Pragas nos Periódicos

CONTRA O MÍLDIO

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Título

CONTRA O MÍLDIO

Criador

S/autor

Fonte

O Manuelinho de Évora, Ano XV, nº 733, p. 2.

Data

16-06-1895

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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No intuito de bem servir a causa da agricultura, a Real Associação Central de Agricultura Portuguesa já divulgou uma circular sobre o tratamento do míldio, principalmente destinada aos pequenos viticultores que, como no Minho, têm desprezado o tratamento das vinhas com os preparados de cobre, na suspeição de que envenena a produção das cepas.
O documento que a seguir transcrevemos, porque julgamos ser muito conveniente divulgar, é escrito em termos compreensíveis e simples e perfeitamente ao alcance da generalidade dos nossos pequenos produtores vinícolas.
«Lavradores, vinhateiros, sócios desta real associação que usam há alguns anos no amanho das suas vinhas, dos pós e das caldas azuis (Sulfato de cobre, caparrosa azul) e outros, não podem deixar de vir dizer aos vinhateiros do país, que por sua desgraça o não saibam, que é esse o único remédio contra a moléstia que faz cair a parra e muitas vezes o cacho. Devem usar estes remédios sem medo, porque bebendo desse vinho de uvas assim tratadas há tantos anos os vinhateiros que isto escreveram nunca sentiram a mais pequena doença. Nem os seus gastos morreram, comendo pasto e erva e a própria parra toda salpicada de remédio. Um lavrador sustentou, durante três meses, vinte carneiros com erva regada com essa calda azul sem estes sofrerem nada. Lavradores do Alentejo, Estremadura, Beira e Minho, têm experimentado do mesmo modo e sempre sem maus resultados.
Quando os compradores de vinho, que o querem é o vinho barato, vos disserem o contrário disto, dizei-lhes que um grande comprador do Porto chamado Companhia Vinícola, deu ordem aos seus caixeiros para só comprarem vinho de uvas tratadas.
Dizei-lhes também que nós lavradores, que muito amor temos às nossas saúdes, aos nossos vinhas e vinhos e aos nossos gados, lançamos sempre sem medo esses pós e essas caldas azuis às nossas cepas, porque se tal não fizéssemos, em três anos morria a videira, e durante esse tempo pouco ou nenhum vinho teríamos e esse pouco seria volteiro e mau.
[…]
Por isso repetimos:
Os tratamentos contra o míldio não envenenam a uva, nem o vinho, nem os pastos sobre que caem.
Se não se aplicar o tratamento antes de aparecer a moléstia, e também depois, vem não só a diminuição ou perda de novidade mas ainda, a que escape, é de vinho ruim.

Maio, 1895.»

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Citação

S/autor, “CONTRA O MÍLDIO”. In O Manuelinho de Évora, Ano XV, nº 733, p. 2., 16-06-1895. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1446.

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