UMA PRAGA DEVASTADORA

UMA PRAGA DEVASTADORA

S/ autor

O Jornal de Cantanhede, n.º 1304, pág. 3, col. 2

13-06-1914

Pedro Barros

Uma nuvem de gafanhotos invadiu os campos de Coruche, facto para que no Senado foi chamada a atenção do Sr. ministro do fomento, afim de que sejam tornadas as devidas providências tendentes a extinguir aquela praga devastadora, terror dos agricultores que ela por acaso visite. Essa praga tão só devasta as plantações e sementeiras onde poisa, mas alia desova também, enterrando as ovígeras a uma profundidade que vai, até 10 centímetros. Ao fim de cerca de 15 dias, de cada ovígera, isto é, de cada ovo nascem de 50 a 100 saltões que na sua primeira fase são terrivelmente devastadores. Essa bicharias reunindo-se, chega a constituir verdadeiras nuvens de grande extensão e largura, fazendo percursos de muitos quilómetros ao dia, sempre na direcção do vento. No dia 27 do mês findo foram ali apanhadas 20 arrobas de gafanhotos.