PELA AGRICULTURA
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Título
PELA AGRICULTURA
Criador
José Veríssimo de Almeida
Fonte
O Manuelinho de Évora, Ano XVIII, nº 866, p. 2.
Data
08-05-1898
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Doença nos trigos
(Continuado do nº anterior)
[…] Os cuidados do lavrador limitam-se:
1º A mudar de cultura. O inseto só ataca o trigo, e além disso é pouco voador, e não vai muitos metros além do ponto em que nasceu. Semear milho na deslavra do trigo atacado, parece boa prática.
2º Queimar os restolhos ou os pés atacados na primavera. Destroem-se assim as ninfas e consequentemente impede-se a formação de uma nova geração.
Esta última prática é difícil e deve ser dispendiosa. As ninfas, enterradas com os pés de trigo doentes e com o restolho não chegarão a inseto alado? Não sei; se a observação mostrar que com a lavra se impede a evolução da ninfa, torna-se inútil a queima. Há toda a conveniência em verificar o facto; seja-me porém licito duvidar da eficácia do processo, e por mais de um motivo.
Diz um lavrador ribatejano que a calamidade se tem observado em maior grau no trigo Noé, que há quatro anos ali semeiam por dar maior número de sementes. Dado o estado de limpeza dos trigos importados para semente, não parece provável que fosse o Noé o importador do flagelo; é certo porém que se alguns troçositos do colmo viessem da mistura com a semente, algumas ninfas poderiam ter sido igualmente transportadas com o trigo Noé ou qualquer outro trigo importado em maior quantidade.
Como quer que fosse, os agricultores deviam de há muito estar precavidos contra as importações; delas têm vindo os modernos flagelos que assolam as culturas.
[…]
(Continuado do nº anterior)
[…] Os cuidados do lavrador limitam-se:
1º A mudar de cultura. O inseto só ataca o trigo, e além disso é pouco voador, e não vai muitos metros além do ponto em que nasceu. Semear milho na deslavra do trigo atacado, parece boa prática.
2º Queimar os restolhos ou os pés atacados na primavera. Destroem-se assim as ninfas e consequentemente impede-se a formação de uma nova geração.
Esta última prática é difícil e deve ser dispendiosa. As ninfas, enterradas com os pés de trigo doentes e com o restolho não chegarão a inseto alado? Não sei; se a observação mostrar que com a lavra se impede a evolução da ninfa, torna-se inútil a queima. Há toda a conveniência em verificar o facto; seja-me porém licito duvidar da eficácia do processo, e por mais de um motivo.
Diz um lavrador ribatejano que a calamidade se tem observado em maior grau no trigo Noé, que há quatro anos ali semeiam por dar maior número de sementes. Dado o estado de limpeza dos trigos importados para semente, não parece provável que fosse o Noé o importador do flagelo; é certo porém que se alguns troçositos do colmo viessem da mistura com a semente, algumas ninfas poderiam ter sido igualmente transportadas com o trigo Noé ou qualquer outro trigo importado em maior quantidade.
Como quer que fosse, os agricultores deviam de há muito estar precavidos contra as importações; delas têm vindo os modernos flagelos que assolam as culturas.
[…]
Ficheiros
Colecção
Citação
José Veríssimo de Almeida , “PELA AGRICULTURA”. In O Manuelinho de Évora, Ano XVIII, nº 866, p. 2., 08-05-1898. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1463.