portugal.
Para este simpósio existem duas chamadas de trabalhos – as primeiras dirigidas a apresentações de casos de estudo, as segundas para comunicações teóricas. Neste contexto, as propostas de comunicação devem abordar os seguintes tópicos, ainda que não sejam limitadas por eles:
– História da performance arte portuguesa: casos de estudo
– A “ausência” da arte da performance na história de arte portuguesa
– Contextos de criação e produção da arte da performance portuguesa
– Contextos de distribuição e internacionalização da arte da performance portuguesa
– Influências entre os panoramas nacional e internacional da arte da performance
– Continuidades e rupturas na História da arte da performance portuguesa
– Novos géneros da arte da performance em Portugal
– Métodos para o estudo e historicização da arte da performance
– Arquivos e preservação da arte da performance: casos de estudo
– Registo e documentação de arte da performance
– Preservação e apresentação de arte da performance
– Memória e Transmissão de arte da performance: casos de estudo
– Arte da performance portuguesa: memória e pós-memória (Estado Novo; Guerra Colonial/Retorno; Revolução)
– Representações sobre a portugalidade em arte da performance
As propostas deverão ser estruturadas para uma comunicação de 20 minutos, contendo no máximo 300 palavras. Devem, também, ser acompanhadas por uma curta biografia do(s) autor(es) (max. 150 palavras), que deve incluir a sua afiliação e informações de contacto. As propostas devem ser enviadas para pa.portuguesa2016@gmail.com até 25 de Abril de 2016. Os resultados serão enviados aos autores até ao dia 10 de Maio de 2016.
Os autores são convidados a apresentar um artigo original e não publicado anteriormente de 5000 palavras, em língua inglesa, para publicação (a enviar até 31 de Julho de 2016 e sujeito a um processo de revisão por pares).
Apesar de não podermos proporcionar ajudas de custo aos participantes, todos os autores estão isentos do pagamento das taxas de inscrição na conferência.