SECÇÃO AGRÍCOLA. Calda cupro-saponária
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Título
SECÇÃO AGRÍCOLA. Calda cupro-saponária
Criador
S/autor
Fonte
Jornal de Penafiel, 12º Ano, nº 2, p. 1.
Data
05-11-1897
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Muito interessantes os esclarecimentos que abaixo publicamos, sobre a nova calda para o tratamento do míldio, segundo a fórmula de Mr. Gaston Lavergne, e que tanto discutida tem sido pelos viticultores franceses.
Estes esclarecimentos, devido a Mr. L. Mangin, vêm publicados no «Journal d’Agriculture Pratique», de onde os transcreveu o «Jornal Hortícolo-Agrícola», de onde por nossa vez, também os transcrevemos:
«Há mais de um ano que insisto na dificuldade que há em molhar as superfícies felpudas com as caldas ordinárias, e fui eu o primeiro a recomendar a adição de sabão aos líquidos preservadores para obter uma penetração completa com estes últimos, mesmo nas superfícies completamente protegidas por espessa lanugem. Estudei, em 1895, os efeitos da adição do sabão ao sulfato de cobre, mas não publiquei resultados deste estado, porque se me afiguravam pouco concludentes.
Misturava a certa quantidade de sulfato de cobre uma dissolução de sabão branco (sabão com base de soda), em quantidade suficiente para precipitar todo o cobre ao estado do sabão cúprico, misturando certa quantidade de sabão carbonato insolúveis.
O precipitado verde-claro obtido conserva-se em suspensão durante algumas horas e o liquido turvo pulveriza-se facilmente; mas ao cabo de certo tempo (meio dia ou um dia) as partículas do sabão cúprico agregam-se, aderem às paredes das vasilhas ou aos aparelhos pulverizadores e é difícil obter uma repartição uniforme da calda, porque deixa de ser homogénea: além disso, os instrumentos podem obstruir-se e aumentar as dificuldades do trabalho.
Doutro lado, filtrando-se a calda cupro-saponária e lançando em seguida o precipitado em suspensão em água carregado de acido carbónico, averiguei que o liquido não encerrava sal de cobre em dissolução.
Por isso renunciei a propor a calda cupro-saponária, receando que, apesar da grande aderência do produto, em consequência da sua insolubilidade, não oferecesse protecção eficaz aos órgãos pulverizados.
Os resultados obtidos por M. Gaston Lavergene mostram
que os meus receios eram exagerados.
É também possível que os sais de potassa convenham mais que os sais de soda.
Seja como for, estamos em presença de um facto apresentado por um observador tão sábio como consciencioso e as objeções de ordem teórica que eu formulasse não teriam peso nos factos averiguados.
Quero só dizer que, segundo a minha opinião, uma das causas dos resultados pouco satisfatórios obtidos é proveniente da rápida agregação das partículas do sabão cúprico e que se pode remediar da seguinte maneira:
Bastará preparar a calda de sabão no próprio momento de ser aplicada, de modo que seja empregada uma ou duas horas após a sua preparação.
Para isso preparar-se-á uma solução de sulfato de cobre e outra solução de sabão, segundo as proporções que indica Mr. Gaston Lavergne. Em seguida, na ocasião da aplicação misturam-se as duas soluções juntando a quantidade de água precisa para encher os pulverizadores que estiverem a funcionar.
Enquanto estes estão trabalhando, preparar-se-á nova quantidade de calda e assim sucessivamente.
Por este modo a calda cupro-saponária não se agregará e espalhar-se-ão os líquidos preservadores duma forma homogénea, sem receio de obstruir os aparelhos.
Estes esclarecimentos, devido a Mr. L. Mangin, vêm publicados no «Journal d’Agriculture Pratique», de onde os transcreveu o «Jornal Hortícolo-Agrícola», de onde por nossa vez, também os transcrevemos:
«Há mais de um ano que insisto na dificuldade que há em molhar as superfícies felpudas com as caldas ordinárias, e fui eu o primeiro a recomendar a adição de sabão aos líquidos preservadores para obter uma penetração completa com estes últimos, mesmo nas superfícies completamente protegidas por espessa lanugem. Estudei, em 1895, os efeitos da adição do sabão ao sulfato de cobre, mas não publiquei resultados deste estado, porque se me afiguravam pouco concludentes.
Misturava a certa quantidade de sulfato de cobre uma dissolução de sabão branco (sabão com base de soda), em quantidade suficiente para precipitar todo o cobre ao estado do sabão cúprico, misturando certa quantidade de sabão carbonato insolúveis.
O precipitado verde-claro obtido conserva-se em suspensão durante algumas horas e o liquido turvo pulveriza-se facilmente; mas ao cabo de certo tempo (meio dia ou um dia) as partículas do sabão cúprico agregam-se, aderem às paredes das vasilhas ou aos aparelhos pulverizadores e é difícil obter uma repartição uniforme da calda, porque deixa de ser homogénea: além disso, os instrumentos podem obstruir-se e aumentar as dificuldades do trabalho.
Doutro lado, filtrando-se a calda cupro-saponária e lançando em seguida o precipitado em suspensão em água carregado de acido carbónico, averiguei que o liquido não encerrava sal de cobre em dissolução.
Por isso renunciei a propor a calda cupro-saponária, receando que, apesar da grande aderência do produto, em consequência da sua insolubilidade, não oferecesse protecção eficaz aos órgãos pulverizados.
Os resultados obtidos por M. Gaston Lavergene mostram
que os meus receios eram exagerados.
É também possível que os sais de potassa convenham mais que os sais de soda.
Seja como for, estamos em presença de um facto apresentado por um observador tão sábio como consciencioso e as objeções de ordem teórica que eu formulasse não teriam peso nos factos averiguados.
Quero só dizer que, segundo a minha opinião, uma das causas dos resultados pouco satisfatórios obtidos é proveniente da rápida agregação das partículas do sabão cúprico e que se pode remediar da seguinte maneira:
Bastará preparar a calda de sabão no próprio momento de ser aplicada, de modo que seja empregada uma ou duas horas após a sua preparação.
Para isso preparar-se-á uma solução de sulfato de cobre e outra solução de sabão, segundo as proporções que indica Mr. Gaston Lavergne. Em seguida, na ocasião da aplicação misturam-se as duas soluções juntando a quantidade de água precisa para encher os pulverizadores que estiverem a funcionar.
Enquanto estes estão trabalhando, preparar-se-á nova quantidade de calda e assim sucessivamente.
Por este modo a calda cupro-saponária não se agregará e espalhar-se-ão os líquidos preservadores duma forma homogénea, sem receio de obstruir os aparelhos.
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “SECÇÃO AGRÍCOLA. Calda cupro-saponária
”. In Jornal de Penafiel, 12º Ano, nº 2, p. 1., 05-11-1897. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/509.
”. In Jornal de Penafiel, 12º Ano, nº 2, p. 1., 05-11-1897. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/509.