![Explorar a doença nos arquivos, em campo e no laboratório: contributo interdisciplinar](https://www.fcsh.unl.pt/content/uploads/2024/11/BeFRAIL.Promo_CAN.jpg)
Explorar a doença nos arquivos, em campo e no laboratório: contributo interdisciplinar
Objetivos
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Alicerçando-se na interdisciplinaridade, este curso apresenta a importância do cruzamento de saberes e práticas na compreensão diacrónica do eixo corpo-doença e das suas múltiplas asserções. Centrar-se-á em três grandes domínios: a análise arquivística (diferentes tipos de fontes e documentos); o estudo de contextos arqueológicos (tipologias de enterramentos); e a análise de remanescentes humanos (métodos de observação, registo e identificação de alterações ósseas), e a sua importância cumulativa na reconstrução de padrões de saúde e comportamento. Será ainda explorada a diferenciação entre alterações de natureza patológica e pseudopatologica e a importância do diagnóstico diferencial, e da abordagem bio cultural no estudo da doença.
Programa
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O curso está dividido em três grandes domínios uteis para a recolha de fontes diretas e indiretas utilizadas no estudo da doença. Com este curso pretende-se que @s alun@s adquiram conhecimentos relativos à:
- Contribuição dos arquivos para o conhecimento da doença no passado, e o seu impacto societal. Serão abordados diferentes tipos de fontes documentais provenientes de diferentes poderes e entidades públicas e privadas; assim como discutidas formas de organizar e de tratar informações provenientes das mesmas;
- Interpretação de contextos arqueológicos associados a eventos extremos, tais como epidemias, com base na abordagem arqueotanatológica
- Identificação, e diferenciação de alterações de natureza tafonómica e alterações de natureza patológica observáveis em remanescentes ósseos humanos e não humanos;
- Sejam capazes de explorar o raciocínio subjacente ao exercício do “diagnóstico diferencial” aplicável ao estudo de remanescentes humanos.
Conteúdos programáticos:
- Introdução ao estudo da doença no passado, inclusivamente na análise paleopatológica, com foco em fontes primárias e secundárias, e a sua relevância para o conhecimento atual e modelação futura de impactos societais da doença;
- O caso especial dos arquivos: dados indiretos para a perceção histórica, social e cultural da saúde e da doença;
- A importância do contexto arqueológico e dos gestos funerários para a compreensão de episódios epidémicos. O corpo e a doença: diferentes tipos de resposta do tecido ósseo e a importância do diagnóstico diferencial. Diferenciação entre alterações patológicas e pseudopatologias. As patologias identificáveis com base na análise de elementos ósseos: alterações da cavidade oral, alterações articulares e da entese, lesões de natureza traumáticas, alterações afetas a patologias infeciosas, alterações relacionadas com problemas metabólicos e congénitos, neolplasias, entre outras;
- Considerações e desafios afetos à teoria, métodos e interpretação da doença;
- A importância das abordagens interdisciplinares;
- Estudos de casos.
Bibliografia
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- Buikstra, J. E.; Ubelaker, D. H. (1994). Standards for Data Collection from Human Skeletal Remains. Fayetteville: A.K, Arkansas Archaeological Survey.
- Knüsel, C.; Schotsmans, E. M. (eds.). (2021). The Routledge handbook of archaeothanatology. Abingdon/New York: Routledge.
- Herring, D. A.; Swedlund, A. C. (eds.). (2002). Human biologists in the archives: demography, health, nutrition and genetics in historical populations. Cambridge: Cambridge University Press.
- Ortner, D. J. (ed.) (2003). Identification of Pathological Disorders in Human Skeletal Remains. San Diego: California Academic.
- White, T. D.; Folken, P. A. (2005). The Human Bone Manual Osteology. Amsterdam: Elsevier.
