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O Angrense, nº 384, p. 1.

15-02-1844

Leonardo Aboim Pires

Já em o nº 345 deste periódico classificámos segundo nos pareceu, o inseto devorista das laranjeiras, por Coccus Hesperidum, de Lineu. Depois em vista da carta do sr. Dabney, inserta no nº 351, sobressaímos de alguma forma a nossa opinião; porém agora por novos e repetidos dados que temos recebido, insistimos em ser aquele o bichinho, que dalgures veio para o Faial, e dali foi transportado para S. Miguel, onde vai começando a fazer igual devastação.
O Sr. L.... na sua correspondência, que hoje transcrevemos o classifica no género Aphydes; mas cumpre-nos dizer, que as espécies deste género são tão numerosas que Lineu se contentou unicamente em lhe dar os nomes triviais das árvores, arbustos e plantas em que eles se encontravam, por exemplo - Aphys da laranjeira, do limoeiro, do salgueiro, do buxeiro, da roseira, etc.
Todo o naturalista sabe nenhuma árvore, arbusto ou planta deixa de ser pasto deste insetos, a que o vulgo dá o nome de piolho das árvores e das plantas, nas quais costuma fazer algum prejuízo, principalmente nas hortas e nos jardins em plantas mimosas, mas também sabemos que os Aphydes, tão conhecidos nestas ilhas, nunca fizeram, nem produzem aquele estrago que hoje se observa nos pomares de espinho do Faial e de S. Miguel; nem o inseto que vimos numa folha de laranjeira que nos veio do Faial, encerrada em um vidro, pertence ao género Aphys, mas sim ao Coccus, bichinho muito mais destruidor e prolífico que todos os Aphydes.
O objeto é de tanta transcendência que deveria ter ocupado a investigação dos homens científicos em Ponta Delgada e Horta, e por isso nos impusemos silêncio; voltaremos brevemente ao assunto.