AS DOENÇAS DAS OLIVEIRAS
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Título
AS DOENÇAS DAS OLIVEIRAS
Criador
Alberto Augusto Gardé
Fonte
O Elvense, 11º Ano, nº 1023, p. 1.
Data
27-11-1890
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
A oliveira é atacada por muitas doenças, umas devidas à constituição do terreno, influência do clima, maus tratos, etc., e outras, cujas causas muitas vezes se ignoram.
Nos terrenos exclusivamente húmidos as oliveiras definham-se, as folhas amarelecem e caem, os ramos secam e as árvores não chegam a produzir. No colo das raízes destas árvores observa-se uma espécie de cancro, que parece ser devido ao excesso da humidade.
O meio mais usado para combater este mal é a drenagem do terreno, aplicando-se-lhe também boas estrumações para aquece-lo e cortando as raízes que estejam em começo da putrefação.
No nosso país há muitos anos que se perdem grandes colheitas de azeitona com o aborto das flores, devido aos grandes nevoeiros, orvalhos e chuvas, principalmente quando estes agentes atmosféricos se seguem dias de sol ardente, os quais determinando uma mudança rápida de temperatura originam este terrível mal.
Além deste acidente, nas províncias do norte as oliveiras sofrem muito com as grandes nevadas, as quais destroem os ramos novos com o seu peso não podendo portanto as árvores frutificar convenientemente; e pela falta de órgãos, onde, como se sabem, nascem as folhas e os frutos.
Na ocasião da poda deve haver muito cuidado com os cortes, porque, sendo eles mal feitos, podem originar a cárie.
Alguns agricultores atribuem a cárie ao excesso de adubos; esta opinião porém carece ainda de ser confirmada.
Para obstar aos efeitos deste mal, o melhor é fazer novo corte sobre o antigo, cobrindo-o com um emplastro composto de cal, bosta de boi e cinzas, tudo amassado com água de sabão e urina.
A doença que maiores estragos produz nas oliveiras é a fumago salicina, conhecida vulgarmente pelo nome de ferrugem, a qual descrevemos mais circunstanciadamente por ser tão prejudicial aos olivais.
Esta doença, que foi primeiramente observada nos salgueiros, é devido a um fungo que aparece na época do calor, e toma diversos nomes segundo as plantas que ataca; parece contudo pertencer ao grupo dos pyrenomicetos, em virtude de ter deiscência espantosa.
Todos os agricultores conhecem a ferrugem, cujo principal sintoma é a força de um pó negro na face superior das folhas e nos ramos das árvores atacadas. O fungo que dá origem a esta doença não é parasita, como muitos supõem, pois vive à custa de substâncias que se acham depositadas nas folhas e não à custa delas. Este fungo ataca de preferência as oliveiras plantadas em terrenos húmidos e pouco expostos ao vento.
A época de invasão varia; pode dar-se antes da floração, e não há participação portanto; se se realiza na época da fecundação, as flores murcham, secam e caem, finalmente se ataca os frutos não se desenvolvem por falta de alimentação.
Por isto se vê a gravidade da doença e a cautela que devem ter os agricultores em tratar bem as árvores isto é, devem cortar o excesso de ramagem, deixando a copa de modo a que o ar possa circular livremente porque, segundo alguns agrónomos, esta doença ataca de preferências as árvores cuja ramagem esteja de tal modo emaranhada que impeça por consequência a benéfica ação do ar e da luz.
Como dissemos, além destas doenças há outras, cujas causas se ignoram, umas devidas a parasitas entófitos ou que se desenvolvem no interior dos tecidos, e outras a parasitas epifíticos, os quais, desenvolvendo-se na parte mais externa do vegetal (epiderme), vivem à custa da sua seiva.
Nos terrenos exclusivamente húmidos as oliveiras definham-se, as folhas amarelecem e caem, os ramos secam e as árvores não chegam a produzir. No colo das raízes destas árvores observa-se uma espécie de cancro, que parece ser devido ao excesso da humidade.
O meio mais usado para combater este mal é a drenagem do terreno, aplicando-se-lhe também boas estrumações para aquece-lo e cortando as raízes que estejam em começo da putrefação.
No nosso país há muitos anos que se perdem grandes colheitas de azeitona com o aborto das flores, devido aos grandes nevoeiros, orvalhos e chuvas, principalmente quando estes agentes atmosféricos se seguem dias de sol ardente, os quais determinando uma mudança rápida de temperatura originam este terrível mal.
Além deste acidente, nas províncias do norte as oliveiras sofrem muito com as grandes nevadas, as quais destroem os ramos novos com o seu peso não podendo portanto as árvores frutificar convenientemente; e pela falta de órgãos, onde, como se sabem, nascem as folhas e os frutos.
Na ocasião da poda deve haver muito cuidado com os cortes, porque, sendo eles mal feitos, podem originar a cárie.
Alguns agricultores atribuem a cárie ao excesso de adubos; esta opinião porém carece ainda de ser confirmada.
Para obstar aos efeitos deste mal, o melhor é fazer novo corte sobre o antigo, cobrindo-o com um emplastro composto de cal, bosta de boi e cinzas, tudo amassado com água de sabão e urina.
A doença que maiores estragos produz nas oliveiras é a fumago salicina, conhecida vulgarmente pelo nome de ferrugem, a qual descrevemos mais circunstanciadamente por ser tão prejudicial aos olivais.
Esta doença, que foi primeiramente observada nos salgueiros, é devido a um fungo que aparece na época do calor, e toma diversos nomes segundo as plantas que ataca; parece contudo pertencer ao grupo dos pyrenomicetos, em virtude de ter deiscência espantosa.
Todos os agricultores conhecem a ferrugem, cujo principal sintoma é a força de um pó negro na face superior das folhas e nos ramos das árvores atacadas. O fungo que dá origem a esta doença não é parasita, como muitos supõem, pois vive à custa de substâncias que se acham depositadas nas folhas e não à custa delas. Este fungo ataca de preferência as oliveiras plantadas em terrenos húmidos e pouco expostos ao vento.
A época de invasão varia; pode dar-se antes da floração, e não há participação portanto; se se realiza na época da fecundação, as flores murcham, secam e caem, finalmente se ataca os frutos não se desenvolvem por falta de alimentação.
Por isto se vê a gravidade da doença e a cautela que devem ter os agricultores em tratar bem as árvores isto é, devem cortar o excesso de ramagem, deixando a copa de modo a que o ar possa circular livremente porque, segundo alguns agrónomos, esta doença ataca de preferências as árvores cuja ramagem esteja de tal modo emaranhada que impeça por consequência a benéfica ação do ar e da luz.
Como dissemos, além destas doenças há outras, cujas causas se ignoram, umas devidas a parasitas entófitos ou que se desenvolvem no interior dos tecidos, e outras a parasitas epifíticos, os quais, desenvolvendo-se na parte mais externa do vegetal (epiderme), vivem à custa da sua seiva.
Ficheiros
Colecção
Citação
Alberto Augusto Gardé, “AS DOENÇAS DAS OLIVEIRAS”. In O Elvense, 11º Ano, nº 1023, p. 1., 27-11-1890. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/818.