02
Jul
Data: 2 a 9 Jul 2024
Horário: dias úteis das 18h30 às 21h00
Duração: 15h
Morada: NOVA FCSH | Sala B310
Área: História da Arte e Estudos Artísticos
Docente responsável: Paulo Filipe Monteiro
Docente: António Figueiredo Marques
Acreditação pelo CCPFC: Não
Ensino presencial
Este curso vai ser lecionado na modalidade de ensino presencial 

 

Objetivos

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  • Analisar as metamorfoses dos modelos cénicos tendo em conta as acepções do conceito e práticas das dramaturgias de palco, de modo panorâmico;
  • Questionar o espectáculo: “se não é diegético, é o quê?”
  • Relacionar os elementos expressivos presentes em palco com tipos e sentidos dramatúrgicos;
  • Elencar e problematizar as materialidades do espectáculo (corpo e fisicalidade; óptico e arquitecturas; som e auralidade; linguagem e discursividade; medias e interartes);

 

Programa

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Perante a indefinição do espectáculo contemporâneo (teatro, dança, performance art, instalação, conferência-performance), o espanto não nos permite “compreendê-lo”. Em vez de se buscar o sentido (estável e enunciável), o espectáculo contemporâneo interpela o público do ponto de vista das emoções e da estética. Assim, a leitura da cena contemporânea é estabelecida através da experiência sensível e dos materiais expressivos presentes em palco (princípio fenomenológico), bem como através da heterogeneidade e a acumulação de signos e indícios (princípio semiótico). A interpretação estará, necessariamente, aberta em função da constelação de relações. Percorrendo temas como dramaticidade, narratividade, teatralidade e performatividade, o curso apresenta exemplos de espectáculos, crítica e visionamentos (por exemplo, Mónica Calle, Marlene Monteiro Freitas, CiRcoLando, Nuno M. Cardoso, Christiane Jatahy, Mala Voadora).

1. Discussão dos principais conceitos: fuga dos modelos

  • Discussão dos principais conceitos: fuga dos modelos
  • As dramaturgias de palco, o estilhaçar dos modelos narrativos e dramáticos, diluição de personagem e trama;
  • Montagem e recepção, a função da dramaturgista;
  • Não linearidade, tableaux vivants cénicos em direcção a uma dramaturgia não narrativa.

2. Dramaturgia do corpo: o ímpeto pulsional

  • A vibração das pulsões, os afetos e o infra-movimento energético;
  • O cinético, a atenção, o corpo não normativo, o pós-humano;
  • Os quatro nós da dramaturgia do corpo: vitalidade, sensorialidade, extraordinário, objetualidade.

3. Dramaturgia visual: simultaneidade e dispersão do olhar

  • A arquitetura de cena, materialidades e texturas;
  • O espaço global, irrupção, black box e white cube;
  • Os quatro nós da dramaturgia visual: simultaneidade, materialidade, espaço, imago.

4. Dramaturgia do som: imersão e ambiência

  • A atenção aural e a espessura acústica;
  • O som “natural”, a cacofonia, o som intencional;
  • Os quatro nós da dramaturgia do som: aural, transmissão, ruído, ritmo.

5. Dramaturgia da linguagem: ação pelo discurso

  • A articulação da fala e o destronar do logocentrismo;
  • O agir na linguagem: carácter ilocutório, performativo e político;
  • Os quatro nós da dramaturgia da linguagem: enunciativo, discursivo, ilocutório, ensaístico.

6. Dramaturgia intermedial: o teatro como um grande hipermédia

  • As relações entre artes performativas e os media studies;
  • O medium como dispositivo cultural e técnico na imediaticidade e na remediação;
  • Os quatro nós da dramaturgia intermedial: virtual, digital, distância, ausência.

 

 

Bibliografia

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  • Bleeker, Maaike (2003). “Dramaturgy as a mode of looking” in Women & Performance: A Journal of Feminist Theory, 13:2, 163-172, DOI: 10.1080/07407700308571432
  • Chappel, Frieda & Kattenbelt, Chiel (2006). Intermediality in Theatre and Performance. Amsterdam & New York: Editions Rodopi.
  • Fischer-Lichte, Erika (2019). Estética do Performativo. Lisboa: Orfeu Negro.
  • Home-Cook, George (2015). Theatre and Aural Attention: stretching ourselves. London: Palgrave McMillan.
  • Lehmann, Hans-Ties (2017). Teatro Pós-dramático. Lisboa: Orfeu Negro.

 

PROPINA

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Ver tabela em informações úteis.

 

docentes

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António Figueiredo Marques António Figueiredo Marques é investigador do ICNOVA (Performance & Cognição) e co-editor e contribuidor do site sobre artes performativas CRATERA, estando a finalizar o doutoramento em Comunicação e Artes (Ciências da Comunicação, NOVA FCSH) com um projecto sobre dramaturgias não narrativas. Desenvolve investigação em torno das dramaturgias de palco, examinando os mecanismos, materialidades e sensorialidades da montagem na cena contemporânea. Além de folhas de sala de espectáculos, publicou, entre outros artigos, sobre Mónica Calle “Mapas e Desejos” (Revista Urdimento) e sobre Patrícia Portela “Parasomnia: Sleep against capitalism” (Arts). Desde 2019, membro da associação europeia EASTAP. Como performer frequentou formações com Mónica Calle, Miguel Moreira, Tiago Vieira, Renato Ferracini. (Lume Teatro, BR) e Yael Karavan (UK). CiênciaVitae: https://cienciavitae.pt/portal/0D13-D82E-5097. 

Paulo Filipe Monteiro é Professor catedrático de Artes Cénicas e de Cinema na Universidade Nova de Lisboa, onde fundou e coordena o Mestrado em Artes Cénicas. O seu livro “Drama e Comunicação” foi eleito melhor livro de 2010 pela Imprensa da Universidade de Coimbra; também publicado no Brasil (2012) pela Annablume. Em 2012 publicou “Imagens da Imagem”. Entre os seus escritos recentes: “Uma arte em bruto: o cinema de João César Monteiro”, in Lucia Nagib e Anne Jerslev (orgs.), “Cinema Impuro: Abordagens Intermédias e Interculturais ao Cinema”, I.B. Tauris, 2014, “Elogio do desconhecido”, Interact, 2018, e “El ritmo en el nuevo teatro y en el teatro-danza”, in Salomé Lopes Coelho e Aníbal Zorrilla (orgs.), Estética y Política del Ritmo, Paris, Rhutmos, 2020. Realizou conferências e workshops em Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Rússia, Alemanha, Irlanda, Brasil, Argentina e EUA. Escreveu e realizou dois filmes de ficção: “Amor Cego/Três ao Tango”, 2010, 25′; e “Zeus”, 2017, 117′, que ganhou 12 prémios, incluindo melhor filme e melhor realizador. Como guionista, escreveu para outros diretores 7 longas-metragens, selecionados para Cannes, Locarno, São Paulo, etc. Também encenou 16 peças de teatro. Trabalhou extensivamente em dramaturgia de dança, especialmente depois de Pina Bausch o ter convidado em 2000 para acompanhar o seu trabalho em Wuppertal.

  • Centro Luís Krus – Formação ao Longo da Vida
  • Cursos da Escola de Verão (EV)