Teatro moderno em Portugal: aproximações e distanciamentos
Este curso vai ser lecionado na modalidade de Ensino presencial
Objetivos
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O curso propõe-se investigar aspetos estéticos do teatro em Portugal desde o fim do século XIX até às primeiras décadas do século XX. Desse modo, serão considerados os esforços empreendidos por diferentes dramaturgos, ao longo de aproximadamente trinta e cinco anos, para renovar os códigos cénicos vigentes nos palcos portugueses. Para tanto, serão estudados textos dramáticos que almejavam uma filiação estética diferente do teatro comercial então predominante, uma vez que os seus autores procuraram adequar essas peças ao que então se considerava o teatro moderno.
Programa
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A partir do caminho aberto por Eugénio de Castro, introdutor do Simbolismo em Portugal e que se correspondeu com Maurice Maeterlinck, um dos principais expoentes daquela corrente estética na Europa, autores dramáticos como António Patrício, Fernando Pessoa e Raul Brandão, entre outros (nem todos eles explicitamente orientados por preceitos simbolistas), vislumbraram nas primeiras peças do escritor belga um modelo de renovação dramática. Assim, em maior ou menor grau, o conjunto de dramaturgos a serem estudados neste curso lança mão de expedientes já anunciados nos primeiros dramas de Maeterlinck, tais como a prevalência da forma monológica no interior do diálogo; a convergência psíquica das diferentes figuras que habitam a cena; a sujeição do visível ao invisível, muitas vezes identificada com o princípio da “personagem sublime”; a intuição, pelas personagens, de sua própria condição ficcional; ou a aniquilação da mimese realista em favor de um teatro com feições oníricas.
Segue o conteúdo programático previsto para os nove encontros:
- Introdução ao moderno teatro português (1894-1930).
- O modelo simbolista: Maurice Maeterlinck e o teatro estático. Leitura fundamental: A INTRUSA (1890).
- Eugénio de Castro e uma nova espécie de teatro. Leitura fundamental: O REI GALAOR (1897).
- D. João da Câmara na encruzilhada naturalista-simbolista. Leitura fundamental: MEIA-NOITE (1900).
- A personagem sublime no teatro de António Patricio. Leitura fundamental: DINIS E ISABEL (1919).
- Simbolismo e modernismo em Fernando Pessoa. Leitura fundamental: O MARINHEIRO (1915).
- Almada Negreiros e a consciência do espetáculo. Leitura fundamental: ANTES DE COMEÇAR (1919).
- A vocação monodramática de Raul Brandão. Leitura fundamental: O GEBO E A SOMBRA (1923).
- O uno e o múltiplo em Branquinho da Fonseca. Leitura fundamental: CURVA DO CÉU (1930).
Bibliografia
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- CABRAL, Maria de Jesus. “Da (des)ilusão teatral no palco simbolista. De Mallarmé e Maeterlinck a Castro e António Patrício”. In: Ana Clara Santos (org.). Palco da ilusão: Ilusão teatral no teatro europeu. Paris: Éditions Le Manuscrit, 2013, p. 187-231.
- JUNQUEIRA, Renata Soares. Transfigurações de Axel: leituras de teatro moderno em Portugal. São Paulo: Ed. Unesp, 2013.
- OLIVEIRA, Fernando Matos. O destino da mimese e a voz do palco: o teatro português moderno: Pessoa, Almada, Cortez. Braga: Angelus Novus, 1997.
- REBELLO, Luiz Francisco. Três espelhos: uma visão panorâmica do teatro português do liberalismo à ditadura (1820-1926). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010.
- SÁ-CARNEIRO, Mário de. O teatro-arte (apontamentos para uma crónica), O rebate, Lisboa, n.º 106, 28 de novembro de 1913.
PROPINA
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Ver tabela em informações úteis.
docente
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Flávio Rodrigo Penteado é Investigador de Pós-Doutoramento no âmbito do projeto de investigação Estranhar Pessoa (http://estranharpessoa.com) do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição. O seu trabalho centra-se na modernidade literária e teatral, com ênfase nas obras de Fernando Pessoa e Mário de Andrade. Publicou mais de uma dezena de artigos em revistas especializadas e capítulos de livro, a maior parte deles focada em Pessoa. Editou a coletânea “Me esqueci completamente de mim, sou um departamento de cultura” (com Carlos Augusto Calil, IMESP, 2015), a antologia “Primero de Mayo y otros cuentos” (com Jorge Uribe, Uniandes, 2017), de Mário de Andrade, e o volume “Mário de Andrade por ele mesmo”, de Paulo Duarte (Todavia, 2022). Também integra o grupo de investigação Estudos Pessoanos (https://estudospessoanos.fflch.usp.br).