O MORRÃO NO TRIGO

O MORRÃO NO TRIGO

J. Blady

Nove de Julho, Nº 972, Ano XVI, pp. 2-3.

12-12-1900

Leonardo Aboim Pires

Aproxima-se a época em que o lavrador deve lançar à terra a semente dos trigos. Convém, pois que todos os lavradores saibam como se pode evitar o morrão, que causa enormíssimos prejuízos a uma cultura rica, bastante, proveitosa, indispensável, e que necessita desenvolver-se.
O sporo, ou semente do morrão é de tamanho bastante diminuto e adere ao trigo com grande facilidade de um para o outro ano, conservando-se, mui especialmente a barbinha, que protege o que vulgarmente se chama o olho do trigo.
Torna-se pois necessário que façamos a destruição do morrão sem todavia destruirmos o olho do trigo, pois que se assim acontecesse tornaríamos a semente impropria para o fim a que a destinávamos.
Esta operação que não dispensa um termómetro, pratica-se da seguinte maneira:
Num balde, ou outra espécie de vasilha que possamos apropriar, deita-se água à temperatura de 53º a 56º centigrados ou 42,5º a 45º Reaumur, não devendo nunca exceder estes máximos. O trigo destinado a servir de semente é, previamente, metido em um saco e este é então mergulhado naquela água.
A frieza do trigo fará, evidentemente, esfriar a água tornando-se necessário adicionar-lhe água quente por forma a fazê-la voltar às temperaturas já indicadas sem nunca excedê-las.
O trigo ficará assim mergulhado durante 3 a 5 minutos, sem seguida ao que será deitado a secar.
Torna-se agora necessário evitar o contágio deste trigo com outro não sujeito à operação, e mesmo não deixar ser espalhado a secar em lugar onde pudesse ter estado outro que depositasse a semente ou pó de morrão, a cal em pó, espalhada no sítio destinado à seca, tem a vantagem de secar mais prontamente o trigo e evitar, até certo ponto, o contágio de porque possa estar assente no local.
Em o trigo estando seco, tendo o grão bem separado um do outro esta apto a ser semeado, podendo também ser convenientemente guardado para se fazer a sementeira na ocasião oportuna.