A diplomacia na Idade Média
Este curso vai ser lecionado na modalidade de Ensino presencial
Objetivos
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O aluno deve ser capaz de interiorizar a especificidade da prática diplomática e das relações externas no período medievo. Neste sentido, deve estar apto a relacionar as diversas modalidades e vertentes que compõem a diplomacia durante a Idade Média, em particular no que respeita ao reino de Portugal. As funções, competências e sociologia dos agentes diplomáticos, bem como a normativa que fundamenta a sua operacionalidade e as tipologias das missões que integram ou protagonizam (nas quais a cultura material assume rara importância), devem igualmente integrar o quadro de saberes do discente. Por último, deve apreender a partir do estudo de fontes históricas, literárias e iconográficas como as práticas diplomáticas foram então representadas.
Programa
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1ª aula
I – Definição
- A singularidade da diplomacia medieval e das relações externas no período medievo.
II – Estado da Arte
III – Fontes (tipologia)
2ª e 3ª aulas
IV – Funções e competências dos agentes diplomáticos.
- Núncio / Legado
- Procurador
- Embaixador
– Recrutamento
– O embaixador permanente
- Outros agentes
4ª aula
V – A normativa.
- Imunidades e deveres.
- Legislação e práticas.
VI – Cultura material.
- O salvo-conduto.
- A carta de crença.
- Cartas e relatórios (oficiais e não oficiais).
- Oferendas.
- Testemunhos indiretos.
- Financiamento.
– O problema das despesas.
5ª e 6ª aulas
VII – Processos diplomáticos.
- A guerra e a paz.
- Ligas, alianças e contra-alianças.
- Tratados.
- Cerimónias e protocolo.
– Performatividade.
- Ratificações.
- Resgates.
7ª aula
VIII – Psicologia e mentalidades.
- Dificuldades e receios.
- O sentido das alteridades e as construções identitárias.
- Interculturalidade.
- As emoções associadas e o seu controlo.
- O agente diplomático como Homo Viator.
8ª e 9ª aulas
IX – Prática diplomática: a missão.
- Tipologias
– O caso específico das embaixadas.
- Características.
- Composição social.
- Fases da missão.
– Preparação.
– Concretização.
– Conclusão.
10ª aula
X – Momentos definidores para o caso português.
- A fundação do reino.
- Crise no trono (D. Sancho II – D. Afonso III).
- D. Dinis.
- D. João I e a dinastia de Avis.
Bibliografia
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- BRANCO, Maria João e FARELO, Mário, “Diplomatic Relations: Portugal and the Others”, in The Historiography of Medieval Portugal c. 1950-2010, José MATTOSO (dir), Maria de Lurdes ROSA, Bernardo de Vasconcelos e SOUSA, Maria João BRANCO, Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, 2011, pp. 231-259.
- MACEDO, Jorge Borges de, História Diplomática Portuguesa. Constantes e Linhas de Força – Estudo de Geopolítica, vol. I, Lisboa, Tribuna da História, 2008.
- MOEGLIN, J., PÉQUIGNOT, S., Diplomatie et «relations internationales» au Moyen Âge (IXe-XVe siècle), Paris, PUF, 2017.
- QUELLER, Donald E., The Office of Ambassador in the Middle Ages, Princeton, Princeton University Press, 1967.
- SHMESP (éd.), Les relations diplomatiques au Moyen Âge. Formes et enjeux, Paris, Publications de la Sorbonne, 2010.
PROPINA
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Ver tabela em informações úteis
docentes
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Diana Martins é licenciada em História e mestre em História Medieval, Diana Martins é no momento atual doutoranda em Estudos Medievais (NOVA FCSH; UAb), em co-tutela com a École Pratique des Hautes Études (EPHE). Bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/ 143626/2019), está presentemente a desenvolver uma tese sobre os embaixadores e relações diplomáticas portuguesas, entre o reino de Portugal e outras potências cristãs, durante o reinado de D. Dinis (1279-1325).
Paulo Catarino Lopes é investigador integrado do Instituto de Estudos Medievais (IEM) e investigador associado do CHAM — Centro de Humanidades, ambas Unidades de investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), instituição na qual obteve os graus de mestre e doutor em História após licenciar-se no mesmo domínio científico pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Tendo como domínio de especialização a História Medieval (Cultura e Mentalidades), os seus interesses de investigação debruçam-se sobre os seguintes temas: Viagens e viajantes; Diplomacia e Relações Internacionais; Estrangeiros. Atualmente desempenha as funções de investigador doutorado contratado na NOVA FCSH.
Tiago Viúla de Faria (Lisboa, 1978) é investigador no Instituto de Estudos Medievais da NOVA FCSH. Formado em Línguas e Literaturas Modernas (Licenciatura), Estudos Medievais (Mestrado) e História (Doutoramento), lecionou História de Inglaterra e da Europa Medieval no ensino superior britânico e manteve fellowships de investigação em Baltimore, Madrid e Paris. Especializando-se em relações anglo-portuguesas na Idade Média (D.Phil., Universidade de Oxford, 2013), desde então tem vindo a alargar o inquérito sobre as questões em torno das relações externas de Portugal medieval. Como bolseiro de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, desenvolveu investigação sobre epistolografia e práticas diplomáticas. Atualmente, estuda o papel da diplomacia na política portuguesa antes do período moderno.