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Jornal de Penafiel, 7º Ano, nº 69, p. 1.

27-06-1893

Leonardo Aboim Pires

Do Monte das Flores dizem em data de 20 ao «Século»:
[…] Quási todos os batatais foram invadidos pela peronospora infestans, apresentando alguns os tubérculos totalmente destruídos por esta terrível criptogâmica, que na realidade se desenvolveu por uma forma assustadora, auxiliada não só pela humidade e calor bastante favoráveis, como principalmente pela inércia e pela descrença em que se conservaram quási todos os lavradores que cruzaram os braços perante os destroços de esta terrível doença e não lançaram mão das substâncias que a ciência tem descoberto para combatê-la, destruí-la ou pelo menos atenuá-la, deixando-a caminhar na sua marcha destruidora.
Seria bastante para desejar que todos os lavradores no próximo ano tentassem combater os efeitos desta doença, tarefa esta que não será difícil de realizar com a aplicação da calda bordalesa empregada como preventivo contra o míldio da vinha.
O míldio (peronospora vitícola) invadiu todos os vinhedos desta região, atacando simultaneamente as folhas e os cachos.
Os principais lavradores desta região têm combatido eficazmente esta doença, empregando a calda bordalesa, sob várias formas com o pulverizador de Venaruel. Os menos abastados, porém, abandonam os seus vinhedos, utilizando os respetivos terrenos para outras culturas, esperando serem mais felizes.
Nesta localidade tem-se feito o tratamento contra o míldio com a calda bordalesa na proporção de 300 hectares por litro.
Obtivemos resultados muito lisonjeiros, empregando a mesma calda contra a peronospora infestans, a qual, apesar de ter sido aplicada muito tarde, evitou que esta doença progredisse.
Contra o oidium tuckery empregou-se o enxofre em pó, distribuído à mão, trabalho esse que nos parece muito económico e praticável pois economiza-se na compra de canudos enxofradores e no tempo que continuadamente se gasta para encher estes. […]