Doação Espinha da Silveira
A biblioteca de Luís Espinha da Silveira reúne cerca de 1200 obras maioritariamente dedicadas à História, com particular incidência para a História do séc. XIX.
Luís Nuno Espinha da Silveira nasceu em Lisboa em 1954 e faleceu na Covilhã em 2021. Enquanto aluno da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa concluiu a Licenciatura em História em 1977, tendo defendido o seu Doutoramento em História na NOVA FCSH em 1989. Professor Associado com Agregação do Departamento de História da NOVA FCSH, pertenceu ao corpo docente desde a sua fundação. Entre os muitos cargos que ocupou ao longo da carreira académica, que se estendeu por quatro décadas, foi coordenador do Departamento de História em várias ocasiões, subdirector da NOVA FCSH e Pró-Reitor da Universidade NOVA de Lisboa. Foi ainda um dos co-fundadores do Instituto de História Contemporânea. Neste instituto foi o responsável pelo grupo de investigação “Territórios & Sociedades”, que surgiu em 2003 por sua iniciativa, tendo depois assumido a coordenação do mesmo grupo quando este mudou a designação para “História, Território & Ambiente”.
Autor de uma obra significativa no domínio da História Económica e Social, Luís Espinha da Silveira destacou-se como um dos principais dinamizadores e entusiastas dos estudos sobre o “Longo Século XIX” português, nunca escondendo a sua preferência pela perspetiva comparada e pela longa duração. Os seus trabalhos contribuíram de forma importante para o conhecimento do funcionamento do Estado e da ocupação política e demográfica do território à escala ibérica. Neste domínio será de destacar a criação de uma linha de pesquisa sobre a articulação entre os poderes local e central dos finais do Antigo Regime às décadas iniciais do liberalismo responsável pela produção de trabalhos académicos que contribuíram para a renovação dos estudos sobre a temática. Uma das suas principais áreas de investigação situava-se também no campo das relações entre desigualdades territoriais, dinâmicas populacionais e caminhos-de-ferro. Foi, igualmente, um dos principais precursores a nível nacional e internacional na proposta de aproximação entre o campo disciplinar da História e da Computação, com contributos metodologicamente inovadores, em particular no uso de Sistemas de Informação Geográfica. Na NOVA FCSH foi, em colaboração com outros colegas, um dos criadores do curso de Ciências da Informação e da Documentação, área que apoiou com entusiasmo.
Como professor, destacou-se enquanto orientador de dezenas de estudantes de mestrado, de doutoramento e de bolseiros de pós-doutoramento, salientando-se pela sua postura académica marcada pelo rigor em termos pedagógicos, didáticos e científicos, mas também pelas qualidades pessoais de grande afetividade de que são testemunhas os que mais diretamente tiveram a oportunidade de com ele conviver e trabalhar. Ao nível da Universidade e da NOVA FCSH, que sempre serviu com o mesmo espírito de lealdade, manteve uma postura de exigência constante e, simultaneamente, construtiva tendo sempre como seu objectivo a melhoria destas instituições.
Paulo Jorge Fernandes e Daniel Ribeiro Alves.