Pragas nos Periódicos

VITICULTURA
Doença nova

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Título

VITICULTURA
Doença nova

Criador

S/ autor

Fonte

O Jornal de Cantanhede, n.º 272, pág. 3, col. 3, 4

Data

01-09-1894

Colaborador

Pedro Barros

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Lê-se na Vinha Portuguesa
A vinha está sendo uma planta de muito difícil sustentação, pelas muitas doenças que a acometem.
Ultimamente fala-se em França numa nova doença, conhecida pelo nome de gomose ou gilivure, devida a uma bactéria e que produz a seca dos pâmpanos e a morte da cepa.
Não se sabe, por ora, se é uma só doença, ou se as diferenças notáveis que apresenta, constituem duas doenças distintas. Continuam os estudos e informaremos os nossos leitores; podemos, porém, dizer, desde já, é que a doença é grave e pode destruir completamente uma colheita.
A cultura está exigindo muito cuidado e muito dinheiro para se colher uva com proveito, e precisa que os governos tomem sobre ela a devida atenção.

A enxertia da rupestris
Queixam-se muitos viticultores do falhar muito a enxertia na rupestres e explica-se este defeito pela abundância da seiva e sua concentração na ocasião da enxertia, e pela abundância de rebentos que lançam os troncos.
Há meios que se empregam para remediar este inconveniente. Vamos dar deles noticia.
Contra a acumulação de seiva sobre o garfo recomenda-se cortar o cavalo com 8 dias de antecipação. Depois enxerta-se pela forma ordinária, e diz-se que se tira bom resultado. Mesmo com o corte efectuado 2 dias antes da enxertia se tira algum bom efeito.

Contra o lançamento dos ladrões e novos rebentos descava-se a cepa, decepa-se à altura do solo, e esfrega-se com a mão para destruir os 19 gérmenes de toda a vegetação. Um outro operário segue atrás, e pinta o tronco descoberto com uma solução de acido sulfúrico (3 %). Com este tratamento assevera-se que se tiram bons resultados. Os resultados de enxertos pegados aproximam-se dos obtidos com as riparias, de 90 a 96 %.
Uma nova planta
Chama-se híbrido Frac uma nova planta obtida por M. Franc, que desde 1886 se diz resistir a todas as doenças criptogâmicas; muito vigorosa e produtiva, vegetando em terrenos pobres, pedregosos e calcários, e dando um vinho de boa qualidade e bela tinta. Vegeta bem no Cher, onde tem sido propagada pelos viticultores, por ser de uma vegetação luxuriante, e livre de desavinho. Vinga todos os cachos, que são de tamanho variável e muito abundantes e de maturação mais precoce que tardia.
Dá um vinho muito tinto, bom gosto, com 10 a 11 graus de álcool. Não tem sido atacada de qualquer doença criptogâmica e, rodeada de vinhas filoxeradas, resiste, tendo forte vegetação em terrenos de calcário seco, pedregosos, contendo 40 a 50 % de carbonato de cal.
É uma cepa muito rústica, produz bem; e pega bem de estaca. Pode ser também empregada como cavalo e adapta-se a qualquer género de poda.
Esta planta, que nos parece de valor, foi colhida de uma sementeira de Rupestris.

Ficheiros

Citação

S/ autor, “VITICULTURA
Doença nova
”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 272, pág. 3, col. 3, 4 , 01-09-1894. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1093.

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