CONTRA O MILDIU
Dublin Core
Título
CONTRA O MILDIU
Criador
S/autor
Fonte
Nove de Julho, Nº 1245, Ano XIX, pp. 1-2.
Data
08-08-1903
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Raras são as revistas consagradas à viticultura que neste período do ano não lembrem as sulfatagens para combater a insidiosa moléstia criptogâmica, o míldio, que em um momento, se não está precavido, pode destruir vinhedos inteiros.
Ora, os meses de Julho correm húmidos com os seus densos nevoeiros, e quente quando o sol fica livre desse véu espesso tão impregnado de humanidade, o meio não pode ser mãos propícios para o desenvolvimento de tão nociva moléstia, e portanto, o viticultor deve estar preparado e armado para combater e salvar o pouco que lhe resta e que as constantes intempéries não destruíram. É uma luta a que ano pode esquivar-se de modo algum.
Torna-se presentemente supérfluo dizer que os sais de cobre são os que mais economicamente preservam a vinha dos ataques do míldio. É isso mais que sabido.
Em todo o caso, para se conseguir o resultado desejado, é necessário que o viticultor aplique o tratamento, tendo sempre em consideração o modo de propagação dos parasitas,
O míldio e o black-rot da vinha, bem como fitóftora da batata e do tomateiro, desenvolvem-se por meio de ataques sucessivos denominados «invasões».
Estes parasitas permanecem localizados em diversos pontos dos órgãos verdes, produzindo manchas.
Tem diversas fases a marcha de cada invasão:
1º Quando o tempo corre húmido, as semente ou sporos dos parasitas vegetais começam a germinar.
2º O sporo germinado emite um filamento que pentra nos tecidos verdes, dando lugar ao contágio.
3º Durante algum tempo que varia entre 10 a 22 dias, segundo a temperatura, os filamentos ramificam-se no órgão invadido, nutrindo à sua custa. É o período da incubação.
4º No fim deste período, os estragos tornam-se visíveis, aparecendo as manhas.
5º Sobre estas manchas o parasita produz novas sementes ou sporos, isto é, entra na frutificação.
Quando o filamento do parasita entrou um pouco profundamente nos tecidos da planta, evidentemente já é tarde para se aplicar o tratamento pois para o destruir seria necessário destruir os tecidos que o envolve.
Com mais razão se torna tardia a sulfatagem neste momento, pode destruir os sporos novos, mas não salva os órgãos contaminados.
Quando se faz a sulfatagem muito antes do começo de uma invasão, como não se ignora, entre a época da sulfatagem e da germinação dos sporos, desenvolvem-se novas folhas que não foram pulverizadas e ficam expostas aos ataques das criptogâmicas parasitárias.
Por outra e mais genericamente: é forçoso sulfatar durante ou logo em seguida a um período húmido, proveniente de orvalhos fortes, chuvas, nevoeiros e trovoadas repetidas.
É preciso notar que o míldio da vinha e o míldio da batata exigem, para se desenvolverem mais calor que o black rot.
Este último chega muitas vezes a aparecer em Maio, enquanto que os outros só em Junho começam a fazer os seus estragos.
A formação das manchas do míldio da batata faz-se rapidamente, bastando uma semana para que um campo completo apareça todo queimado.
A sulfatagem preventiva é a que a ciência agronómica justificadamente recomenda e a que em geral se pratica. […]
Ora, os meses de Julho correm húmidos com os seus densos nevoeiros, e quente quando o sol fica livre desse véu espesso tão impregnado de humanidade, o meio não pode ser mãos propícios para o desenvolvimento de tão nociva moléstia, e portanto, o viticultor deve estar preparado e armado para combater e salvar o pouco que lhe resta e que as constantes intempéries não destruíram. É uma luta a que ano pode esquivar-se de modo algum.
Torna-se presentemente supérfluo dizer que os sais de cobre são os que mais economicamente preservam a vinha dos ataques do míldio. É isso mais que sabido.
Em todo o caso, para se conseguir o resultado desejado, é necessário que o viticultor aplique o tratamento, tendo sempre em consideração o modo de propagação dos parasitas,
O míldio e o black-rot da vinha, bem como fitóftora da batata e do tomateiro, desenvolvem-se por meio de ataques sucessivos denominados «invasões».
Estes parasitas permanecem localizados em diversos pontos dos órgãos verdes, produzindo manchas.
Tem diversas fases a marcha de cada invasão:
1º Quando o tempo corre húmido, as semente ou sporos dos parasitas vegetais começam a germinar.
2º O sporo germinado emite um filamento que pentra nos tecidos verdes, dando lugar ao contágio.
3º Durante algum tempo que varia entre 10 a 22 dias, segundo a temperatura, os filamentos ramificam-se no órgão invadido, nutrindo à sua custa. É o período da incubação.
4º No fim deste período, os estragos tornam-se visíveis, aparecendo as manhas.
5º Sobre estas manchas o parasita produz novas sementes ou sporos, isto é, entra na frutificação.
Quando o filamento do parasita entrou um pouco profundamente nos tecidos da planta, evidentemente já é tarde para se aplicar o tratamento pois para o destruir seria necessário destruir os tecidos que o envolve.
Com mais razão se torna tardia a sulfatagem neste momento, pode destruir os sporos novos, mas não salva os órgãos contaminados.
Quando se faz a sulfatagem muito antes do começo de uma invasão, como não se ignora, entre a época da sulfatagem e da germinação dos sporos, desenvolvem-se novas folhas que não foram pulverizadas e ficam expostas aos ataques das criptogâmicas parasitárias.
Por outra e mais genericamente: é forçoso sulfatar durante ou logo em seguida a um período húmido, proveniente de orvalhos fortes, chuvas, nevoeiros e trovoadas repetidas.
É preciso notar que o míldio da vinha e o míldio da batata exigem, para se desenvolverem mais calor que o black rot.
Este último chega muitas vezes a aparecer em Maio, enquanto que os outros só em Junho começam a fazer os seus estragos.
A formação das manchas do míldio da batata faz-se rapidamente, bastando uma semana para que um campo completo apareça todo queimado.
A sulfatagem preventiva é a que a ciência agronómica justificadamente recomenda e a que em geral se pratica. […]
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “CONTRA O MILDIU”. In Nove de Julho, Nº 1245, Ano XIX, pp. 1-2.
, 08-08-1903. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/319.
, 08-08-1903. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/319.