Pragas nos Periódicos

Os gafanhotos (continuação do número antecedente)

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Título

Os gafanhotos (continuação do número antecedente)

Criador

António Gomes Ramalho e Guilherme João de Sá

Fonte

O Elvense, 19º Ano, nº 1900, p. 2.

Data

27-04-1899

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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Uma grande parte dos gafanhotos havia já infelizmente atingindo o seu desenvolvimento alado, circunstância que o tornava bastante difícil o apanho; mas como víssemos o comparecimento de muita gente desempenhando com proficuidade tal medida, despedimos na semana imediata a maioria dos jornaleiros deixando apenas os indispensáveis para a confeção das covas e enterramento respetivo. […]
Coincidia aquela época com as ceifas dos cereais, donde resultava o aumento de salário para todos os trabalhadores manuais, e por isso tivemos de pagar aos jornaleiros a razão de quatrocentos e quarenta réis diários, por ser o menor preço que prestavam em abrir covas. Os apanhadores empreiteiros ganhavam variavelmente conforme a sua aptidão, o seu trabalho e meios de que dispunham: assim seis indivíduos laboriosos, munidos de um pano e trabalhando com assiduidade, conseguiam apanhar num dia útil cento e vinte quilogramas de gafanhotos que, pagos à razão de quarenta réis o kilograma, lhes conferiam um jornal de oitocentos réis; outros, porém, menos ativos, faltos de preparos convenientes e em menor número de seis, mal chegavam a obter o pão quotidiano, e por isso abandonavam o apanho dos acrídios para se ocuparem de outros serviços agrícolas. […] Com a renovação do local da consunção acridiana, apesar do aumento de vinte réis em cada kilograma de inseto apresentando, realizamos economicamente a diminuição de trezentos réis diários no fiel do peso, e no fim da quinta semana despedimos um dos trabalhadores empregados no abrimento de covas por se tornar dispensável naquele serviço. […]
No fim do mês de Junho vendo nós por reconhecimento geral da área infestada a considerável redução operada na massa total dos acrídios invasores, e observando que todas as vistas se voltavam para os gérmenes da ominosa praga, tratámos do ato contínuo do estabelecimento de medidas mais convenientes neste sentido, o que se tornou público por meio de um edital cujo o texto é o seguinte:
«Para que a praga de gafanhotos se não torne prejudicial de futuro a este concelho pela multiplicação dos respetivos gérmenes, convém que todos os lavradores possuidores de terrenos em pousio infestados pela semente daqueles ponham em prática as seguintes medidas:

MEDIDAS TENDENTES à EXTERMINAÇÃO DOS ÓVULOS ACRIDIANOS
1º Logo depois das primeiras chuvas invernais deverão mandar lavrar todos os terrenos de pousio impregnados por óvulos de gafanhoto.
2º Levantados por tal forma os canudos que encerram os ditos óvulos, poderão empregar o gado suíno em os comer e destruir se o inverno não for chuvoso.
3º Se estes meios não produzirem resultado eficaz, deverão recorrer às pessoas competentes para lhes fornecer outros mais profícuos.

Elvas, 5 de Julho de 1876.

(Continua)

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Colecção

Citação

António Gomes Ramalho e Guilherme João de Sá, “Os gafanhotos (continuação do número antecedente)
”. In O Elvense, 19º Ano, nº 1900, p. 2., 27-04-1899. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/759.

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