ASSUNTOS AGRÍCOLAS
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Título
ASSUNTOS AGRÍCOLAS
Criador
S/autor
Fonte
Damião de Goes, 17º Ano, nº 863, p. 1.
Data
13-07-1902
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Método para combater ao mesmo tempo o míldio e o oídio
Do periódico de Valência, El Productor Español, transcrevemos o seguinte artigo, vertendo-o para português:
Como pelas condições meteorológicas da estação é de temer um violento ataque das enfermidades criptogâmicas parasitas da vide, e por outro lado a economia compatível com o bom cultivo se recomenda atualmente de um modo imperioso, julgamos de interesse dar a conhecer aos nossos leitores o método proposto pelo professor Tamaro para, se os resultados forem como se anuncia, aplica-lo em maior escala no futuro ano de 1903.
Recomenda aquele professor que, para se obter o seu caldo, se proceda da seguinte maneira: dissolve-se um kilo de sulfato de cobre em 5 litros d’água quente em vasilha de madeira. Separadamente dissolve-se, em 95 litros de água, um kilo de cal, isenta de pedras, areias e outras impurezas. Em seguida verte-se o leite de cal, coando-o por um pano, sobre a dissolução de sulfato de água, agitando sem cessar a mistura ao verter o leite de cal, em quantidade suficiente para obter um caldo neutro, o que se conhece pelo líquido que sobrenada ao deixar o caldo em repouso, que será incolor se está nas condições desejadas e verdoso se existe sulfato de cobre por decompor.
Aos 100 litros de caldo bordalês, assim preparado, se adiciona enxofre, metendo dois kilos em um saco de malha apertada e submergindo-o no liquido, agitando-o até que todo o seu conteúdo tenha passado ao caldo bordalês em que se submergiu o saco.
Com este caldo, que podermos chamar composto, se fará um primeiro tratamento quando o pâmpano tenha dez centímetros, e um segundo tratamento depois da floração. Se o ano é favorável ao desenvolvimento do míldio e do oídio, deve fazer-se um terceiro tratamento no fim de Julho.
Recomenda-se bater bem o líquido antes de carregar os pulverizadores para a aplicação deste caldo.
Parece que dois anos de ensaios deste método de combater o míldio e o oídio, tem dado excelentes resultados.
A importância económica deste novo caldo é não só no que respeita aos jornais dos trabalhadores, mas também ao enxofre, que se reduz a 6 kilos por hectare, supondo que se gasta 300 litros de caldo.
Recomendamos portanto o ensaio do método do professor Tamaro, pois as notícias que temos dos ensaios feitos bem merecem chamar a atenção dos viticultores que poderão economizar jornais e tempo.
*
São cada vez mais aterradoras as notícias que recebemos acerca da devastação causada nas vinhas pelo míldio.
As chuvas também têm causado gravíssimos prejuízos, fazendo apodrecer muita uva, principalmente a que está junta à terra, vendo-se os viticultores na necessidade de a levantar, para não continuar a apodrecer, o que traz maiores despesas.
[…]
Do periódico de Valência, El Productor Español, transcrevemos o seguinte artigo, vertendo-o para português:
Como pelas condições meteorológicas da estação é de temer um violento ataque das enfermidades criptogâmicas parasitas da vide, e por outro lado a economia compatível com o bom cultivo se recomenda atualmente de um modo imperioso, julgamos de interesse dar a conhecer aos nossos leitores o método proposto pelo professor Tamaro para, se os resultados forem como se anuncia, aplica-lo em maior escala no futuro ano de 1903.
Recomenda aquele professor que, para se obter o seu caldo, se proceda da seguinte maneira: dissolve-se um kilo de sulfato de cobre em 5 litros d’água quente em vasilha de madeira. Separadamente dissolve-se, em 95 litros de água, um kilo de cal, isenta de pedras, areias e outras impurezas. Em seguida verte-se o leite de cal, coando-o por um pano, sobre a dissolução de sulfato de água, agitando sem cessar a mistura ao verter o leite de cal, em quantidade suficiente para obter um caldo neutro, o que se conhece pelo líquido que sobrenada ao deixar o caldo em repouso, que será incolor se está nas condições desejadas e verdoso se existe sulfato de cobre por decompor.
Aos 100 litros de caldo bordalês, assim preparado, se adiciona enxofre, metendo dois kilos em um saco de malha apertada e submergindo-o no liquido, agitando-o até que todo o seu conteúdo tenha passado ao caldo bordalês em que se submergiu o saco.
Com este caldo, que podermos chamar composto, se fará um primeiro tratamento quando o pâmpano tenha dez centímetros, e um segundo tratamento depois da floração. Se o ano é favorável ao desenvolvimento do míldio e do oídio, deve fazer-se um terceiro tratamento no fim de Julho.
Recomenda-se bater bem o líquido antes de carregar os pulverizadores para a aplicação deste caldo.
Parece que dois anos de ensaios deste método de combater o míldio e o oídio, tem dado excelentes resultados.
A importância económica deste novo caldo é não só no que respeita aos jornais dos trabalhadores, mas também ao enxofre, que se reduz a 6 kilos por hectare, supondo que se gasta 300 litros de caldo.
Recomendamos portanto o ensaio do método do professor Tamaro, pois as notícias que temos dos ensaios feitos bem merecem chamar a atenção dos viticultores que poderão economizar jornais e tempo.
*
São cada vez mais aterradoras as notícias que recebemos acerca da devastação causada nas vinhas pelo míldio.
As chuvas também têm causado gravíssimos prejuízos, fazendo apodrecer muita uva, principalmente a que está junta à terra, vendo-se os viticultores na necessidade de a levantar, para não continuar a apodrecer, o que traz maiores despesas.
[…]
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “ASSUNTOS AGRÍCOLAS”. In Damião de Goes, 17º Ano, nº 863, p. 1., 13-07-1902. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1304.