Casos e coisas
Dublin Core
Título
Casos e coisas
Criador
S/autor
Fonte
O Elvense, 18º Ano, nº 1801, p. 2.
Data
15-05-1898
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Em seara alheia:
Sabe-se que o principal alimento dos pássaros cantores, quando em liberdade, consiste em insetos e larvas, inimigos fadigais das searas, das hortaliças, dos vinhedos e dos arrozais.
Calcula-se que um só casal de rouxinóis em tempo de criação, consome diariamente, incluindo o que dá aos filhos, uns cento e cinquenta daqueles destruidores animálculos.
Calcule o leitor em vista desta cifra, os imensos benefícios de que somos devedores aos passarinhos, devendo advertir-se que o rouxinol figura entre os mais diminutos da Europa, sendo certo que por efeito de uma curiosa lei fisiológica tanto a voracidade como a fecundidade dos animais estão na razão inversa do seu tamanho, e por conseguinte, dentro da respetiva esfera, os mais pequenos veem a ser os mais úteis ou os mais nocivos.
Resumindo:
A caça aos passarinhos prejudica-nos debaixo de diversos pontos de vista.
Em vez de os perseguirmos, o nosso próprio interesse aconselha que lhes dispensemos benévolo amparo e que favoreçamos a sua multiplicação. Longe de derribar os seus ninhos, devemos, esforçar-nos em conserva-los. Ainda mais: porque não havemos de prover ao sustento de tão fieis aliados, quando eles não podem obtê-lo, isto é, quando a neve cobre o solo ou este está endurecido pelas geadas?
Acaso não pagariam eles com usura esta nossa solicitude?
Que as pessoas ilustradas propaguem bem estas ideias e que tratem sobretudo de inocula-las no ânimo das crianças.
Se assim procederem bem merecerão da pátria; secundando uma empresa eminentemente civilizadora.
Sabe-se que o principal alimento dos pássaros cantores, quando em liberdade, consiste em insetos e larvas, inimigos fadigais das searas, das hortaliças, dos vinhedos e dos arrozais.
Calcula-se que um só casal de rouxinóis em tempo de criação, consome diariamente, incluindo o que dá aos filhos, uns cento e cinquenta daqueles destruidores animálculos.
Calcule o leitor em vista desta cifra, os imensos benefícios de que somos devedores aos passarinhos, devendo advertir-se que o rouxinol figura entre os mais diminutos da Europa, sendo certo que por efeito de uma curiosa lei fisiológica tanto a voracidade como a fecundidade dos animais estão na razão inversa do seu tamanho, e por conseguinte, dentro da respetiva esfera, os mais pequenos veem a ser os mais úteis ou os mais nocivos.
Resumindo:
A caça aos passarinhos prejudica-nos debaixo de diversos pontos de vista.
Em vez de os perseguirmos, o nosso próprio interesse aconselha que lhes dispensemos benévolo amparo e que favoreçamos a sua multiplicação. Longe de derribar os seus ninhos, devemos, esforçar-nos em conserva-los. Ainda mais: porque não havemos de prover ao sustento de tão fieis aliados, quando eles não podem obtê-lo, isto é, quando a neve cobre o solo ou este está endurecido pelas geadas?
Acaso não pagariam eles com usura esta nossa solicitude?
Que as pessoas ilustradas propaguem bem estas ideias e que tratem sobretudo de inocula-las no ânimo das crianças.
Se assim procederem bem merecerão da pátria; secundando uma empresa eminentemente civilizadora.
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “Casos e coisas”. In O Elvense, 18º Ano, nº 1801, p. 2., 15-05-1898. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/750.