A NOVA DOENÇA DA VINHA
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Título
A NOVA DOENÇA DA VINHA
Criador
Sousa da Câmara
Fonte
Nove de Julho, Nº 925, Ano XV, p. 2
Data
30-06-1900
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
A micologia é daqueles assuntos palpitantes, que interessam sobremaneira aos agrónomos e agricultores; todavia os deveres oficiais e mesmo um certo gosto pelas questões entomológicas, têm obstado a que nos dediquemos a tal matéria. Porém, agora, que infelizmente o nosso amigo e colega Câmara Pestana, abalizado especialista na matéria, está doente, vimo-nos constrangidos a voltar a atenção para a doença nova, em virtudes da reiteradas instâncias de numerosos viticultores. […]
Todas as preparações revelaram a presença da Sclerotinio Fuckchana (Fulck.), de Bary, mais conhecida pelo nome específico de Betrytis Cinera, ou podridão nobre e nada mais; fungo célebre pelo flavor especial que transmite aos vinhos de Sauterne, do Reno, a alguns italianos e mesmo em casos raríssimos aos portugueses. Ora, como como semelhante fitonose na maioria dos casos progride, à custa dos hidratos de carbone da matéria orgânica decomposta (saprófita), não lhe ligávamos grande apreço e prosseguimos investigando a causa ou as causas dos pâmpanos, quando providencialmente, o agrónomo inspetor, sr. Silveira Proença, nos trouxe exemplares de Anadia, com as mesmas manifestações. Logo se nos deparam vários esclerotos, no interior dos sarmentos, e por associação de ideias vimos que estávamos em presença de uma Pezizácea da ordem das Discomicetas, daqui para a determinação da espécie era fácil: estava logo indicada a Sclerotinio Fuckchana que também figuram como parasita, desde que Prillieux e Delacroix a observaram na peoma ou rosa-albardeira, antes de 1894. […]
Nas folhas observam-se duas ou três manchas castanho-avermelhadas, que fazem lembrar a queima (brulure), com o rebordo um tanto esverdeado e que muitos comparam erradamente às do míldio; dizemos erradamente porque lhes falta a teagem branca característica, substituída aqui por uma felpa cor de cinza e existente em ambas as páginas. As máculas aumentam um pouco, confluem e podem ganhar toda a superfície; neste estado as folhas secam, caem do solo servem indiretamente para a propagação do mal.
Nos ramos, as manifestações em geral, são quási idênticas às que examinámos nas folhas, e o bolor referido ocupa toda ou parte da área do meritalo; todavia vimos alguns pâmpanos revestidos de induto flocoso alvacento, semelhante ao que se observa no interior das varas, em substituição da medula, e ao qual estão presos os esclerotos, no começo brancos e depois negros, mais ou menos arredondados e de tamanho variável.
Os sarmentos podem partir facilmente pelos nós em que houve constrição, devido ao mal.
Como preventivos recomendam: o corte seguido de queima dos ramos e folhas invadidas, bem como de todos os despojos; drenagens e emprego de caldas cúpricas reforçadas.
Todas as preparações revelaram a presença da Sclerotinio Fuckchana (Fulck.), de Bary, mais conhecida pelo nome específico de Betrytis Cinera, ou podridão nobre e nada mais; fungo célebre pelo flavor especial que transmite aos vinhos de Sauterne, do Reno, a alguns italianos e mesmo em casos raríssimos aos portugueses. Ora, como como semelhante fitonose na maioria dos casos progride, à custa dos hidratos de carbone da matéria orgânica decomposta (saprófita), não lhe ligávamos grande apreço e prosseguimos investigando a causa ou as causas dos pâmpanos, quando providencialmente, o agrónomo inspetor, sr. Silveira Proença, nos trouxe exemplares de Anadia, com as mesmas manifestações. Logo se nos deparam vários esclerotos, no interior dos sarmentos, e por associação de ideias vimos que estávamos em presença de uma Pezizácea da ordem das Discomicetas, daqui para a determinação da espécie era fácil: estava logo indicada a Sclerotinio Fuckchana que também figuram como parasita, desde que Prillieux e Delacroix a observaram na peoma ou rosa-albardeira, antes de 1894. […]
Nas folhas observam-se duas ou três manchas castanho-avermelhadas, que fazem lembrar a queima (brulure), com o rebordo um tanto esverdeado e que muitos comparam erradamente às do míldio; dizemos erradamente porque lhes falta a teagem branca característica, substituída aqui por uma felpa cor de cinza e existente em ambas as páginas. As máculas aumentam um pouco, confluem e podem ganhar toda a superfície; neste estado as folhas secam, caem do solo servem indiretamente para a propagação do mal.
Nos ramos, as manifestações em geral, são quási idênticas às que examinámos nas folhas, e o bolor referido ocupa toda ou parte da área do meritalo; todavia vimos alguns pâmpanos revestidos de induto flocoso alvacento, semelhante ao que se observa no interior das varas, em substituição da medula, e ao qual estão presos os esclerotos, no começo brancos e depois negros, mais ou menos arredondados e de tamanho variável.
Os sarmentos podem partir facilmente pelos nós em que houve constrição, devido ao mal.
Como preventivos recomendam: o corte seguido de queima dos ramos e folhas invadidas, bem como de todos os despojos; drenagens e emprego de caldas cúpricas reforçadas.
Ficheiros
Colecção
Citação
Sousa da Câmara, “A NOVA DOENÇA DA VINHA”. In Nove de Julho, Nº 925, Ano XV, p. 2, 30-06-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/290.