A PODA VIVA
Dublin Core
Título
A PODA VIVA
Criador
Aronavlis
Fonte
O Jornal de Cantanhede, n.º 136, pág. 2, col. 2, 3
Data
23-01-1892
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
Agora que todos os vinhedos da grande região bairradense se encontram nos últimos paroxismos, todos os remédios são poucos para atacar o terrível parasita — a filoxera. Certos de que o momento não poderá ser mais asado para a sua aplicação, e no intuito de fornecer aos experientes mais um elemento para os seus estudos, aí vai mais um Recipe que vimos de ler em uma folha da localidade, firmado pelo Sr. M. de Oliveira:
O assunto de que hoje tratamos é um dos mais importantes e dignos de atenção dos agricultores, por isso que o pleno desenvolvimento da videira e formação do cacho dependem em grande parte do que se chama — poda viva,— que consiste em cortar à planta, quando em vegetação, todos os rebentos prejudiciais, fazendo assim afluir a seiva aos cachos e lançamentos frutíferos. Os lançamentos estéreis, que rebentam frequentemente, do contra-olho, o lado oposto do lançamento frutífero, devem ser cortados com instrumento cortante perfeitamente' apurado, logo acima da segunda folha, porque, desta maneira, a seiva reflui aos ramos frutíferos, vigorizando-os. Quando os rebentos são ainda pequenos e tenros, podem cortar-se mesmo com a unha: Nos próprios lançamentos frutíferos é indispensável cortar a seguir à segunda folha, uns ramúsculos que não dão fruto; havendo, por este meio, uma grande economia de seiva, para cuja elaboração bastam as duas folhas restantes, aproveitando os cachos a seiva que se perde na parte espontada.
A poda viva abrange também o cacho, que lucra muito com ela, especialmente certos cachos esgalhados e de bagos miúdos, que se podem transformar em belos cachos fechados, cortando-se-lhes a ponta em tempo competente, isto é, quando os bagos forem atingindo um desenvolvimento regular. É também de grande utilidade a poda viva nas videiras plantadas ou mergulhadas, com especialidade nos primeiros dois anos, para assim, cortando-se-lhes todos os rebentos, à excepção do que fica no ponto mais alto, se auxiliar vantajosamente o seu desenvolvimento. Esta operação, neste caso, deve repetir-se mais do que uma vez. Com esta prática consegue-se que a planta se desenvolva vigorosamente, e chegue, logo no princípio do ano, aos cabeços da árvore que lhe serve de apoio, sendo esta ainda nova. Eis as vantagens que oferece a poda viva, que a experiência confirma, mas que os nossos agricultores tanto desprezam. Diremos ainda que os rebentos nascidos da vide velha são infrutíferos e devem ser cortados, menos um ou outro que seja preciso para vestir o ramo da árvore, ou latada, e, estes rebentos, só no ano seguinte produzem frutos depois de constituídos em varas novas. Fizemos pessoalmente a poda viva nas ramadas (latadas), e a das videiras em árvores, isto é, de enforcado, sob a nossa direcção, por ocasião das enxofras.
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O assunto de que hoje tratamos é um dos mais importantes e dignos de atenção dos agricultores, por isso que o pleno desenvolvimento da videira e formação do cacho dependem em grande parte do que se chama — poda viva,— que consiste em cortar à planta, quando em vegetação, todos os rebentos prejudiciais, fazendo assim afluir a seiva aos cachos e lançamentos frutíferos. Os lançamentos estéreis, que rebentam frequentemente, do contra-olho, o lado oposto do lançamento frutífero, devem ser cortados com instrumento cortante perfeitamente' apurado, logo acima da segunda folha, porque, desta maneira, a seiva reflui aos ramos frutíferos, vigorizando-os. Quando os rebentos são ainda pequenos e tenros, podem cortar-se mesmo com a unha: Nos próprios lançamentos frutíferos é indispensável cortar a seguir à segunda folha, uns ramúsculos que não dão fruto; havendo, por este meio, uma grande economia de seiva, para cuja elaboração bastam as duas folhas restantes, aproveitando os cachos a seiva que se perde na parte espontada.
A poda viva abrange também o cacho, que lucra muito com ela, especialmente certos cachos esgalhados e de bagos miúdos, que se podem transformar em belos cachos fechados, cortando-se-lhes a ponta em tempo competente, isto é, quando os bagos forem atingindo um desenvolvimento regular. É também de grande utilidade a poda viva nas videiras plantadas ou mergulhadas, com especialidade nos primeiros dois anos, para assim, cortando-se-lhes todos os rebentos, à excepção do que fica no ponto mais alto, se auxiliar vantajosamente o seu desenvolvimento. Esta operação, neste caso, deve repetir-se mais do que uma vez. Com esta prática consegue-se que a planta se desenvolva vigorosamente, e chegue, logo no princípio do ano, aos cabeços da árvore que lhe serve de apoio, sendo esta ainda nova. Eis as vantagens que oferece a poda viva, que a experiência confirma, mas que os nossos agricultores tanto desprezam. Diremos ainda que os rebentos nascidos da vide velha são infrutíferos e devem ser cortados, menos um ou outro que seja preciso para vestir o ramo da árvore, ou latada, e, estes rebentos, só no ano seguinte produzem frutos depois de constituídos em varas novas. Fizemos pessoalmente a poda viva nas ramadas (latadas), e a das videiras em árvores, isto é, de enforcado, sob a nossa direcção, por ocasião das enxofras.
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Ficheiros
Colecção
Citação
Aronavlis, “A PODA VIVA ”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 136, pág. 2, col. 2, 3, 23-01-1892. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 27 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1045.