Os estragos da Porthesia chrysorroea nas árvores de Outeiro e arredores
Dublin Core
Título
Os estragos da Porthesia chrysorroea nas árvores de Outeiro e arredores
Criador
António de Moura Pegado
Fonte
O Nordeste, 18º Ano, nº 948, p. 1.
Data
09-08-1905
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Vimos hoje chamar a atenção dos lavradores deste concelho para um flagelo que ameaça destruir as poucas árvores que ainda nos restam.
Referimo-nos aos grandes prejuízos que, na região de Outeiro, limite deste concelho, tem causado o inseto Porthesia chrysorroea (L.) God. que na forma larvar destrói os novos rebentos e folhas de árvores em que se alimenta.
Os ciclos evolutivos da vida deste inseto desdobram-se pelo seguinte modo:
Do ovo nasce, no princípio da primavera uma larva, que vai comendo, na árvore onde se fixa, sucessivamente as novas folhas e rebentos à medida que vão crescendo. A larva atinge o seu estado adulto em meados de Julho, começando então a fabricar o casulo, cessando desde então, é claro, os estragos na vegetação da árvore. A crisálida transforma-se em borboleta na segunda quinzena de Julho, fase em que evidentemente se efetua a postura.
Os ovos atravessam todo o inverno para originar a larva na primavera seguinte.
Rapidez da invasão – os casulos onde a larva se metamorfoseia em crisálida reúnem-se em colónias nos extremos dos mais delgados ramos da árvore invadida. Cada colónia de casulos pode conter até 40, sendo frequente encontrar colónias de 30 e 35. Sabendo-se que cada casulo origina uma borboleta e que a borboleta tem a sua postura de muitos centos de ovos, por aqui se pode ver a rapidez de propagação deste tão nocivo inseto.
Área já invadida – este inseto já produziu estragos por vezes em diversos pontos do distrito, nomeadamente no concelho de Vinhais onde foi preciso cortar e destruir os ramos da árvores atacadas. Atualmente a área invadida pelo inseto abrange os termos de Outeiro, Paçó, Pinelo, Argozelo, Coelhoso, Quinta de Vale da Pena, etc., compreendendo uma circunferência de 9 a 10 léguas.
Se as condições do meio continuarem a favorecer a vida do referido inseto, em breve veremos todo o norte do país com as suas árvores frutíferas apresentando o desolador aspeto das da região de Outeiro.
Meio de combater o inseto – o inseto pode ser destruído na forma larvar por substâncias tóxicas voláteis como são o sulfureto de carbónio, etc.
Este processo não o aconselhamos porque é caro e de difícil e perigosa aplicação.
O meio de destruição do inseto mais fácil, económico e eficaz, consiste em cortar e queimar as colónias de casulos, aguardando, pois a época em que o inseto está na forma de crisálida (por toda a segunda quinzena de Julho).
Para tal prática urge absolutamente recorrer a umas tesouras de poda, usadas para as árvores de ornamentação e que pelo comprimento da vara em que estão adaptadas, permitem cortar somente o ramo em que se encontra a colónia de casulos, evitando assim excessivas e prejudiciais mutilações na árvore que seriam indispensáveis sem o referido instrumento da poda. Cá não existe tal utensílio agrícola e por isso era de grande vantagem que o governo interferisse sobre este assunto que é de alta importância para a agricultura deste distrito.
Não se pode contar com a iniciativa dos lavradores daquela região porque estão atualmente convencidos de que o único eficaz meio de combater o inseto é o esconjuro.
Os prejuízos causados sobre castanheiros, macieiras, cerejeiras, carvalhos, etc., são importantes, determinando como consequência imediata, nas árvores de fruto, a perda do fruto do ano e mais tarde um progressivo enfraquecimento que conduz à morte.
Referimo-nos aos grandes prejuízos que, na região de Outeiro, limite deste concelho, tem causado o inseto Porthesia chrysorroea (L.) God. que na forma larvar destrói os novos rebentos e folhas de árvores em que se alimenta.
Os ciclos evolutivos da vida deste inseto desdobram-se pelo seguinte modo:
Do ovo nasce, no princípio da primavera uma larva, que vai comendo, na árvore onde se fixa, sucessivamente as novas folhas e rebentos à medida que vão crescendo. A larva atinge o seu estado adulto em meados de Julho, começando então a fabricar o casulo, cessando desde então, é claro, os estragos na vegetação da árvore. A crisálida transforma-se em borboleta na segunda quinzena de Julho, fase em que evidentemente se efetua a postura.
Os ovos atravessam todo o inverno para originar a larva na primavera seguinte.
Rapidez da invasão – os casulos onde a larva se metamorfoseia em crisálida reúnem-se em colónias nos extremos dos mais delgados ramos da árvore invadida. Cada colónia de casulos pode conter até 40, sendo frequente encontrar colónias de 30 e 35. Sabendo-se que cada casulo origina uma borboleta e que a borboleta tem a sua postura de muitos centos de ovos, por aqui se pode ver a rapidez de propagação deste tão nocivo inseto.
Área já invadida – este inseto já produziu estragos por vezes em diversos pontos do distrito, nomeadamente no concelho de Vinhais onde foi preciso cortar e destruir os ramos da árvores atacadas. Atualmente a área invadida pelo inseto abrange os termos de Outeiro, Paçó, Pinelo, Argozelo, Coelhoso, Quinta de Vale da Pena, etc., compreendendo uma circunferência de 9 a 10 léguas.
Se as condições do meio continuarem a favorecer a vida do referido inseto, em breve veremos todo o norte do país com as suas árvores frutíferas apresentando o desolador aspeto das da região de Outeiro.
Meio de combater o inseto – o inseto pode ser destruído na forma larvar por substâncias tóxicas voláteis como são o sulfureto de carbónio, etc.
Este processo não o aconselhamos porque é caro e de difícil e perigosa aplicação.
O meio de destruição do inseto mais fácil, económico e eficaz, consiste em cortar e queimar as colónias de casulos, aguardando, pois a época em que o inseto está na forma de crisálida (por toda a segunda quinzena de Julho).
Para tal prática urge absolutamente recorrer a umas tesouras de poda, usadas para as árvores de ornamentação e que pelo comprimento da vara em que estão adaptadas, permitem cortar somente o ramo em que se encontra a colónia de casulos, evitando assim excessivas e prejudiciais mutilações na árvore que seriam indispensáveis sem o referido instrumento da poda. Cá não existe tal utensílio agrícola e por isso era de grande vantagem que o governo interferisse sobre este assunto que é de alta importância para a agricultura deste distrito.
Não se pode contar com a iniciativa dos lavradores daquela região porque estão atualmente convencidos de que o único eficaz meio de combater o inseto é o esconjuro.
Os prejuízos causados sobre castanheiros, macieiras, cerejeiras, carvalhos, etc., são importantes, determinando como consequência imediata, nas árvores de fruto, a perda do fruto do ano e mais tarde um progressivo enfraquecimento que conduz à morte.
Ficheiros
Colecção
Citação
António de Moura Pegado, “Os estragos da Porthesia chrysorroea nas árvores de Outeiro e arredores”. In O Nordeste, 18º Ano, nº 948, p. 1., 09-08-1905. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 14 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1509.