Pragas nos Periódicos

CARTAS DA MONTANHA
Tondela, 12 de Julho de 1896.

Dublin Core

Título

CARTAS DA MONTANHA
Tondela, 12 de Julho de 1896.

Criador

E. Duarte

Fonte

O Jornal de Cantanhede, n.º 370, pág. 2, col. 1, 2

Data

18-07-1896

Colaborador

Pedro Barros

Text Item Type Metadata

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Conversa-se com os proprietários e viticultores, e nota-se um grande desânimo em toda a linha.
É o caso que as vinhas este ano apresentam muitas cepas definhadas, com as folhas manchadas de vermelho ou de amarelo e mais ou menos secas no meio da sua orla e no meio dessas manchas.
Estes caracteres de crestadura aparecem quase geralmente, mas de preferência nas vinhas tratadas pela calda bordelesa.
A propósito destes factos, que entre a gente do campo estão constituindo a ordem do dia há vivas discussões e largos comentários.
Entre o povo rude das aldeias predomina, porém a ideia de que o estado das vinhas é devido à aplicação do sulfato de cobre, que se julga falsificado.
Esta opinião parece-nos errónea.
Os sintomas, que acima descrevi, denunciam, a meu ver, a existência de uma causa muito diversa.
Em vista dos sinais de enfraquecimento, que as vinhas apresentam, creio que estamos em presença de uma nova doença. A maromba? O mal-nero?
Não sei, mas convém esclarecer o caso. Convém esclarecê-lo por muitos motivos e principalmente porque radicada no espírito desta pobre gente a ideia de que o mal provém da calda bordelesa, no ano próximo ninguém aplicará o sulfato de cobre.
Deste modo, no intuito de evitar um mal grande, o povo cairá noutro maior, porque não usando daquele meio preventivo, será fatal a invasão do míldio que tantos estragos causou nos anos anteriores.
Ora é por causa de combater estes erros e fazer a luz no cérebro espesso da gente dos campos, que eu, ainda há pouco acabei de escrever um artigo, destinado a um jornal da especialidade, sugerindo aos poderes públicos a ideia da criação de Escolas móveis de agricultura.
O meu alvitre não é irrealizável e a necessidade de pô-lo em prática está demonstrada até pelos factos que constituem o assunto desta minha carta.
Não julguem, porém, os leitores que me iludo sobre o caso que os poderes públicos hão-de fazer do meu artigo.
Não me iludo, não, senhores. Nas altas regiões oficiais não se cura bagatelas, nem se dá ouvidos a escrevinhadores obscuros e insipientes. O mal-nero ou a maromba podem continuar à sua vontade.
(…)

Ficheiros

Citação

E. Duarte, “CARTAS DA MONTANHA
Tondela, 12 de Julho de 1896.
”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 370, pág. 2, col. 1, 2 , 18-07-1896. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 29 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1118.

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