PELA AGRICULTURA

PELA AGRICULTURA

S/autor

Damião de Goes, Ano 7º, nº 324, p. 2.

13-03-1892

Leonardo Aboim Pires

Destruição do filoxera pela eletricidade

São numerosíssimas as aplicações que atualmente oferece a eletricidade.
Os seus efeitos são muito variados, tornando-se notável o progresso do seu emprego em todos os ramos da indústria humana. Por experiências já realizadas conhece-se que a agricultura deve encontrar nela um auxiliar poderoso e indispensável. A eletricidade produz-se hoje com aparelhos relativamente simples e fáceis de transportar.
Em Paris constituiu-se uma sociedade para a destruição do filoxera, cujos estragos constituem um verdadeiro perigo, pelo que aquele parasita é um enorme flagelo. Essa sociedade tem por fim a exploração de processos elétricos e eletroquímicos privilegiados, destinados a exterminar o filoxera e em geral todos os insetos que atacam os vegetais.
Alguns desses processos foram já experimentados e aplicados praticamente.
Dizem que os resultados obtidos são satisfatórios. As experiências têm sido feitas sobretudo até agora num grande número de vinhedos da Borgonha e outras regiões.
As diferentes comissões encarregadas dos respetivos trabalhos constataram o seguinte:
1º - Que a corrente elétrica ordinária mata o filoxera sem prejudicar a vinha.
2º - Que uma corrente mais forte não é prejudicial se a eletricidade tiver pontos de penetração em número suficiente.
3º - Que as vinhas tratadas pela eletricidade apresentam sobre aquelas que não foram submetidas ao tratamento, uma grande superioridade tanto no vigor como na abundância de frutos.
Os troncos e ramos dos vegetais podem também receber a ação duma corrente elétrica de tensão e intensidade correspondentes às suas dimensões. Esta corrente influi em todas as suas partes enquanto dura a operação.
Os factos têm demonstrado que os insetos existentes nas cepas e principais raízes são mortos pela corrente elétrica, favorecida por um líquido condutor.