ASSUNTOS AGRÍCOLAS

ASSUNTOS AGRÍCOLAS

S/autor

Damião de Goes, 12º Ano, nº 579, p. 2.

31-01-1897

Leonardo Aboim Pires

Temos presentes umas interessantes notas de um novo processo de preparação da calda bordalesa, que dá excelentes resultados.
Essa preparação consiste em fazer aderir à planta o cobre, cujo úteis efeitos contra o míldio são unanimemente reconhecidos. Pelo processo que se tem seguido, o cobre não opera com energia e prontidão necessárias nos casos de uma rápida invasão do mal. O seu efeito antes preventivo do que curativo, aumenta quando seja empregado em dissolução, logo que esta solubilidade seja obtida com o auxílio de um dissolvente inofensivo para a vinha.

Há também necessidade a satisfazer: a resistência à ação das chuvas que embaraçam frequentemente os efeitos das sulfatagens.
Para obviar todos estes inconvenientes, o remédio está em adjudicar o açúcar à calda bordalesa em quantidade suficiente para a dissolução do cobre.
Constitui-se um açucarado de cal seco que, misturando com o sulfato de cobre também seco, formam uns pós, cuja dupla reação (açucarado de cobre e sulfato de cal) tem lugar no momento em que estes pós são projetados na água.
Basta um quarto de hora para que esta reação depois de fria, produza um açucarado de cobre solúvel de uma bela cor verde.
Esta composição que em França tem obtido pleno sucesso contra o míldio, é contudo impotente contra uma grande invasão de oídio que não nos tenha inquietado durante alguns anos.

Mas, para tudo há remédio e, neste sentido, mistura-se nos pós cúpricos, o enxofre em pó que, pelo benefício da aderência que lhes dá o açucarado de cobre, combate energicamente o mal.

Este processo traz um aumento de despesa na preparação da calda, em virtude do emprego do açúcar, género muito caro, principalmente no nosso país, mas sendo os resultados satisfatórios, a despesa que se faz a mais com o adicionamento do açúcar fica, ao menos compensada pelos seus benéficos efeitos.