O Ano Agrícola
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Título
O Ano Agrícola
Criador
S/ autor
Fonte
O Bracarense, n.º 263, pág. 2, col. 1,2
Data
03-07-1904
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
Da próxima colheita agrícola diz um nosso distinto colega, correspondente do Vale de Tanel para o Comércio de Barcelos:
«O ano agrícola afigura-se temporão, mas, não somente, temporão, muito farto, prometendo abundante colheita de tudo, só o feijão tem sofrido bastante; este género de cereal quer calor, muito calor, e a competente rega a tempo e hora. O tempo mostra tendências para chuva; e lá diz o adágio:
«chuva pelo S. João.
«quita vinho, e não dá pão.
Este é o adágio minhoto, porque, em Braga, ouvi eu, na semana passada, a um proprietário de Estremoz dizer assim:
«A chuva no S. João.
«Quita vinho, bebe azeite, e não dá pão.
Pois posso assegurar aos meus amigos, que, não havendo regra sem excepção, este ano é uma excepção da regra. A chuva já não faz mal ao vinho, nem ao azeite nem ao pão. Está tudo muito adiantado, mais de vinte dias adiante, pelo menos.
A vinha está um encanto; uma nascença prodigiosa, mais do que em 1901, o cacho limpo, a videira vigorosa, cheia de saúde e de vida; e, em geral, as que não tiveram tratamento cúprico estão relativamente boas e sadias.
Há gente tão desmazelada, que nem enxofre sequer aplicou à videira, e nessa vinha, ao abandono, o oidium (oídio) tem inutilizado o fruto. Vi exemplares desses no domingo passado em Salvador do Campo. Se houver cuidado e persistência no tratamento, e não tivermos qualquer trovoada ou tempestade, do que Deus nos livre, que aniquile o cacho, e decepe a videira, a próxima colheita do vinho será abundantíssima, tal é o prognóstico, que se pode aventar no momento actual.
As oliveiras estão também a vergar; é extraordinária a nascença da azeitona; não me recordo de ver tanto fruto nas oliveiras. É certo que a época mais perigosa para este fruto está ainda a dois meses de distância. O Agosto está para a azeitona como o Junho para a uva (….)
(…) O tempo corre maravilhoso para a agricultura. Para os nossos arrabaldes é consolador um passeio: tudo repleto de lindos cachos de uvas onde se não notam vestígios de doença» (…)
«O ano agrícola afigura-se temporão, mas, não somente, temporão, muito farto, prometendo abundante colheita de tudo, só o feijão tem sofrido bastante; este género de cereal quer calor, muito calor, e a competente rega a tempo e hora. O tempo mostra tendências para chuva; e lá diz o adágio:
«chuva pelo S. João.
«quita vinho, e não dá pão.
Este é o adágio minhoto, porque, em Braga, ouvi eu, na semana passada, a um proprietário de Estremoz dizer assim:
«A chuva no S. João.
«Quita vinho, bebe azeite, e não dá pão.
Pois posso assegurar aos meus amigos, que, não havendo regra sem excepção, este ano é uma excepção da regra. A chuva já não faz mal ao vinho, nem ao azeite nem ao pão. Está tudo muito adiantado, mais de vinte dias adiante, pelo menos.
A vinha está um encanto; uma nascença prodigiosa, mais do que em 1901, o cacho limpo, a videira vigorosa, cheia de saúde e de vida; e, em geral, as que não tiveram tratamento cúprico estão relativamente boas e sadias.
Há gente tão desmazelada, que nem enxofre sequer aplicou à videira, e nessa vinha, ao abandono, o oidium (oídio) tem inutilizado o fruto. Vi exemplares desses no domingo passado em Salvador do Campo. Se houver cuidado e persistência no tratamento, e não tivermos qualquer trovoada ou tempestade, do que Deus nos livre, que aniquile o cacho, e decepe a videira, a próxima colheita do vinho será abundantíssima, tal é o prognóstico, que se pode aventar no momento actual.
As oliveiras estão também a vergar; é extraordinária a nascença da azeitona; não me recordo de ver tanto fruto nas oliveiras. É certo que a época mais perigosa para este fruto está ainda a dois meses de distância. O Agosto está para a azeitona como o Junho para a uva (….)
(…) O tempo corre maravilhoso para a agricultura. Para os nossos arrabaldes é consolador um passeio: tudo repleto de lindos cachos de uvas onde se não notam vestígios de doença» (…)
Ficheiros
Colecção
Citação
S/ autor, “O Ano Agrícola”. In O Bracarense, n.º 263, pág. 2, col. 1,2 , 03-07-1904 . Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 27 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/195.