Videiras americanas
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Título
Videiras americanas
Criador
Manuel Alberto Rei. (Da Gazeta de Figueira)
Fonte
O Jornal de Cantanhede, n.º 934, pág. 3, col. 2, 3
Data
11-05-1907
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
As plantações das videiras americanas, actualmente tão generalizadas em Portugal, são o melhor meio que se achou para combater a filoxera, mas como nem todas estas videiras resistem aos ataques que outras que se acomodam melhor a este ou àquele terreno, vou indicar quais são as melhores e que devem preferir-se para a plantação:
1.ª Riparia. Uma das primeiras variedades que existem. Requer terrenos ricos, fundos e frescos, um pouco húmidos, mas não em excesso.
2.ª Riparia tomentosa. É uma sub-variedade da riparia. Serve para os terrenos de aluvião, arenosos e húmidos.
3.ª Vialla. Está nos mesmos casos que a riparia, dizendo-os cientes que é esta a videira que mais convém aos terrenos húmidos
4.ª Rupestris. Dá-se bem nos terrenos cascalhudos e siliciosos, frescos ou secos, um pouco amarelados. Esta variedade produz muito bem nas encostas e nos terrenos argilosos ou muito soltos, ricos ou pobre, escuros cinzentos ou amarelados. Serve para todos os terrenos desde o momento que no verão tenham a humidade precisa. 5.ª Jacques. É boa para os terrenos marnosos e azulados, argilosos, ricos, e nos xistos e margas cinzentas e férteis.
6.ª Solonis. Dá-se muito bem nos terrenos cinzentos, fundos e frescos, argilo calcários, nos que são pouco férteis e nos pedregosos e rijos.
7.ª York-madeira. É boa para as terras pobres e secas, mas que não sejam brancas.
8.ª Cinérea. Óptima para os terrenos húmidos, fundos ou delgados, calcários, cretáceos o margas azuis.
9.ª Berlanlieri. Boa para as terras secas que não sejam vermelhas, e nas calcárias, moles e brancas, cretáceas, escuras e fracas.
10.ª Hebérmont. Requer terrenos soltos cascalhentos, vermelhos. Dá-se muito mal nos terrenos húmidos e frios. São estas 10 variedades, as que se conhecem como mais resistentes e por isso as que devem preferir-se, visto que plantar videiras americanas que não resistem contra o terrível mal que assola os nossos vinhedos é perder tempo, ocupar inutilmente terreno e gastar dinheiro.
Estas videiras são também as melhores para cavalo, na enxertia; mas a maioria dos nossos lavradores desconhecem a escolha: nem admira porque não está ao alcance de todos. Na escolha das videiras para cavalo é necessário atender-se a que o seu desenvolvimento seja aproximadamente o mesmo que o cavaleiro, pois se, por exemplo, fornos buscar um cavalo que seja de desenvolvimento inferior ao cavaleiro, sucede o cavaleiro lançar rebentos (ladrões, vulgarmente conhecidos) e o cavaleiro morre por não ter força suficiente para absorver a seiva do cavalo. Pelas diferentes freguesias deste concelho, que temos percorrido, temos visto enxertias feitas por homens que se dizem práticos, que são uma verdadeira lástima. Não se importam que esta, ou aquela videira se desenvolva muito ou pouco, nem que a arrebentação do cavalo ou cavaleiro seja mais tarde ou mais cedo; enfim, enxertam ao caso, e no fim de alguns anos está tudo perdido, como tenho presenciado. Convém, pois procurar um enxertador que conheça e tenha estudado essa matéria, e que possa fornecer instruções a tal respeito, por que de outra forma as vinhas estarão dentro em poucos anos completamente perdidas.
1.ª Riparia. Uma das primeiras variedades que existem. Requer terrenos ricos, fundos e frescos, um pouco húmidos, mas não em excesso.
2.ª Riparia tomentosa. É uma sub-variedade da riparia. Serve para os terrenos de aluvião, arenosos e húmidos.
3.ª Vialla. Está nos mesmos casos que a riparia, dizendo-os cientes que é esta a videira que mais convém aos terrenos húmidos
4.ª Rupestris. Dá-se bem nos terrenos cascalhudos e siliciosos, frescos ou secos, um pouco amarelados. Esta variedade produz muito bem nas encostas e nos terrenos argilosos ou muito soltos, ricos ou pobre, escuros cinzentos ou amarelados. Serve para todos os terrenos desde o momento que no verão tenham a humidade precisa. 5.ª Jacques. É boa para os terrenos marnosos e azulados, argilosos, ricos, e nos xistos e margas cinzentas e férteis.
6.ª Solonis. Dá-se muito bem nos terrenos cinzentos, fundos e frescos, argilo calcários, nos que são pouco férteis e nos pedregosos e rijos.
7.ª York-madeira. É boa para as terras pobres e secas, mas que não sejam brancas.
8.ª Cinérea. Óptima para os terrenos húmidos, fundos ou delgados, calcários, cretáceos o margas azuis.
9.ª Berlanlieri. Boa para as terras secas que não sejam vermelhas, e nas calcárias, moles e brancas, cretáceas, escuras e fracas.
10.ª Hebérmont. Requer terrenos soltos cascalhentos, vermelhos. Dá-se muito mal nos terrenos húmidos e frios. São estas 10 variedades, as que se conhecem como mais resistentes e por isso as que devem preferir-se, visto que plantar videiras americanas que não resistem contra o terrível mal que assola os nossos vinhedos é perder tempo, ocupar inutilmente terreno e gastar dinheiro.
Estas videiras são também as melhores para cavalo, na enxertia; mas a maioria dos nossos lavradores desconhecem a escolha: nem admira porque não está ao alcance de todos. Na escolha das videiras para cavalo é necessário atender-se a que o seu desenvolvimento seja aproximadamente o mesmo que o cavaleiro, pois se, por exemplo, fornos buscar um cavalo que seja de desenvolvimento inferior ao cavaleiro, sucede o cavaleiro lançar rebentos (ladrões, vulgarmente conhecidos) e o cavaleiro morre por não ter força suficiente para absorver a seiva do cavalo. Pelas diferentes freguesias deste concelho, que temos percorrido, temos visto enxertias feitas por homens que se dizem práticos, que são uma verdadeira lástima. Não se importam que esta, ou aquela videira se desenvolva muito ou pouco, nem que a arrebentação do cavalo ou cavaleiro seja mais tarde ou mais cedo; enfim, enxertam ao caso, e no fim de alguns anos está tudo perdido, como tenho presenciado. Convém, pois procurar um enxertador que conheça e tenha estudado essa matéria, e que possa fornecer instruções a tal respeito, por que de outra forma as vinhas estarão dentro em poucos anos completamente perdidas.
Ficheiros
Colecção
Citação
Manuel Alberto Rei. (Da Gazeta de Figueira) , “Videiras americanas”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 934, pág. 3, col. 2, 3 , 11-05-1907. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 27 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1020.