02
Set
Data: 2 a 13 Set 2024
Horário: dias úteis das 18h00 às 20h30
Duração: 25h | 2 ECTS
Morada: NOVA FCSH |
Área: História da Arte e Estudos Artísticos
Docente responsável: Maria Irene Aparício
Docente: Paulo Portugal
Acreditação pelo CCPFC: Não
Ensino a distância
 
Este curso vai ser lecionado na modalidade de ensino a distância

 

Objetivos

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Este projeto assume o objetivo de contribuir para uma redescoberta da cinefilia na era digital. Uma problemática que se Insere no contexto da história, preservação e digitalização do cinema português, bem como as principais experiências internacionais de divulgação do cinema de património. Procura-se com este curso conferir conhecimentos adequados à compreensão do seu alcance técnico-prático, bem como as diversas metodologias implicadas. O estudo reflete o panorama da transição digital e o frutuoso diálogo de valorização do arquivo de cinema de património que se foi estabelecendo entre diferentes ferramentas de mediação académica, como os estudos de cinema, a história de arte, as humanidades, a antropologia ou a “literária fílmica”.

 

Programa

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O programa propõe um estudo sobre a cinefilia na atual era de transição digital. Esta expressão, associada ao “amor pelo cinema”, tem sido um conceito em constante restruturação. Aborda-se o seu significado no cruzamento de diferentes contextos históricos, contemplando o cânone e a democratização do acesso proporcionado pelo avanço tecnológico, ampliando o tempo histórico da cultura cinematográfica e a diversificação do espaço geográfico. Na atual cultura de dispersão, partilha e ubiquidade – entre PDF’s, URL’s, downloads e cópias infinitas – já se fala de diversas cinefilias. Seja através da oferta das plataformas (Youtube, Vimeo), do streaming (Netflix, Mubi, Filmin) ou até na troca e partilha de ficheiros (legais ou ilegais). Algures entre a cultura ‘open source’ e os estudos de cinema. Assim é a cinefilia do século XXI, nascida a partir da emergência digital. Este será um campo de diálogo multidisciplinar, envolvendo o cinema de património com os estudos museológicos, a história de arte ou as humanidades digitais. Nesse sentido, considera-se o desenvolvimento de ferramentas epistemológicas que encaram o cinema na sua história, mas também nas suas diferentes configurações transmediáticas, adaptadada novas metodologias e contextos. O recente projeto FILMar, levado a cabo pela Cinemateca Portuguesa, será o estudo de caso na medida em que, ao fazer uma leitura sobre o mar, permitiu a (re)descoberta um país através do cinema. O programa de estudos estrutura-se em três partes:

1 – História da cinefilia: abordagem histórica, analítica e tecnológica do fenómeno da ‘paixão do cinema’ e as formas diversas que assumiu ao longo dos tempos. Desde a euforia dos anos vinte e a transição do cinema mudo para o sonoro, passando pelo período do pós-guerra até à viragem do século. Estre capítulo é complementado com visionamento e discussão de casos concretos.

2 – Cinefilia digital: considera-se a entrada da cinefilia no contexto digital e a forma como a materialidade do cinema a converte num laboratório de experimentação dominado por uma acessibilidade aberta e dispersa por diversas plataformas possibilitando uma multiplicidade de configurações.

3 – Cinefilia e mediação: a inevitabilidade deste património digital, marcado pela dispersão e ubiquidade, faz com que se aproxime necessariamente de outras áreas do conhecimento, como a antropologia, a etnografia, a história de arte, as humanidades ou a literacia fílmica. O espaço de curadoria e o acesso ao arquivo digital como uma experiência museológica e participada no património de cinema.

 

Bibliografia

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  • Baecque, A. (2003). La Cinéphilie. Éditions Fayard.
  • Casetti, F. (2015). The Lumière Galaxy. Seven Key Words For The Cinema To Come. Columbia University Press.
  • Elsaesser, T. (2016). Film History as Media Archeology – Tracking Digital Cinema. Amsterdam University Press.
  • Hagener. M. (2014). Como a Nouvelle Vague Inventou o DVD: cinefilia, novas vagas e cultura cinematográfica na era da disseminação digital. Aniki. Vol 1. Nº1: 73-85.
    https://doi.org/10.14591/aniki.v1n1.61.
  • Jenkins, H. (2006). Convergence Culture. Where Old and New Media Collide. New York University Press.

 

PROPINA

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Ver tabela em informações úteis.

 

docentes

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Maria Irene Aparício (Ph.D., Universidade Nova de Lisboa, 2011) é professora auxiliar na NOVA FCSH – Universidade Nova de Lisboa, e investigadora no CineLab – Laboratório de Cinema e Filosofia | Ifilnova. Tem um pós-doutoramento em Estudos Artísticos, com financiamento da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, e doutoramento em Cinema pela Universidade Nova de Lisboa, com a tese “Luz e Arquitetura do Espaço no Cinema: Imagem, Memória e Emoção na Década da Mente”. Coordena o Programa de Divulgação “Cinema & Filosofia na Biblioteca” (Laboratório de Divulgação) e o Grupo de Investigação “Cinema e Política: Abordagens Filosóficas” baseado no CineLab. Os seus interesses de investigação incluem também: Teoria e Prática do Cinema (por exemplo, luz, espaço e lugar, tempo, emoção e arquivos); Práticas Artísticas e Investigação em Arte (e.g. cinema, fotografia, arquitetura e paisagem urbana, videoensaio); Cinema e Filosofia (por exemplo, Perceção, Cognição e Linguagem Cinematográfica); Cinema, Ecologia e Filosofia Política; Cinema e História. O foco principal são as questões do cinema português e do património cultural, bem como os problemas artísticos, filosóficos, éticos, históricos e políticos do cinema contemporâneo. Docente no Departamento de Ciências da Comunicação, nas áreas de Cinema e Televisão e Estudos Artísticos, onde leciona, nomeadamente como UCs de Cinema Contemporâneo (Mestrado), e Filmologia e Programação Cinematográfica (Licenciatura).

Paulo Portugal é doutorando no curso de Estudos Artísticos Arte e Mediações da NOVA FCSH, variante cinema, sob a orientação da professora Maria Irene Aparício. No futuro, pretende desenvolver uma investigação em sobre o processo de digitalização do cinema português, em particular, no que diz respeito à preservação e como objeto de património artístico. Em 2021 concluiu o mestrado com o tema “Viagem, Desvio, Transfiguração – O monólogo interior como ato de resistência no renascimento da mise en scène”, também sob orientação da professora Irene Aparício. Tem uma carreira de mais de duas décadas como jornalista de cinema, tendo participado em dezenas de festivais, bem como júri FIPRESCI (crítica internacional), como Cannes, Berlim, Veneza, San Sebastian, Karlovy Vary, Toulouse, Lyon, Bolonha, Rio de Janeiro, Tóquio, Miami, Zanzibar. Na NOVA FCSH fundou o CINEblog e organizou vários workshops de jornalismo de cinema na Berlinale, em colaboração com o Ifilnova.

  • Centro Luís Krus – Formação ao Longo da Vida
  • Cursos da Escola de Verão (EV)