Património Imaterial, Inventários e Metodologias Participativas
A importância económica e política, mas também como fator de coesão social, do património cultural imaterial (PCI) faz com que a regulação nacional e internacional imponha, cada vez mais, uma dimensão participativa nos processos de seleção, recolha, inventariação, bem como na constituição de dossiers para inscrição nas listas de PCI da Humanidade da UNESCO. Este curso apresenta propostas e instrumentos metodológicos para uma articulação produtiva entre agentes promotores e detentores de património. Serão apresentados exemplos concretos e discutido o papel das comunidades locais nas fases de inventariação, inscrição e salvaguarda de elementos de PCI.
Visitas previstas: Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras
Unidades de Investigação envolvidas: Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA – NOVA FCSH)
Parcerias: Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras e Memória Imaterial
Programa
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10 fevereiro: Boas-vindas e apresentação do curso. A Convenção do Património Cultural Imaterial. (Amélia Frazão Moreira, NOVA FCSH – CRIA)
11 fevereiro: PCI e metodologias participativas. (Filomena Sousa, Memória Imaterial)
12 fevereiro: Quadro legal do PCI na administração central e local em Portugal. O Inventário Nacional do PCI: procedimentos e desafios. (Ana Saraiva, CRIA – NOVA FCSH e Museu-Biblioteca Casa de Bragança)
13 fevereiro: PCI e multilateralidade (PCI na UNESCO) Os mecanismos da Convenção a partir de exemplos concretos. (Júlio Sá Rego, CRIA – Iscte)
14 fevereiro: PCI como instrumento de desenvolvimento sustentável. Exemplos em Moçambique e em Portugal. (Júlio Sá Rego, CRIA – Iscte)
15 fevereiro: Visita de estudo: Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras
17 fevereiro: Metodologias participativas já na fase da implementação e monitorização dos planos de salvaguarda pós INPCI. (Ana Saraiva, CRIA – NOVA FCSH e Museu-Biblioteca Casa de Bragança)
18 fevereiro: PCI e Inventariação. Exemplos e reflexões. (Filomena Sousa, Memória Imaterial)
19 fevereiro: PCI, registo audiovisual e arquivos. (José Barbieri, Memória Imaterial)
20 fevereiro: Remate e discussão. (Amélia Frazão Moreira, NOVA FCSH – CRIA)
Avaliação: A avaliação é composta pelos seguintes elementos:
– Participação nas aulas – 30%
– Realização de trabalho final – 70%
O trabalho final deverá ser realizado sobre um, ou vários, dos assuntos focados nas sessões do curso, sendo a temática específica escolhida de forma livre pelos estudantes.
Em cada módulo, a/o docente apresentará sugestões de tópicos para a realização do trabalho final.
O trabalho final deverá ter no máximo de 5 (espaço 1,5; letra Times de tamanho 12), não contando com as imagens e documentos de apoio que deverão ficar em anexo. No caso de trabalhos que sejam um exercício de inventário o número de páginas poderá ascender às 10 páginas.
Data de entrega: 28 de fevereiro (os estudantes devem enviar o trabalho através do Inforestudante – Submissão de Trabalhos)
Bibliografia
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- Adell, N., Bendix, R. F., Bortolotto, C., & Tauschek, M. (2015). Between imagined communities and communities of practice-participation, territory and the making of heritage. Göttingen: Universitätsverlag Göttingen.
- Sousa, F. C. (2015). Património Cultural Imaterial–MEMORIAMEDIA e-Museu-Métodos, Técnicas e Práticas. Alenquer: Memória Imaterial CRL.
DOCENTES
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Amélia Frazão Moreira é professora associada de Antropologia na NOVA FCSH e investigadora integrada no Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA). Foi membro (expert) do Órgão de Avaliação da Convenção do Património Cultural Imaterial da UNESCO, representando a Europa Ocidental e a América do Norte (2015 a 2018) e Vice-Presidente deste Órgão em 2017. As suas áreas de especialização são a Antropologia Ambiental e a Etnobiologia, tendo pesquisa sobre processos de patrimonialização e de conservação da natureza.
Ana Saraiva é doutorada em antropologia pela NOVA FCSH. Investigadora integrada do Centro em Rede de Investigação em Antropologia – CRIA, NOVA FCSH. Desempenhou funções dirigentes nas áreas da cultura e do património (chefe de divisão de cultura e museus nos municípios de Ourém e Leiria; e chefe de divisão de património móvel e imaterial da Direção-Geral do Património Cultural). Atualmente, dirige o Museu-Biblioteca da Casa de Bragança.
Filomena Sousa é pós-doutorada em antropologia (NOVA FCSH) e doutorada em sociologia (ISCTE IUL). Colaboradora no Instituto de Estudos de Literatura e Tradição da NOVA FCSH e no projeto MEMORIAMEDIA. Tem experiência como docente no ensino superior e desenvolve investigação no âmbito da salvaguarda do Património Cultural Imaterial (PCI). Realizou vários documentários sobre cultura popular.
Júlio Sá Rego é antropólogo e economista, especialista do património cultural imaterial e do desenvolvimento sustentável. Ele tem experiência de intervenções na área da salvaguarda em Angola, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Antigo gestor de projetos da UNESCO, hoje ele é consultor do Secretariado da Convenção de 2003. Investigador do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA-ISCTE), ele é autor do livro “O criado do pastor”, sobre as comunidades pastoris serranas do Norte de Portugal, menção honrosa do Júri do XXVI Prémio Vicente Risco de Ciências Sociais (2022).
José Barbieri é licenciado em Teatro e Cinema pelo Conservatório Nacional de Lisboa. Recebeu uma Bolsa de Jovem Criador para Teatro do Centro Nacional de Cultura. Inicia a sua prática profissional no Teatro Nacional de S. Carlos e na Companhia Nacional de Bailado, assegurando a direção cenográfica de ambas as estruturas. Fundador do projeto MEMORIAMEDIA e Museu do Património Imaterial dedicado à recolha e difusão de conteúdos da tradição oral, uma parceria entre a Memória Imaterial CRL e o IELT – Instituto de Estudos de Literatura e Tradição. Integra a equipa de gestão de dados e divulgação da iniciativa de cooperação da UE “EU-LAC-MUSEUMS – Museums and Community, Concepts, Experiences, and Sustainability in Europe, Latin America and the Caribbean”.