MÍLDIO
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Título
MÍLDIO
Criador
S/autor
Fonte
O Manuelinho de Évora, Ano XIII, nº 632, p. 3.
Data
04-06-1893
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Instruções para combater esta doença da vinha
O míldio é atualmente um dos maiores flagelos das vinhas. Se as circunstancias lhe são favoráveis, propaga-se rapidamente e atua com extraordinária energia, destruindo ou inutilizando em poucos dias a produção de extensíssimas regiões.
São incalculáveis os prejuízos que tão funesta doença tem causado nos últimos anos, e por destraça é quási certo que dentro em pouco vai ela reaparecer nos nossos vinhedos, repetindo os seus ataques talvez ainda mais violência.
Urge, portanto, que os viticultores tratem de combater este perigoso inimigo, se não querem assistir mais uma vez às enormes devastações que ele promove. É preciso que lutem contra a nova moléstia da vinha, empregando os emios cuja eficácia está demonstrada.
Sinais por que se conhece o míldio
O míldio ataca todos os órgãos verdes das cepas, mas com preferência as folhas. A causa da doença é sempre a mesma – uma criptogâmica, o Plasmapora vitícola, porem os estrags que produz variam de aspeto consoante o órgão afetado e parecem determinados por causas diferentes. Assim, para facilidade de compreensão, consideram-se hoje distintas estas três manifestações do míldio, que são as principais:
O míldio das folhas;
O míldio dos pâmpanos e das varas;
O míldio das uvas.
Míldio das folhas – é já bem conhecido no país, não se confundindo facilmente com outras enfermidades, porque produz na face inferior destes órgãos umas manchas brancas, características, com pouca aderência e que à simples vista parecem constituídas por açúcar em pó muito fino.
As folhas assim afetadas sofrem uma destruição parcial dos seus tecidos, ou secam de todo e caem no fim de algum tempo; então as uvas não prosseguem na sua maturação e o vinho sai sempre de má qualidade – muito ácido, descorado e pobríssimo em álcool.
Míldio dos pâmpanos e das varas – conquanto pareça também muito nocivo, ainda não está bem estudado nem consta que já fosse observado no país.
Míldio das uvas – é o de mais graves consequências. Os grandes prejuízos do último ano nos vinhedos do Minho foram devidos na sua maioria a esta forma da moléstia.
Tanto a flor como o cacho em formação, sendo invadidos pelo míldio, aparecem em parte ou no todo coberto por uma espécie de pó, semelhante ao que produz nas folhas as nódoas brancas. Quando tal sucede, o resultado é uma profunda alteração naqueles órgãos, os quais enegrecem, atrofiam-se e abortam, isto é, desavinham.
(Continua)
O míldio é atualmente um dos maiores flagelos das vinhas. Se as circunstancias lhe são favoráveis, propaga-se rapidamente e atua com extraordinária energia, destruindo ou inutilizando em poucos dias a produção de extensíssimas regiões.
São incalculáveis os prejuízos que tão funesta doença tem causado nos últimos anos, e por destraça é quási certo que dentro em pouco vai ela reaparecer nos nossos vinhedos, repetindo os seus ataques talvez ainda mais violência.
Urge, portanto, que os viticultores tratem de combater este perigoso inimigo, se não querem assistir mais uma vez às enormes devastações que ele promove. É preciso que lutem contra a nova moléstia da vinha, empregando os emios cuja eficácia está demonstrada.
Sinais por que se conhece o míldio
O míldio ataca todos os órgãos verdes das cepas, mas com preferência as folhas. A causa da doença é sempre a mesma – uma criptogâmica, o Plasmapora vitícola, porem os estrags que produz variam de aspeto consoante o órgão afetado e parecem determinados por causas diferentes. Assim, para facilidade de compreensão, consideram-se hoje distintas estas três manifestações do míldio, que são as principais:
O míldio das folhas;
O míldio dos pâmpanos e das varas;
O míldio das uvas.
Míldio das folhas – é já bem conhecido no país, não se confundindo facilmente com outras enfermidades, porque produz na face inferior destes órgãos umas manchas brancas, características, com pouca aderência e que à simples vista parecem constituídas por açúcar em pó muito fino.
As folhas assim afetadas sofrem uma destruição parcial dos seus tecidos, ou secam de todo e caem no fim de algum tempo; então as uvas não prosseguem na sua maturação e o vinho sai sempre de má qualidade – muito ácido, descorado e pobríssimo em álcool.
Míldio dos pâmpanos e das varas – conquanto pareça também muito nocivo, ainda não está bem estudado nem consta que já fosse observado no país.
Míldio das uvas – é o de mais graves consequências. Os grandes prejuízos do último ano nos vinhedos do Minho foram devidos na sua maioria a esta forma da moléstia.
Tanto a flor como o cacho em formação, sendo invadidos pelo míldio, aparecem em parte ou no todo coberto por uma espécie de pó, semelhante ao que produz nas folhas as nódoas brancas. Quando tal sucede, o resultado é uma profunda alteração naqueles órgãos, os quais enegrecem, atrofiam-se e abortam, isto é, desavinham.
(Continua)
Ficheiros
Colecção
Citação
S/autor, “MÍLDIO”. In O Manuelinho de Évora, Ano XIII, nº 632, p. 3., 04-06-1893. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/1427.