Situação vitícola e vinícola . JULHO

Situação vitícola e vinícola . JULHO

S/autor

O Elvense, 19º Ano, nº 1826, p. 2.

11-08-1898

Leonardo Aboim Pires

As vinhas estão muito belas. As novas plantações de cepas americanas apresentam magnifico aspeto, algumas mesmo notável abundância; mas as vinhas velhas, indígenas, muito atacadas da filoxera têm pequena colheita. Lá fora, nos países vitícolas da Europa, espera-se uma pequena produção; nalguns pontos, menos de metade de uma vindima normal. […] As doenças criptogâmicas não têm invadido com intensidade. Os viticultores têm empregado com certa largueza o caldo bordalês, e dele têm tirado bom resultado. A antracnose também não tem acentuado os seus estragos. A maromba no Douro tem feito prejuízos: os lavradores lastimam-se de este grande inimigo das cepas e não encontram meio capaz de luta contra ele.
[…] É bom vigiar enxertos e cortar todas as raízes do garfo. A falta deste trabalho inutiliza muitos enxertos.
Dá-se uma segunda enxofração contra o oídio e exerce-se a maior vigilância contra o míldio para lhe aplicar o anticriptogâmico que o combate eficazmente. As cepas que apresentam estragos da antracnose devem ser tratadas com cal e enxofre.
É conveniente uma segunda redra às vinhas plantadas muito espaçadas. Insistimos em nova enxofração contra o oídio e muito cuidado com o míldio; não esquecer de ter sempre em ação o caldo bordalês e os enxofres cúpricos.
O viticultor, nesta época, não pode descansar. É necessário ver e ver bem, para acudir a qualquer manifestação mórbida. Particularmente o míldio, nas suas diversas manifestações, deve merecer-lhe todos os cuidados. […]

(D’A Vinha Portuguesa)