PELA AGRICULTURA

PELA AGRICULTURA

S/autor

Damião de Goes, Ano 9º, nº 441, p. 2.

10-06-1894

Leonardo Aboim Pires

No último número do nosso semanário dissemos que alguns viticultores se achavam desanimados ante a invasão das suas plantações por uma doença que era desconhecida, e fizemos ver que era de grande utilidade a visita de uma pessoa competente aos vinhedos atacados, para definir o mal e indicar-lhe o tratamento próprio e conveniente. […] E porque nos convencemos de que por parte de quem devia intervir no assunto nada se faria, tratámos, consoante os nossos recursos, de colher alguns esclarecimentos para elucidação dos viticultores a quem eles possam aproveitar; esclarecimentos que apresentamos com a maior lealdade, e com o único intuito de prestarmos, sem mira de agradecimentos, um serviço, se bem que insignificante aos que neles tenham interesse.
A doença a que, em primeiro lugar, nos referimos no artigo do último número e que se manifesta na parra, é na opinião dos indivíduos autorizados e de que do assunto têm feito estudos especiais, a antracnose, a que alguns dão o nome de charbon. Manifesta-se em todos os órgãos da cepa e por três formas: maculada, deformante e pontuada.
A primeira é a mais perigosa e que pode causar sérios prejuízos. Ataca os sarmentos produzindo-lhes cancros que estragam a futura vara, inutilizando-a.
A pontuada não tem importância.
A deformante dizem que aparece este ano em abundância, e é essa certamente que traz sobressaltados os nossos viticultores. […]

O tratamento curativo que agora se pode usar é cal e enxofre em partes iguais, ou dois terços de enxofre e um de cal, aplicados tantas vezes quantas sejam necessárias para que a doença não se manifeste em novas parras. […]
São estas as indicações que colhemos; e muito satisfeitos ficaremos se acaso elas produzirem alguma coisa de útil e proveitoso.