SECÇÃO AGRÍCOLA
Dublin Core
Título
SECÇÃO AGRÍCOLA
Criador
Um lavrador da terra quente
Fonte
O Nordeste, 7º Ano, nº 324, pp. 1-2.
Data
20-08-1895
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Crónica vitícola e vinícola
Mau ano para a vinha o que vai decorrendo nestas insólitas alternativas de ventos, golpes de calor, orvalhos matinais e chuviscos mínimos.
O viticultor assusta-se e desalenta; mas o taberneiro vai se governando, ao passo que produz uma transformação no paladar português.
A antiga taberna lusitana desapareceu; aumentam, porém, as tinturarias enotóxicas por todos os recantos do país, funcionando à luz do dia e às vistas de um novo patarata.
[…]
Enquanto as doenças da vinha a orientação é extra genial. Ao passo que lá fora se reúnem os viticultores, em excursões pelas regiões vitícolas, para examinarem os efeitos das doenças criptogâmicas e tomar conhecimento desse cortejo tétrico de doenças parasitárias, a que a cepa está sujeita aqui, nesta terra de pantana, não vale a pena pensar em tal!
Mas para que precisa a gente preocupar-se com a nosologia vegetal?!
Pois se há apenas uma única doença, cumulativamente parasitária, contagio a acidental, hereditária e meteorológica!
Todo o transmontano a conhece.
É o «relampo»!
Isto é como quem diz que – filoxera, oídio, míldio, antracnose, black-rot, mal negro (maromba), melanose, erinose, podridão, clorose, mal rubro, crestadura, etc., etc., etc., e o mais que não digo para não rebentar de riso o sábio do «relampo» - são tudo fantasias pitorescas de cabeças doidas!
[…]
Tens, pois, caro patrício, de tomares relações com um agrónomo, o que te custa dinheiro, e de comprares um pulverizador, o que te não fica barato.
Lembra-te, porém, que estás irremediavelmente perdido se isto não fizeres.
Ris-te?
Pois vou fazer-te chorar.
Tens que estar constantemente prevenido com o sulfato de cobre, sulfato de ferro e cal; e isto também te custa dinheiro.
Com estes ingredientes tens que preparar umas caldas que são lançadas nos batatais, nas vinhas e nas árvores de fruto, repetidas vezes, e antes que as doenças criptogâmicas apareçam.
Isto é se queres colher alguma coisa e não perderes o teu tempo e o teu dinheiro.
Olha que o «relampo» é apenas uma invenção chocha da ignorância preguiçosa. […]
Para combateres eficazmente o míldio e o black-rot tens que empregar a seguinte fórmula, que tem dado bons resultados:
Sulfato de cobre – 2 kilos
Cal gorda em pedra – 0,5 kilo.
Para a preparação da calda procura o nº 316 de «O Nordeste», de 22 de Junho de 1895.
E fica sabendo que se vão pondo de parte as caldas básicas ou neutras, em virtude de não terem dado tão bons resultados como as ácidas.
Por isso tu vais diminuir, na fórmula, a cal, ficando a dose do sulfato de cobre a mesma.
Emprega-se também os pós cúpricos e a sulfosteatite, sobre os cachos, e à farta.
E não te assustes, quando tiveres consciência de que trataste as tuas vinhas a tempo e horas.
[…]
Mau ano para a vinha o que vai decorrendo nestas insólitas alternativas de ventos, golpes de calor, orvalhos matinais e chuviscos mínimos.
O viticultor assusta-se e desalenta; mas o taberneiro vai se governando, ao passo que produz uma transformação no paladar português.
A antiga taberna lusitana desapareceu; aumentam, porém, as tinturarias enotóxicas por todos os recantos do país, funcionando à luz do dia e às vistas de um novo patarata.
[…]
Enquanto as doenças da vinha a orientação é extra genial. Ao passo que lá fora se reúnem os viticultores, em excursões pelas regiões vitícolas, para examinarem os efeitos das doenças criptogâmicas e tomar conhecimento desse cortejo tétrico de doenças parasitárias, a que a cepa está sujeita aqui, nesta terra de pantana, não vale a pena pensar em tal!
Mas para que precisa a gente preocupar-se com a nosologia vegetal?!
Pois se há apenas uma única doença, cumulativamente parasitária, contagio a acidental, hereditária e meteorológica!
Todo o transmontano a conhece.
É o «relampo»!
Isto é como quem diz que – filoxera, oídio, míldio, antracnose, black-rot, mal negro (maromba), melanose, erinose, podridão, clorose, mal rubro, crestadura, etc., etc., etc., e o mais que não digo para não rebentar de riso o sábio do «relampo» - são tudo fantasias pitorescas de cabeças doidas!
[…]
Tens, pois, caro patrício, de tomares relações com um agrónomo, o que te custa dinheiro, e de comprares um pulverizador, o que te não fica barato.
Lembra-te, porém, que estás irremediavelmente perdido se isto não fizeres.
Ris-te?
Pois vou fazer-te chorar.
Tens que estar constantemente prevenido com o sulfato de cobre, sulfato de ferro e cal; e isto também te custa dinheiro.
Com estes ingredientes tens que preparar umas caldas que são lançadas nos batatais, nas vinhas e nas árvores de fruto, repetidas vezes, e antes que as doenças criptogâmicas apareçam.
Isto é se queres colher alguma coisa e não perderes o teu tempo e o teu dinheiro.
Olha que o «relampo» é apenas uma invenção chocha da ignorância preguiçosa. […]
Para combateres eficazmente o míldio e o black-rot tens que empregar a seguinte fórmula, que tem dado bons resultados:
Sulfato de cobre – 2 kilos
Cal gorda em pedra – 0,5 kilo.
Para a preparação da calda procura o nº 316 de «O Nordeste», de 22 de Junho de 1895.
E fica sabendo que se vão pondo de parte as caldas básicas ou neutras, em virtude de não terem dado tão bons resultados como as ácidas.
Por isso tu vais diminuir, na fórmula, a cal, ficando a dose do sulfato de cobre a mesma.
Emprega-se também os pós cúpricos e a sulfosteatite, sobre os cachos, e à farta.
E não te assustes, quando tiveres consciência de que trataste as tuas vinhas a tempo e horas.
[…]
Ficheiros
Colecção
Citação
Um lavrador da terra quente, “SECÇÃO AGRÍCOLA”. In O Nordeste, 7º Ano, nº 324, pp. 1-2., 20-08-1895. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 14 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1504.