ASSUNTOS AGRÍCOLAS

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

João Policarpo Freire de Campos

Damião de Goes, 11º Ano, nº 558, p. 2.

06-09-1896

Leonardo Aboim Pires

Tratamento do dr. Rassignier contra a clorose das vinhas
Já aqui viemos dar conhecimento d’um assunto de tão elevada importância para a viticultura, sob o ponto de vista económico, julgamo-nos agora obrigados a dar o devido conhecimento aos nossos leitores de todos os factos, que lhe digam respeito, para que assim fiquem bem informados sobre as vantagens do tratamento preconizado pelo dr. Rassignier para combater a clorose das vinhas.
A crónica agrícola do Journal d’Agriculture Pratique, de 27 de Agosto último, dá a publicidade de uma carta de M. Eugène Bordry, e a propósito retifica um erro, que saiu na comunicação feita pelo sr. C. Louet, a que nos referimos no nosso último artigo.
Diz o sr. Bordry na sua carta, a propósito do que referiu o sr. Louet, que também ensaiou o tratamento em questão, em cepas de 8 e 9 anos de idade, muito atacadas de clorose e já por ele sentenciadas a serem arrancadas e substituídas por outras, e que os resultados obtidos não foram além da expectativa.
Longe de notar qualquer enfraquecimento na vegetação das plantas, no desabrochar dos botões do tronco principal da cepa, pelo contrário todas elas se exibiram fortes, vigorosas e de excelente vegetação. Apenas uma ou outra folha denotavam leves traços de clorose, que, de certo, desapareceram sob a ação de um segundo tratamento.
Diz mais o sr. Bordry, que a caiação foi feita por igual em todas as partes de cada cepa, em quantidade e sem receio de o aplicar, e que a descoberta do sr. Rassignier prestará relevantes serviços na reconstituição das vinhas em terrenos argilo-calcários.
O erro retificado pelo sr. A. de Céris, autor da crónica agrícola acima citada, refere-se à percentagem em que entra o sulfato de ferro na solução empregada no tratamento das vinhas; percentagem que o sr. Louet dizia na sua comunicação ser de 50 kilogramas daquele sal para 50 litros de água, e que, por erro tipográfico, saiu impresso para 100 litros de água.
Como se sabe, semelhante solução deve conter, pela sua concentração demasiada, muitos cristais não dissolvidos, que produziram os efeitos desastrosos de que se queixou aquele vinhateiro, mas de que ele foi o único culpado, por não ter seguido as proporções prescritas pelo dr. Rassignier que, como dissemos no nosso primeiro artigo, são de 35 kilogramas de sulfato de ferro para 70 litros de água, o que equivale a uma percentagem de 50%.