Atentados contra os pesquisadores do filoxera
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Título
Atentados contra os pesquisadores do filoxera
Criador
S/autor
Fonte
O Manuelinho de Évora, Ano III, nº 137, p. 1.
Data
04-09-1883
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Refere O Jornal do Comércio de 30 do mês passado:
«Alguns colegas narram hoje que dois pesquisadores do filoxera, no concelho de Reguengos, estando a fazer a ceia ao luar, ouviram dois tiros perto de si; e acrescentam que era com intenção de matar os homens.
Nós não vamos tão longe. Pensamos que foi simplesmente para os amedrontar. Todos sabem quanto os proprietários embirram que qualquer lhes ande a devassar a vinha, desde que o bago começa a pintar. Ora, no momento presente, não só já pintou há muito tempo, mas até deve estar maduro naqueles soberbos vinhedos de Reguengos.
É também certo que, com o calor que tem eito, devem de vez em quando secar-se as goelas aos pesquisadores: e, como o sumo de uva refresca, não é de admirar que eles façam o que nós faríamos, se estivéssemos no seu caso: e bagam aqui e acolá; e para as horas da comida metem na sacola alguns fermampires, trincadeiras e roupeiros.
[…]
Provavelmente, o que deu os tiros é algum guarda da vinha, desconfiado, matreiro e zeloso do seu ofício.
[…]
É inquestionável que há lavradores bisonhos, que oferecem relutância em deixar qualquer estranho devassar, como eles dizem, o que é seu, em nome de um benefício que lhes pretendem fazer. É isso comum nas classes rurais de todas as nações, e, a propósito do filoxera, está acontecendo o mesmo em toda a parte.
Mas, quando pela centésima vez se queixarem da pouca boa vontade dos lavradores descrentes, não se esqueça, de mencionar os que revem de braços abetos os encarregados de lhes fazer bem, não omitam que muitos deles lhes facilitam por vários modos o cumprimento da sua missão, creiam que não é fazendo vibrar constantemente aquela corda sonora que melhor podem evidenciar o espinhoso da sua missão. Esta é já de si dificílima; e tenham por certo que os que estão no caso de poder avaliar estas coisas, estão perfeitamente convencidos de que todos têm feito o seu dever no serviço de combate contra o filoxera. Mas as armas são desiguais; o inimigo é muito valente e astucioso, e as forças de que se pode dispor dão apenas para combates parciais, cheios de incertezas e, portanto, muitas vezes sem resultado.»
«Alguns colegas narram hoje que dois pesquisadores do filoxera, no concelho de Reguengos, estando a fazer a ceia ao luar, ouviram dois tiros perto de si; e acrescentam que era com intenção de matar os homens.
Nós não vamos tão longe. Pensamos que foi simplesmente para os amedrontar. Todos sabem quanto os proprietários embirram que qualquer lhes ande a devassar a vinha, desde que o bago começa a pintar. Ora, no momento presente, não só já pintou há muito tempo, mas até deve estar maduro naqueles soberbos vinhedos de Reguengos.
É também certo que, com o calor que tem eito, devem de vez em quando secar-se as goelas aos pesquisadores: e, como o sumo de uva refresca, não é de admirar que eles façam o que nós faríamos, se estivéssemos no seu caso: e bagam aqui e acolá; e para as horas da comida metem na sacola alguns fermampires, trincadeiras e roupeiros.
[…]
Provavelmente, o que deu os tiros é algum guarda da vinha, desconfiado, matreiro e zeloso do seu ofício.
[…]
É inquestionável que há lavradores bisonhos, que oferecem relutância em deixar qualquer estranho devassar, como eles dizem, o que é seu, em nome de um benefício que lhes pretendem fazer. É isso comum nas classes rurais de todas as nações, e, a propósito do filoxera, está acontecendo o mesmo em toda a parte.
Mas, quando pela centésima vez se queixarem da pouca boa vontade dos lavradores descrentes, não se esqueça, de mencionar os que revem de braços abetos os encarregados de lhes fazer bem, não omitam que muitos deles lhes facilitam por vários modos o cumprimento da sua missão, creiam que não é fazendo vibrar constantemente aquela corda sonora que melhor podem evidenciar o espinhoso da sua missão. Esta é já de si dificílima; e tenham por certo que os que estão no caso de poder avaliar estas coisas, estão perfeitamente convencidos de que todos têm feito o seu dever no serviço de combate contra o filoxera. Mas as armas são desiguais; o inimigo é muito valente e astucioso, e as forças de que se pode dispor dão apenas para combates parciais, cheios de incertezas e, portanto, muitas vezes sem resultado.»
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “Atentados contra os pesquisadores do filoxera”. In O Manuelinho de Évora, Ano III, nº 137, p. 1., 04-09-1883. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1379.