PROPINA
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Ver tabela em Informações úteis.
docente(s)
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Alexandra Esteves é doutorada em História Contemporânea e professora associada com agregação do Departamento de História da Universidade do Minho, na qual também exerce as funções de diretora do Mestrado em Património Cultural e de vice-presidente para a Investigação do Instituto de Ciências Sociais. É, ainda, investigadora integrada do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT) do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, onde coordena o grupo Lands, membro integrado do IN2PAST, e investigadora colaboradora do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da Universidade Católica Portuguesa. Nos últimos anos, a sua atividade investigativa tem incidido sobre matérias que se inserem nas áreas da História Social, designadamente da saúde, da doença e epidemias, da assistência, das questões de género, da marginalidade, da violência, e das prisões, bem como da História das sociabilidades, incluindo questões relacionadas com o lazer, instituições e relações sociais, entre os séculos XIX e XX. É autora, coautora e coordenadora de diversas obras e autora de capítulos de livros, bem como de dezenas de artigos científicos publicados em diferentes países. Os resultados da sua investigação têm sido apresentados em congressos nacionais e internacionais e publicados em livros e em revistas da especialidade. Orienta teses de mestrado e de doutoramento nas áreas da História e do Património e participa em vários projetos científicos nacionais e internacionais, com financiamento.
Francisca Alves Cardoso é Doutorada em Arqueologia pela Universidade de Durham (UK) e especialista em Antropologia Biológica. Atualmente é Investigadora Auxiliar do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia, Coordenadora do Laboratório de Antropologia Biológica e Osteologia Humana (LABOH) e Docente Convidada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa. Os seus interesses incidem sobre as questões éticas do uso, e acesso a remanescentes biológicos humanos para estudo científico e ensino. Dedica-se ainda à reconstrução de padrões comportamentais e a saúde no passado, explorando implicações societais futuras com foco na transdisciplinaridade e abordagem multi-metodológica. Orienta várias teses de mestrado e de doutoramento nas áreas da Antropologia e Arqueologia, e participa em vários projetos científicos nacionais e internacionais, com financiamento. Destes destacam-se o projeto BeFRAIL – O Porto em Tempos de Cólera e Guerra: Uma abordagem bioarqueológica à fragilidade humana, e o projeto CEECIND – Life After Death.
Sandra Assis é doutorada em Antropologia Biológica pela Universidade de Coimbra (Portugal). Concluiu o Mestrado em Evolução Humana pela Universidade de Coimbra em 2007, e a licenciatura em Antropologia pela mesma universidade em 2002. É investigadora colaboradora do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia (NOVA FCSH, Portugal). Tem longa experiência em antropologia de campo e de laboratório e vasto conhecimento na análise de vestígios humanos numa perspetiva biológica, histórica e patrimonial. Tem particular interesse pelo estudo diacrónico de alterações e patologias ósseas e dentárias que afetaram as populações do passado e sua respetiva evolução. Tem centrado a sua investigação na análise paleohistológica de alterações ósseas. Publicou vários artigos em revistas especializadas e possui um livro infantil de divulgação da ciência. Organizou e coordenou vários eventos científicos. Tem interesse por comunicação de ciência, tendo desenvolvido dispositivos pedagógicos e realizado inúmeros workshops em escolas e museus.
Rui Leandro Maia é doutor em Sociologia (2002), mestre em História das Populações (1995) e licenciado em História (1988). Atualmente é Professor Associado Convidado da Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal, e investigador no CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”. Os seus principais domínios de investigação incluem criminologia, demografia, sociologia, segurança alimentar, meio ambiente e tratamento, análise e crítica de fontes, com produção científica traduzida em diversas publicações.
Paula Mota Santos doutorou-se em Antropologia na UCL – University College London (Reino Unido), e é Professora Associada da UFP – Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal. É Investigadora Associada do CAPP – Centro de Administração e Políticas Públicas, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Portugal. É também licenciada em História, variante arqueologia pela Universidade do Porto. Tem um M.A. em Archaeological Studies pela Reading University, UK. A sua pesquisa centra-se na relação entre identidade social e espaço, e o papel dos sistemas representacionais nessa relação. Tem investigado e publicado sobre imigração, sistemas urbanos e minorias, turismo, património e práticas museológicas. Interessa-se também por fotografia anónima e documentarismo. Realizou dois documentários. É membro fundador do ATIG – Anthropology of Tourism Interest Group, parte da American Anthropological Association. Foi membro dos paineis do ATIG para o The Ed Bruner Book Award e o The Nelson Graburn Book Award. Foi Visiting Scholar no Departament of City and Regional Planning, University of California at Berkeley, tendo também colaborado com o Portuguese Studies Program da mesma Universidade.