O SAL CONTRA A FILOXERA
Dublin Core
Título
O SAL CONTRA A FILOXERA
Criador
S/ autor
Fonte
O Jornal de Cantanhede, n.º 78, Pág. 2, col. 2,3
Data
13-12-1890
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
Sabemos de fonte segura que a notícia, aqui publicada há tempo, (n.º 58 de sábado 26 de Julho último) sobre a aplicação do sal (cloreto de sódio) contra a filoxera incitou muitos proprietários a empregar este meio de tratamento que, além de ser pouco dispendioso, é de fácil aplicação. Além de muitos que podíamos citar, mencionamos só o Exmo. barão do Cruzeiro que tem aplicado, e está aplicando grande porção de moios de sal nas vinhas. Porém nem todos sabem o modo de o empregar; e nesse sentido, têm dirigido, segundo as nossas informações, algumas cartas a indivíduos proprietários de S. João do Campo pedindo explicações. Para facilitar aos nossos assinantes, que porventura quiserem também empregar o sal, as informações indispensáveis a tal respeito tratámos de as obter. Eis o que soubemos. O sal pode usar-se indistintamente nas vinhas ou nos bacelos, com tanto que, apesar de atacados da moléstia, apresentem ainda bastante vigor. Espalha-se por cima da terra (em volta das cepas) ou em escavações largas; mas este processo é melhor porque põe o sal mais depressa e melhor em contacto com as raízes afectadas. A porção empregada pode ser muito grande, quando espalhada por cima da terra; nas descavas a dose regular é de meio litro por cada pé. As épocas melhores são o outono e o princípio da primavera. As chuvas em seguida à aplicação são muito proveitosas, como é fácil de compreender. Para as cepas muito atacadas convirá não só fazer duas aplicações anuais, mas empregar os estrumes; o sal mata a filoxera, o estrume fortifica a cepa e assegura a frutificação. Dizemos isto para que não se julgue que o sal só por si tem a virtude de debelar o mal e restaurar a vegetação. Assim como os medicamentos em nós combatem a doença, e a boa dieta nos restitui as forças perdidas, assim também se deve pensar a respeito da vinha. O estrume sem o sal, nas vinhas filoxeradas, é quase sempre impotente ou improfícuo; empregados conjuntamente podem ser considerados como restauradores infalíveis das vinhas filoxeradas. Igualmente nos afirmam, à vista dos resultados obtidos, que o sal deve ser considerado como profiláctico, isto é, como preservativo; e que a sua aplicação nas vinhas indemnes tem a propriedade de as conservar resistentes. Do mesmo modo os bacelos de novo postos, e em que haja cuidado de misturar sal, em quantidade suficiente, com o estrume no unho, desenvolvem-se sem ser atacados da filoxera. Em S. João do Campo, onde primeiramente se principiou a empregar este meio com método, há exemplos frisantes do que fica dito. Consta-nos também que a companhia do caminho-de-ferro da Beira Alta trata de beneficiar a tarifa do sal, para assim facilitar a condução dele aos proprietários. Contra uma moléstia que tantos estragos causa, e que tão rebelde se tem mostrado, convém tentar todos os meios de cura, principalmente quando são económicos e de fácil aplicação como este. Se não se ganhar também pouco se perderá.
Ficheiros
Colecção
Citação
S/ autor, “O SAL CONTRA A FILOXERA”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 78, Pág. 2, col. 2,3, 13-12-1890. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 28 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/964.