Pragas nos Periódicos

SECÇÃO AGRÍCOLA. Nova calda contra o «míldio»

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Título

SECÇÃO AGRÍCOLA. Nova calda contra o «míldio»

Criador

S/autor

Fonte

Jornal de Penafiel, 11º Ano, nº 79, p. 1.

Data

03-08-1897

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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A última palavra ainda não está dita sobre os meios de combate ao «míldio» e não admira que não esteja, porque a ciência em todos os seus variados ramos tem sempre realizado os progressos passo a passo.
A descoberta do óxido de cobre, como esterilizador dos conídeos e sporos de diversas criptogâmicas, foi incontestavelmente de grande valor e sem poderemos precisar exatamente o primeiro a indica-lo, é certo que não lhe cabe menos honra do que a de Pasteur descobrindo o vírus antirrábico e a Jenner encontrando a vacina que colocou a humanidade ao abrigo de um terrível flagelo. […]
Mas como dissemos, o remédio contra o «míldio» ainda há de vir a ser outro, pois que o tempo e os homens da ciência se incumbirão de encontra-lo. E porque não?
A novidade do dia é a calda com adição de sabão e foi o sr. Chevalier o primeiro a vir à imprensa anunciar a sua descoberta, apesar de não ser ele, segundo parece, a quem cabem as honras de haver começado os estudos, mas sim a Mr. Gaston Lavergne, que há dez anos principio os seus ensaios.
Este distinto agrónomo mostra-se subitamente satisfeito com os resultados colhidos, no corrente ano, na vinha de estudo oficial que dirige na propriedade de Mirail, perto de Mézin (Lot-et-Garonne), pertencente a Mr. Faulon.
A fórmula é esta:
Sabão negro – 1.000 gr.
Sulfato de cobre – 500 gr.
Água – 100 lit.
Os sais de cobre dissolvem-se nalguns litros de água. O sabão derrete-se separadamente deitando-o por pequenas quantidades com o auxílio de uma espátula de pau. A pasta, a princípio muito espessa, torna-se pouco a pouco mais fluída e em curto tempo a dissolução fica perfeita. Lança-se então devagarinho, agitando a mistura com uma vassoura no líquido cúprico, completando-se então o hectolitro.
A calda obtida por esta fórmula é de um belo verde e depois de passada pela grade-peneira espalha-se muito bem.
Segundo Mr. Gaston Lavergne, os resultados colhidos com esta nova calda dão-lhe as maiores esperanças.
Como se vê, a cal é completamente posta de parte.
Já é tarde para fazermos ensaios nas nossas culturas.
Aguardamos, pois, o próximo ano, como muitos do que nos lêem, para experimentarmos a calda saponária, como pela nossa parte entendemos que se lhe deve chamar, para assim facilmente se distinguir das outras caldas existentes.
Na fórmula de Mr. Gaston Lavergne há um ponto importantíssimo: o económico.
Isto é muito para ser tomado em consideração, porquanto se a calda bordalesa precisa de 3 kilos de sulfato para um hectolitro, vemos que na calda saponária apenas são necessárias 500 gramas.
É uma diferença considerável.

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Colecção

Citação

S/autor, “SECÇÃO AGRÍCOLA. Nova calda contra o «míldio»
”. In Jornal de Penafiel, 11º Ano, nº 79, p. 1., 03-08-1897. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 17 de Julho de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/507.

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