Palavras de um progressista
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Título
Palavras de um progressista
Criador
José Manuel Adão Branco
Fonte
O Manuelinho de Évora, Ano VIII, nº 372, p. 3.
Data
11-03-1888
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Recebemos a seguinte carta:
O filoxera
Descobrindo eu o único remédio eficaz e económico anti-filoxera, bem como o modo de desinfetar as uvas do denominado oídio sem as enxofrar, poupando-se nesta parte pelo menos o custo do enxofre, vim expressamente a Lisboa tratar este momentoso assunto; como porém o governo do Estado a quem me dirigi (pedindo-lhe uma gratificação, se porventura as minhas descobertas e invenções fossem eficazes) parece não ligar importância alguma à maior calamidade agrícola de que há memória, a não se para obrigar indiretamente os viticultores a ruinosas despesas reconhecidamente inúteis, e conservar nos serviços filoxéricos anichados os seus afilhados à custa do tesouro público, sem proveito algum para a nação, resolvi retirar-me para Vassal, no concelho de Valpaços, onde esperarei as ordens de quem competir dar-mas para a revelação do meu segredo, deixando este aqui depositado nas mãos do ex.mo sr. Júlio de Sousa Pereira Girão, oficial do exército, morador na rua de Santo Antão, 83, 1º, por me dever inteira confiança este cavalheiro assim como a classe a que pertence.
Cumpre-me declarar aqui que sempre fui progressista, e tanto, que em 1875 aceitei do centro progressista de Valpaços a missão de vir receber a Lisboa os apertos de mão de alguns dos atuais srs. ministros, e assistir às exéquias do falecido e muito honrado senhor Duque de Loulé, por dar força ao partido progressista a que só hoje deixo de pertencer, por ter reconhecido a incapacidade coletiva do atual governo e das suas maiorias para a boa administração dos negócios do Estado.
Lisboa, 5 de Março de 1888.
José Manuel Adão Branco
O filoxera
Descobrindo eu o único remédio eficaz e económico anti-filoxera, bem como o modo de desinfetar as uvas do denominado oídio sem as enxofrar, poupando-se nesta parte pelo menos o custo do enxofre, vim expressamente a Lisboa tratar este momentoso assunto; como porém o governo do Estado a quem me dirigi (pedindo-lhe uma gratificação, se porventura as minhas descobertas e invenções fossem eficazes) parece não ligar importância alguma à maior calamidade agrícola de que há memória, a não se para obrigar indiretamente os viticultores a ruinosas despesas reconhecidamente inúteis, e conservar nos serviços filoxéricos anichados os seus afilhados à custa do tesouro público, sem proveito algum para a nação, resolvi retirar-me para Vassal, no concelho de Valpaços, onde esperarei as ordens de quem competir dar-mas para a revelação do meu segredo, deixando este aqui depositado nas mãos do ex.mo sr. Júlio de Sousa Pereira Girão, oficial do exército, morador na rua de Santo Antão, 83, 1º, por me dever inteira confiança este cavalheiro assim como a classe a que pertence.
Cumpre-me declarar aqui que sempre fui progressista, e tanto, que em 1875 aceitei do centro progressista de Valpaços a missão de vir receber a Lisboa os apertos de mão de alguns dos atuais srs. ministros, e assistir às exéquias do falecido e muito honrado senhor Duque de Loulé, por dar força ao partido progressista a que só hoje deixo de pertencer, por ter reconhecido a incapacidade coletiva do atual governo e das suas maiorias para a boa administração dos negócios do Estado.
Lisboa, 5 de Março de 1888.
José Manuel Adão Branco
Ficheiros
Colecção
Citação
José Manuel Adão Branco, “Palavras de um progressista”. In O Manuelinho de Évora, Ano VIII, nº 372, p. 3., 11-03-1888. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1409.