Pragas nos Periódicos

PULGÃO

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Título

PULGÃO

Criador

António Batalha Reis

Fonte

O Elvense, 20º Ano, nº 2007, p. 2.

Data

06-05-1900

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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Começo por dar os meus sinceros parabéns aos lavradores pela abençoada chuva, que nos visitou a semana passada.
Repetindo a frase geral, «deverá a água converter-se em ouro» desde que chegou à terra sequiosa e ávida de humidade. […]
As vinhas, sobretudo, padeceram imenso. Com os grandes frios que se acentuaram este ano, prolongou a vegetação o seu sono, e ainda há pouco rebentaram as vinhas. Mas como logo depois feriram calores estivais, chuparam eles as folhas e a terra, e comprometeriam necessariamente as enxertias, se não aparecesse a benfazeja chuva a remediar os males sofridos, e ainda prevenir as enormes desgraças.
Bem-vinda pois, seja a chuva, e graças a Providência, que foi mais carinhosa para a viticultura.
Até à chuva, só ouvi falar na enorme praga de pulgão que este ano atacava a vinha.
Este coleóptero desenvolve-se rapidamente com o calor, e se o tempo o favorece reproduz-se imensamente e chega a dar cinco gerações por ano.
É conhecido o ciclo completo das suas metamorfoses. O inseto passa o inverno escondido no fundo dos valados e muros vizinhos da vinha. Na primavera aparece nas vinhas desde que rebentam as primeiras folhas, que ele invade, acasalando-se em seguida realiza pouco depois a postura na razão de vinte ovos por fêmea. […]
Sofreram muito as vinhas com os ataques deste velho inimigo, porque ele lhe destrói o parênquima das folhas, que ficam esburacadas e inúteis de funcionarem e colaborem na alimentação da cepa. […] O maior dano do pulgão é no começo porque poderá, se ele ataca em grande número, destruir por completo toda a rebentação inicial das cepas.
Mais tarde, já os seus efeitos são menos temíveis, porque as cepas estão já carregadas de folhas, e os estragos do pulgão só podem ser parciais.
Ordinariamente a maioria dos viticultores despreza o pulgão, e só quando aparece a lagarta é que trata de a apanhar.
Os que combatem o pulgão usam de um funil de forma especial que permite, por meio de uma chanfradura, a sua introdução junto ao pé, por modo que a sua parte larga possa receber tudo o que cair das folhas. Posto então o funil no seu lugar, sacode-se a videira, e os pulgões que são amparados no funil empurram-se deste para dentro de um saco que anda atado ao canudo do mesmo funil.
Esta caçada deverá fazer-se de manhã, muito cedo, e enquanto o pulgão está entorpecido com o frio da madrugada; depois dessa hora nada se conseguirá.
O mais prático é usar do enxofre precipitado, cal e enxofre ou pó cúprico, que não mata o pulgão mas o atrapalha e diminui.

Ficheiros

Colecção

Citação

António Batalha Reis, “PULGÃO”. In O Elvense, 20º Ano, nº 2007, p. 2., 06-05-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 2 de Dezembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/780.

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