Pragas nos Periódicos

Os gafanhotos em Coimbra

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Título

Os gafanhotos em Coimbra

Criador

Arthur Leitão, Agrónomo

Fonte

Gazeta das Aldeias, Vol XII, nº297, pág.111

Data

08-09-1901

Colaborador

Catarina Rodrigues

Text Item Type Metadata

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[…] “Toda a imprensa se ocupou oportunamente da grande invasão de gafanhotos no distrito de Coimbra, para que agora se dê tal notícia.
É preciso, porém, dar alguns esclarecimentos sobre este assunto, que se me afigura de grande importância nos anos futuros, em vista da área invadida, e da intensidade da invasão. Até hoje estão infestadas pelos gafanhotos 11 freguesias nos Concelhos de Cantanhede, Coimbra, Condeixa e Penela, o que é muito se atendermos a que é o primeiro ano em que tal invasão se manifesta com com certa intensidade.
Antes de mais nada devo dizer que, devido a uma má informação, se disse ser o gafanhoto de Coimbra o Staurus maroccanus, isto é o mesmo que simultaneamente estava produzindo grandes estragos na Beira Baixa e no Alentejo. Não é verdade: os gafanhotos de Coimbra são de três espécies diferentes, e nenhuma delas é o Staurus maroccanus.

Duas ainda não foram determinadas e têm pouca importância. A terceira que é dominante, e que causa os maiores estragos é o Caloptenus italicus, L.[…]

Na época em que a invasão tomou maior vulto, já estavam ceifados os cereas de pragana, e portanto o seu ataque recahiu sobre outras culturas. Nos concelhos citados as plantas que mais sofreram foram as videiras, batatas, feijões, abóboras, e ainda as figueiras, e oliveiras. É digno de notar-se que estes gafanhotos só atacam o milho como ultimo recurso, tendo nós visto alguns milhares atacados, somente nos sítios onde não havia outra cultura; não devendo também deixar de assinalar-se a predileção que esta espécie tem pelo cardo vulgar, que eles devoram com grande sofreguidão.
Deram também a noticia que dentro dos gafanhotos emigrantes apareciam também umas larvas, que ainda não estavam classificadas, nem determinado o papel que desempenhavam. Qual esse papel não estamos habilitados a dizer qual seja, mas quanto à sua classificação, parece-nos não haver dúvida que se trata de um díptero, o Sarcophaga Sp?.” […]
Apesar de terem sido distribuídas com profusão instruções impressas, indicando os meios práticos de luta contra os gafanhotos, nunca será de mais lembrar que eles procuram de preferência os terrenos incultos para a postura […]. É, pois, de grande conveniência marcar por qualquer modo esses locais, para serem facilmente encontrados na época da eclosão. Então é fácil destruí-los, porque se vêem no terreno manchas escuras constituídas por insetos nascidos há pouco, e que ainda não se movem.
Não se adotando este meio, a luta mais tarde é muito mais difícil e dispendiosa. Deve esperar-se no próximo ano uma invasão maior do que a do ano corrente, e portanto todos os meios de destruição que os lavradores adotarem antes dos gafanhotos chegarem ao estado de inseto perfeito, revertem em seu benefício.”

Ficheiros

Citação

Arthur Leitão, Agrónomo, “Os gafanhotos em Coimbra”. In Gazeta das Aldeias, Vol XII, nº297, pág.111, 08-09-1901. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/183.

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