Gafanhotos
Dublin Core
Título
Gafanhotos
Criador
S/autor
Fonte
O Elvense, 22º Ano, nº 2184, p. 2.
Data
23-02-1902
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Já principiaram a aparecer em Ouguela e Campo Maior, bem como nas herdades deste concelho, próximas do Guadiana, os gafanhotos de criação que ficou nestes campos no ano passado. Por agora apresentam-se do tamanho de moscas, mas, se imediatas e enérgicas providências não vierem a destrui-los a tempo, por certo que gravíssimo perigo nos ameaça logo que elas tomem a fase de alados. O perigo é tanto que os clamores chegaram já ao parlamento, onde na sessão de 17 do corrente, o deputado deste distrito, sr. Cayola, pediu prontas providências nos termos que transcrevemos de uma crónica parlamentar, num diário de Lisboa:
«O sr. Lourenço Cayola, obtendo a palavra para um negócio urgente, refere-se ao grave perigo que ameaça os lavradores do Alto Alentejo com uma próxima invasão de gafanhotos. A do noa passado causou-lhes graves prejuízos, apesar da invasão, vinda das províncias de Badajoz e Cáceres, se ter realizado no final do mês de Junho, quando as searas, na maior parte, já estavam ceifadas. A deste ano, nem se lhe podem calcular os efeitos. Urge adotar providências imediatas, antes dos insetos nascerem e sobretudo antes deles atingirem a fase de insetos alados, porque é mais fácil destruir os casulos do que os gafanhotos naquele estado. A eclosão dos gafanhotos deve realizar-se até ao fim de Março. Alguns já começam a aparecer. Não há, pois, tempo a perder.
Os técnicos apuraram que, só nos concelhos ao norte da Serra de S. Mamede ficaram 4000 hectares de posturas, a 200 vothecas por metro quadrado. Como cada votheca contém, em média, 25 ovos, apura-se que naqueles concelhos devem nascer, deste modo, duzentos mil milhões de gafanhotos, fora os que venham ainda das províncias espanholas da fronteira, totalmente infestadas. Pede, pois, providências imediatas ao governo e para elas decerto não deixarão de colaborar os lavradores.
O sr. ministro das obras públicas anuncia que tem elaborado um decreto precisamente nas bases expostas pelo deputado progressista e em poucos dias publicará esse decreto.
«O sr. Lourenço Cayola, obtendo a palavra para um negócio urgente, refere-se ao grave perigo que ameaça os lavradores do Alto Alentejo com uma próxima invasão de gafanhotos. A do noa passado causou-lhes graves prejuízos, apesar da invasão, vinda das províncias de Badajoz e Cáceres, se ter realizado no final do mês de Junho, quando as searas, na maior parte, já estavam ceifadas. A deste ano, nem se lhe podem calcular os efeitos. Urge adotar providências imediatas, antes dos insetos nascerem e sobretudo antes deles atingirem a fase de insetos alados, porque é mais fácil destruir os casulos do que os gafanhotos naquele estado. A eclosão dos gafanhotos deve realizar-se até ao fim de Março. Alguns já começam a aparecer. Não há, pois, tempo a perder.
Os técnicos apuraram que, só nos concelhos ao norte da Serra de S. Mamede ficaram 4000 hectares de posturas, a 200 vothecas por metro quadrado. Como cada votheca contém, em média, 25 ovos, apura-se que naqueles concelhos devem nascer, deste modo, duzentos mil milhões de gafanhotos, fora os que venham ainda das províncias espanholas da fronteira, totalmente infestadas. Pede, pois, providências imediatas ao governo e para elas decerto não deixarão de colaborar os lavradores.
O sr. ministro das obras públicas anuncia que tem elaborado um decreto precisamente nas bases expostas pelo deputado progressista e em poucos dias publicará esse decreto.
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “Gafanhotos”. In O Elvense, 22º Ano, nº 2184, p. 2., 23-02-1902. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 17 de Julho de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/799.