A VINHA NO ALENTEJO
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Título
A VINHA NO ALENTEJO
Criador
S/autor
Fonte
O Manuelinho de Évora, Ano V, nº 251, p. 1.
Data
10-11-1885
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Concurso vitícola em 1885
O concurso foi organizado pela comissão anti filoxérica do sul, em Janeiro do ano corrente, a fim de se conhecer o grau de aperfeiçoamento da viticultura, e os trabalhos de defesa e prevenção contra a filoxera, postos em prática pelos proprietários das regiões invadidas por este mal.
Anunciado largamente, só dois viticultores se apresentaram a propor o exame das suas propriedades, os srs. Edmond Bartissol e dr. António Maria de Carvalho, o primeiro pondo à disposição da comissão a propriedade real do Pinheiro, hoje sua, por a ter comprado à casa de Bragança por 34 000$000, o segundo a propriedade do Mello, situada pouco mais de um quilómetro da estação de Torres Novas.
É realmente para lamentar que num país onde o número de viticultores é crescidíssimo só estes dois cavalheiros acedessem ao convite da ilustre comissão anti-filoxérica.
Os concursos agrícolas concorrem em toda a parte para o adiantamento progressivo da agricultura: por eles se conhecem as boas práticas, se descrevem as propriedades bem dirigidas e se mostra aos mais atrasados e ignorantes o caminho que têm a seguir para bem explorar a terra; são enfim, como nota a ilustre comissão, um elemento de propaganda, de estímulo, que se traduz em progresso e utilidade prática.
Especialmente no meio dia da França estes concursos vitícolas têm sido uma das coisas mais poderosas do caminhar rápido e seguro da reconstrução dos vinhedos destruídos.
Os concursos servem para recomendar a atenção dos viticultores, como observa excelentemente o júri ora nomeado pela comissão anti-filoxérica, e por em completa evidência todos os progressos que a ciência, a prática e a observação tem podido por em ação, depois de cuidadosamente examinados, como o fazem os viticultores mais adiantados.
[…]
O relatório que recebemos e muito agradecemos publica largas notícias sobre as duas propriedades, a do Pinheiro e a do Mello. Extratamos em seguida o que nos parece mais interessante.
(Propriedade do Pinheiro)
[…]
Os trabalhos vinícolas já realizados merecem uma especial menção, não só por demonstrarem a possibilidade de criar excelentes vinhas em terras onde esta cultura era julgada impraticável, mas ainda pelo modo distinto e desusado no nosso país, como tem sido estabelecido este extenso vinhedo.
Por isso o júri do concurso julga dever conferir ao sr. Edmond Bartissol o primeiro prémio a que se refere o programa que regulariza este concurso.
Seguem-se as razões que justificam o prémio, entre as quais figuram a plantação da vinha em charnecas consideradas impróprias para qualquer cultura: em pauis alagados, insalubres e improdutivos, em terrenos cultivados de arroz, não menos insalubres; o aperfeiçoamento dos granjeios dados às plantas; emprego de alfaias, que barateiam a mão-de-obra; direção inteligente dada à cultura, segundo os mais aperfeiçoados processos; plantação da vinha americana, estabelecendo vinhedos resistentes ao filoxera, etc.
(Propriedade do Mello)
[…]
O júri, examinando os trabalhos realizados na quinta do Carril e casal de S. Pedro, apreciando o estado magnífico das plantas, podas e empas apropriadas, a abundância de produção mantida pelas estrumações convenientes em terras relativamente fracas, apreciando os trabalhos empreendidos e o sistema, a luta traçada para a defesa das vinhas filoxeradas, tendo em grande conta a transformação dos vinhedos fracos e pouco produtivos por castas puras e de boa qualidade, bem como a introdução de cultura de boas cepas estrangeiras, e finalmente louvando o modo como é dirigida a exploração, o júri entende que deve ser conferido ao ilustre viticultor António Maria de Carvalho o diploma de distinção, a que se refere o regulamento deste concurso.
