SECÇÃO AGRÍCOLA.
Os inimigos das laranjeiras
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Título
SECÇÃO AGRÍCOLA.
Os inimigos das laranjeiras
Os inimigos das laranjeiras
Criador
Eduardo Sequeira
Fonte
Jornal de Penafiel, 13º Ano, nº 48, p. 1.
Data
14-04-1899
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Segundo um relatório publicado recentemente em Ponta Delgada, pelos srs. Francisco Afonso Chaves, António de Andrade Albuquerque Bettencourt e José Canavarro de Faria e Maia, encarregados da Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada, de estudar os insetos que invadem as laranjeiras e os processos de combater, vemos que os laranjais insulares são atualmente atacados por quatro Cocídeos Mytilapsis fulva (Targ.), Lecanium hemisphoerium (Cock.), Lecanium hisperidum (Linn.) e por dois afídeos Toxoptera aurantii (Kock.) e Aphis sp.
Como parte destes parasitas atacam os laranjais do continente, e os outros podem ser facilmente introduzidos, julgamos de toda a conveniência resumir o que a tal respeito escrevem os abalizados naturalistas e agrónomo da formosa ilha de S. Miguel.
O Lecanium são coccídeos nus ou simplesmente cobertos de matérias cerosas ou calcárias, cujas femeas, depois de fecundadas, ficam aderentes ao vegetal onde vivem.
O Lecanium hemisphoerium é o mais comum e o que há muito causa estragos em todos os laranjais. […]
O Lecanium hisperidum, a pulga das laranjeiras, como antigamente lhe chamavam, encontra-se também em abundância nos laranjais das ilhas, se bem que não cause estragos das outras espécies indicadas.
Este Lecanium favorece o desenvolvimento da Fumagina ou Morphea, um cogumelo, o Morphea citri que cobre as folhas com um tecido negro que as asfixiam, dando-lhes ao mesmo tempo um aspeto desolador.
O Mytilapsis fulva é o conhecido bicho das laranjeiras, aparecido nas ilhas em 1843 para onde, parece, foi levado da América do Sul nas laranjas de Pernambuco, que então dali vinham algumas vezes, segundo assevera em 20 de Abril de 1844, o «Agricultor Micaelense». Causou ao princípio enormes prejuízos nas laranjeiras insulares, mas, com o tempo, aclimando-se, modificou-se, sendo hoje um dos parasitas menos de temer.
Os afídios ou pulgões são insetos que se instalam nos rebentos e folhas das plantas causando-lhes, pela constante sucção, perturbações na circulação da seiva, e enfraquecendo-as a ponto de, muitas vezes, lhe comprometer a existência.
Pertencem a este género o Toxoptera aurantii e Aphis sp. que atacam as laranjeiras, felizmente em pequena quantidade, e causando-lhes, portanto estragos pouco sensíveis.
Estes parasitas podem ser combatidos, ou pelos insetos carnívoros, ou pelas substâncias carnívoras. Entre os insetos carnívoros salientam-se a Pedalia cardinalis, já aclimada em Lisboa como destruidora do cocídeo Icerya purchais, que invadiu os laranjais dos arredores daquela cidade, importado, sem dúvida alguma, da América do Norte, o Aphelinus fucinepais e o Chilocorus buvulnerus. […] Como substância inseticida o sabão de potassa é aplicado com grande proveito contra todas as cochonilhas; tem dado resultado no combate da Icerya purchais, coccídeo prejudicialíssimo também às laranjeiras, pulverizações frequentes de um composto de:
Sabão de potassa – 1.500 gr.
Água quente – 1º lit.
Sulfureto de carbono – 3 a 4 kilos
Água fria – 90 lit.
ou de :
Sabão de potassa – 1000 gr.
água a ferver – 5 lit.
Petróleo – 10 lit.
Nas ilhas têm utilizado, com o mais proveitoso resultado, um sabão inseticida preparado pela Saboraria Estrela, com óleo de cetáceos adicionado de substâncias inseticidas. […]
Como parte destes parasitas atacam os laranjais do continente, e os outros podem ser facilmente introduzidos, julgamos de toda a conveniência resumir o que a tal respeito escrevem os abalizados naturalistas e agrónomo da formosa ilha de S. Miguel.
O Lecanium são coccídeos nus ou simplesmente cobertos de matérias cerosas ou calcárias, cujas femeas, depois de fecundadas, ficam aderentes ao vegetal onde vivem.
O Lecanium hemisphoerium é o mais comum e o que há muito causa estragos em todos os laranjais. […]
O Lecanium hisperidum, a pulga das laranjeiras, como antigamente lhe chamavam, encontra-se também em abundância nos laranjais das ilhas, se bem que não cause estragos das outras espécies indicadas.
Este Lecanium favorece o desenvolvimento da Fumagina ou Morphea, um cogumelo, o Morphea citri que cobre as folhas com um tecido negro que as asfixiam, dando-lhes ao mesmo tempo um aspeto desolador.
O Mytilapsis fulva é o conhecido bicho das laranjeiras, aparecido nas ilhas em 1843 para onde, parece, foi levado da América do Sul nas laranjas de Pernambuco, que então dali vinham algumas vezes, segundo assevera em 20 de Abril de 1844, o «Agricultor Micaelense». Causou ao princípio enormes prejuízos nas laranjeiras insulares, mas, com o tempo, aclimando-se, modificou-se, sendo hoje um dos parasitas menos de temer.
Os afídios ou pulgões são insetos que se instalam nos rebentos e folhas das plantas causando-lhes, pela constante sucção, perturbações na circulação da seiva, e enfraquecendo-as a ponto de, muitas vezes, lhe comprometer a existência.
Pertencem a este género o Toxoptera aurantii e Aphis sp. que atacam as laranjeiras, felizmente em pequena quantidade, e causando-lhes, portanto estragos pouco sensíveis.
Estes parasitas podem ser combatidos, ou pelos insetos carnívoros, ou pelas substâncias carnívoras. Entre os insetos carnívoros salientam-se a Pedalia cardinalis, já aclimada em Lisboa como destruidora do cocídeo Icerya purchais, que invadiu os laranjais dos arredores daquela cidade, importado, sem dúvida alguma, da América do Norte, o Aphelinus fucinepais e o Chilocorus buvulnerus. […] Como substância inseticida o sabão de potassa é aplicado com grande proveito contra todas as cochonilhas; tem dado resultado no combate da Icerya purchais, coccídeo prejudicialíssimo também às laranjeiras, pulverizações frequentes de um composto de:
Sabão de potassa – 1.500 gr.
Água quente – 1º lit.
Sulfureto de carbono – 3 a 4 kilos
Água fria – 90 lit.
ou de :
Sabão de potassa – 1000 gr.
água a ferver – 5 lit.
Petróleo – 10 lit.
Nas ilhas têm utilizado, com o mais proveitoso resultado, um sabão inseticida preparado pela Saboraria Estrela, com óleo de cetáceos adicionado de substâncias inseticidas. […]
Ficheiros
Colecção
Citação
Eduardo Sequeira, “SECÇÃO AGRÍCOLA.
Os inimigos das laranjeiras
”. In Jornal de Penafiel, 13º Ano, nº 48, p. 1., 14-04-1899. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/540.
Os inimigos das laranjeiras
”. In Jornal de Penafiel, 13º Ano, nº 48, p. 1., 14-04-1899. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/540.