Os vereadores e os pardais
Dublin Core
Título
Os vereadores e os pardais
Criador
Pe. Macedo
Fonte
O Bejense, Ano II, nº 59, p. 3.
Data
08-02-1862
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Não há postura municipal tão cruel e infundada como a que manda exterminar os pardais e outras aves sob o pretexto de que prejudicam as searas de trigo.
Está provado que estas inocentes avezinhas votadas à destruição pela loucura e maldade do homem, produzem benefícios incalculavelmente maiores do que prejuízo que fazem nas espigas de trigo.
Recomendamos aos incrédulos a obra de Michelet, L’oiseau, e entretanto extraímos do London Journal, de 11 de Janeiro último, o seguinte artigo que ratifica as observações feitas em outros países:
«Observa um correspondente que na Inglaterra se tem notado, durante os últimos anos, considerável diminuição nos pardais e em outras pequenas aves; coincidindo com esta diminuição o incrível aumento de insetos destruidores.
No condado de Kent, as produções de frutos, de vegetais e de grãos, em que abunda, forma consumidos inteiramente por diferentes espécies de pequeninos insetos, que só os pássaros podem descobrir.
Os homens, vendo suas esperanças perdidas, culpam as estações, os ventos, a temperatura e como causas de tantos males; sem se lembrarem que são eles mesmos a verdadeira causa, pela sua imprevidência e pela injustiça de suas leis.
No citado condado, por exemplo, dão-se prémios a quem apresentar um certo número de cabeças de pardais e outras aves. Ora, como estes pássaros se alimentam quási todo o ano de insetos e de suas larvas, que por delicadíssimo instinto eles vão descobrir onde o olho do homem as não pode alcançar, as colheitas de grãos e de frutos são todos os anos destruídos nesse país pelos insetos de que principalmente se alimentam os pardais, as cotovias, etc.»
Se estas aves nos fazem tão grande benefício durante dez meses, devemos pagar-lhes mal só por que nos comem algumas espigas das nossas searas?
Serão elas, por este facto, mais daninhas do que quem as destrói e manda destruir?
Está provado que estas inocentes avezinhas votadas à destruição pela loucura e maldade do homem, produzem benefícios incalculavelmente maiores do que prejuízo que fazem nas espigas de trigo.
Recomendamos aos incrédulos a obra de Michelet, L’oiseau, e entretanto extraímos do London Journal, de 11 de Janeiro último, o seguinte artigo que ratifica as observações feitas em outros países:
«Observa um correspondente que na Inglaterra se tem notado, durante os últimos anos, considerável diminuição nos pardais e em outras pequenas aves; coincidindo com esta diminuição o incrível aumento de insetos destruidores.
No condado de Kent, as produções de frutos, de vegetais e de grãos, em que abunda, forma consumidos inteiramente por diferentes espécies de pequeninos insetos, que só os pássaros podem descobrir.
Os homens, vendo suas esperanças perdidas, culpam as estações, os ventos, a temperatura e como causas de tantos males; sem se lembrarem que são eles mesmos a verdadeira causa, pela sua imprevidência e pela injustiça de suas leis.
No citado condado, por exemplo, dão-se prémios a quem apresentar um certo número de cabeças de pardais e outras aves. Ora, como estes pássaros se alimentam quási todo o ano de insetos e de suas larvas, que por delicadíssimo instinto eles vão descobrir onde o olho do homem as não pode alcançar, as colheitas de grãos e de frutos são todos os anos destruídos nesse país pelos insetos de que principalmente se alimentam os pardais, as cotovias, etc.»
Se estas aves nos fazem tão grande benefício durante dez meses, devemos pagar-lhes mal só por que nos comem algumas espigas das nossas searas?
Serão elas, por este facto, mais daninhas do que quem as destrói e manda destruir?
Ficheiros
Colecção
Citação
Pe. Macedo, “Os vereadores e os pardais”. In O Bejense, Ano II, nº 59, p. 3., 08-02-1862. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 29 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1567.