O MÍLDIO
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Título
O MÍLDIO
Criador
António Batalha Reis
Fonte
O Jornal de Cantanhede, n.º 513, pág. 2, col. 2,3,4
Data
15-04-1899
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
Há três anos que o míldio não acentua a sua presença nas vinhas de Portugal com o rigor com que antes tinha assinado a sua nefasta concorrência.
Não se iludam, porém, os viticultores com essa traiçoeira paragem, e não julguem que a sua ausência representa o seu completo aniquilamento.
Nada disso, o míldio não se tem manifestado, pela simples razão do tempo seco ter dificultado o seu desenvolvimento. Mas este ano, em que as terras se acham repletas de água, e serão fontes perenes de humidade, não faltará, creiam, a visita impertinente e danosa, desse flagelo da viticultura.
Nestas condições, convirá prevenir com tempo, e desde já, os rigores da prevista invasão, com polvilhações de pó cúprico nas vinhas.
E digo pó, e não calda, porque o pó insinua-se melhor por entre a flor da vinha, e sobre as folhas do que o líquido, que, não encontrando nesta quadra ramaria bastante para o receber, será perdido na sua maior parte.
Como prevenção contra as ventanias, que podem dificultar a a agarração e a permanência do pó sobre as flores e folhas, costumo eu, na falta de humidade própria, fazer preceder a aplicação do pó de pulverizadores carregados com água simples.
Deste modo, ficam orvalhadas artificialmente as vinhas no próprio instante em que lhes ministra o pó, e este encontra a necessária humidade nas flores e parras, para se fixar na sua superfície e garantir a presença do cobre o desenvolvimento da invasão do míldio.
Demais, tem ainda o emprego do pó a vantagem de prevenir o ataque do oídio, e atrapalhar a chegada do pulgão.
Portanto, repito, há toda a vantagem em se fazer com pó os primeiros tratamentos contra o míldio, e aceite esta verdade, restará apenas o não perder tempo e executar imediatamente o tratamento aconselhado. Depois falarei dos remédios líquidos.
António Batalha Reis
(Da Folha de Torres Vedras.
Não se iludam, porém, os viticultores com essa traiçoeira paragem, e não julguem que a sua ausência representa o seu completo aniquilamento.
Nada disso, o míldio não se tem manifestado, pela simples razão do tempo seco ter dificultado o seu desenvolvimento. Mas este ano, em que as terras se acham repletas de água, e serão fontes perenes de humidade, não faltará, creiam, a visita impertinente e danosa, desse flagelo da viticultura.
Nestas condições, convirá prevenir com tempo, e desde já, os rigores da prevista invasão, com polvilhações de pó cúprico nas vinhas.
E digo pó, e não calda, porque o pó insinua-se melhor por entre a flor da vinha, e sobre as folhas do que o líquido, que, não encontrando nesta quadra ramaria bastante para o receber, será perdido na sua maior parte.
Como prevenção contra as ventanias, que podem dificultar a a agarração e a permanência do pó sobre as flores e folhas, costumo eu, na falta de humidade própria, fazer preceder a aplicação do pó de pulverizadores carregados com água simples.
Deste modo, ficam orvalhadas artificialmente as vinhas no próprio instante em que lhes ministra o pó, e este encontra a necessária humidade nas flores e parras, para se fixar na sua superfície e garantir a presença do cobre o desenvolvimento da invasão do míldio.
Demais, tem ainda o emprego do pó a vantagem de prevenir o ataque do oídio, e atrapalhar a chegada do pulgão.
Portanto, repito, há toda a vantagem em se fazer com pó os primeiros tratamentos contra o míldio, e aceite esta verdade, restará apenas o não perder tempo e executar imediatamente o tratamento aconselhado. Depois falarei dos remédios líquidos.
António Batalha Reis
(Da Folha de Torres Vedras.
Ficheiros
Colecção
Citação
António Batalha Reis , “O MÍLDIO”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 513, pág. 2, col. 2,3,4, 15-04-1899 . Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/309.