Pragas nos Periódicos

AOS AGRICULTORES

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Título

AOS AGRICULTORES

Criador

S/ autor

Fonte

Jornal da Louzan, n.º 666, pág. 1, col. 4, pág. 2, col. 1

Data

17-04-1898

Colaborador

Pedro Barros

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Por ser de completa actualidade em virtude de estarmos na época em que é necessário atacar com energia as doenças que afectam as videiras, transcrevemos de um jornal agrícola de Lisboa, o seguinte:
«Estamos chegados ao momento das videiras começarem a abrolhar. Com o aparecimento dos gomos começa o grande perigo para vinhas, de serem atacadas por doenças terríveis, como míldio, o black rot, o oídio etc, e, portanto, redobram os cuidados dos viticultores, para não se deixarem surpreender por ataques súbitos destas doenças às vinhas e se porem a coberto de grandes prejuízos. Todos sabem hoje que o míldio e o black rot se atacam com os sais de cobre, preparados em líquido, com a denominação de calda bordalesa; porem nem todos conservam bem de memória as fórmulas precisas para a confecção de tais remédios, assim como a maneira mais prática de os aplicar. A maneira de preparar a calda bordalesa; a contra o míldio, com tempo regular, seco, é o seguinte:
Sulfato de cobre 2 kg
Cal virgem 1 kg
Água 100 lit.
Dissolve-se o sulfato, muito bem dissolvido; em 10 litros de água, e apaga-se a cal em 5 litros de água. Depois de dissolvido o sulfato e bem fria a cal, em uma barrica que contenha 92 litros de água, deita-se a solução do sulfato, deita-se a cal, também pouco a pouco e mexendo sempre. Quem praticar a imprudência de deitar a cal primeiro que o sulfato estraga o remédio. Os proprietários cautelosos usam de umas pás, feitas de pipa, para fazerem a calda. A pá com que dissolvem o sulfato não serve para mexer a cal, nem vice-versa assim como a pá com que se mexe a calda já feita, e que deve ser maior que as duas precedentes não deve servir para dissolver o sulfato e muito menos para mexer a cal. A calda assim preparada aplica-se às cepas com os já bem conhecidos pulverizadores, de modo que a chuva, que sai dos projectores com certa força, se espalhe profusamente sobre as parras, sem as empastar e atinja também os cachos, deixando-os bem polvilhados por todos os lados. Para tratar bem os cachos, usam muitos vinhateiros desparrar as copas para os pôr a descoberto; porém este serviço só se deve fazer em vinhas muito enramadas, para não expor muito os cachos à acção do sol. A primeira aplicação do sulfato deve ser feita logo que os grelos tenham uns 8 centímetros de comprimento, porque o remédio contra o míldio deve ser preventivo, isto é, não se deve esperar que a doença se conheça, pois de contrário é dificílimo atalhar a sua acção e já não se salva senão uma parte do fruto. Em anos húmidos, mais favoráveis ao desenvolvimento do mal, a dose, do sulfato deve de 3 p. c. e a cal de meio p. c. O remédio prepara-se do mesmo modo. O que aconselhamos aos interessados, é que só empreguem sulfato de primeira qualidade, porque o contrário será gastar o dinheiro e perder tudo, incluindo a novidade. Conhece-se se o sulfato é bom pelo seguinte processo: Tomem-se cinco centímetros cúbicos de uma solução do sulfato de cobre que quer examinar (o que se obtém dissolvendo uma arte de sulfato em cinco de água) e deite-se num frasco contendo cinco centímetros cúbicos de uma solução de ácido salicílico em éter a dez por cento. No fim de 4 ou 5 horas, se o sulfato for bom, a solução deste conservará uma bela cor azul; se, ao contrário, o sulfato não for puro a solução terá tomado uma cor de roxo violeta indício de que conterá sais de ferro e será improfícuo para o tratamento contra o míldio».

Ficheiros

Colecção

Citação

S/ autor, “AOS AGRICULTORES ”. In Jornal da Louzan, n.º 666, pág. 1, col. 4, pág. 2, col. 1, 17-04-1898 . Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 27 de Setembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/193.

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