[…]
(Do Correio da Manhã)
O concurso foi organizado pela comissão anti filoxérica do sul, em Janeiro do ano corrente, a fim de se conhecer o grau de aperfeiçoamento da viticultura, e os trabalhos de defesa e prevenção contra a filoxera, postos em prática pelos proprietários das regiões invadidas por este mal.
Anunciado largamente, só dois viticultores se apresentaram a propor o exame das suas propriedades, os srs. Edmond Bartissol e dr. António Maria de Carvalho, o primeiro pondo à disposição da comissão a propriedade real do Pinheiro, hoje sua, por a ter comprado à casa de Bragança por 34 000$000, o segundo a propriedade do Mello, situada pouco mais de um quilómetro da estação de Torres Novas.
É realmente para lamentar que num país onde o número de viticultores é crescidíssimo só estes dois cavalheiros acedessem ao convite da ilustre comissão anti-filoxérica.
Os concursos agrícolas concorrem em toda a parte para o adiantamento progressivo da agricultura: por eles se conhecem as boas práticas, se descrevem as propriedades bem dirigidas e se mostra aos mais atrasados e ignorantes o caminho que têm a seguir para bem explorar a terra; são enfim, como nota a ilustre comissão, um elemento de propaganda, de estímulo, que se traduz em progresso e utilidade prática.
Especialmente no meio dia da França estes concursos vitícolas têm sido uma das coisas mais poderosas do caminhar rápido e seguro da reconstrução dos vinhedos destruídos.
Os concursos servem para recomendar a atenção dos viticultores, como observa excelentemente o júri ora nomeado pela comissão anti-filoxérica, e por em completa evidência todos os progressos que a ciência, a prática e a observação tem podido por em ação, depois de cuidadosamente examinados, como o fazem os viticultores mais adiantados.
[…]
O relatório que recebemos e muito agradecemos publica largas notícias sobre as duas propriedades, a do Pinheiro e a do Mello. Extratamos em seguida o que nos parece mais interessante.
(Propriedade do Pinheiro)
[…]
Os trabalhos vinícolas já realizados merecem uma especial menção, não só por demonstrarem a possibilidade de criar excelentes vinhas em terras onde esta cultura era julgada impraticável, mas ainda pelo modo distinto e desusado no nosso país, como tem sido estabelecido este extenso vinhedo.
Por isso o júri do concurso julga dever conferir ao sr. Edmond Bartissol o primeiro prémio a que se refere o programa que regulariza este concurso.
Seguem-se as razões que justificam o prémio, entre as quais figuram a plantação da vinha em charnecas consideradas impróprias para qualquer cultura: em pauis alagados, insalubres e improdutivos, em terrenos cultivados de arroz, não menos insalubres; o aperfeiçoamento dos granjeios dados às plantas; emprego de alfaias, que barateiam a mão-de-obra; direção inteligente dada à cultura, segundo os mais aperfeiçoados processos; plantação da vinha americana, estabelecendo vinhedos resistentes ao filoxera, etc.
(Propriedade do Mello)
[…]
O júri, examinando os trabalhos realizados na quinta do Carril e casal de S. Pedro, apreciando o estado magnífico das plantas, podas e empas apropriadas, a abundância de produção mantida pelas estrumações convenientes em terras relativamente fracas, apreciando os trabalhos empreendidos e o sistema, a luta traçada para a defesa das vinhas filoxeradas, tendo em grande conta a transformação dos vinhedos fracos e pouco produtivos por castas puras e de boa qualidade, bem como a introdução de cultura de boas cepas estrangeiras, e finalmente louvando o modo como é dirigida a exploração, o júri entende que deve ser conferido ao ilustre viticultor António Maria de Carvalho o diploma de distinção, a que se refere o regulamento deste concurso.
[…]
(Do Correio da Manhã)
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “A VINHA NO ALENTEJO”. In O Manuelinho de Évora, Ano V, nº 251, p. 1., 10-11-1885. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 27 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1398.