Extinção dos insetos nocivos à agricultura

Extinção dos insetos nocivos à agricultura

S/autor

O Agricultor Micaelense, vol. 1, nº 49, pp. 812-813.

01-1852

Leonardo Aboim Pires

Tantos têm sido os remédios pelo escritores de agricultura e jardinagem sugeridos para a destruição dos insetos, que é para maravilhar como ainda exista vivo um só desses daninhos inimigos: eu pelo menos que não estejam a tal número limitados, que zombemos da sua voracidade e estragos. Não é porém esse o facto, cumprindo confessar que nenhuma parte da agricultura está mais atrasada, e que a nenhuma outra se prestou menos desvelo e atenção, do que à extinção dos insetos.
Evidente é o motivo desta incúria, se considerarmos que para levar de vencida e dominar este numerosíssimos insetos, é mister ter antes colhido um profundo conhecimento dos hábitos e peculiar economia de cada espécie; sem o que são infrutíferos todos os esforços que para os destruir se empregam. Sem bem penetrar a causa e natureza do mal, a esmo e sem fundamento se aplicam vãs medicinas.
Ora é um facto não menos verdadeiro do que lamentável, que a maioria dos hortelões e jardineiros ignoram absolutamente a economia e até o nome dos insetos que todos os dias veem, e cujas depredações quotidianamente sofrem. A esta ignorância se deve também o malogro de muitos remédios, e preventivos. Muitos que na verdade eram excelentes, se tornaram ineficazes ou prejudiciais, e ficarem tidos em conta de inúteis, por serem aplicados extemporaneamente. […]
O hortelão pois ou o lavrador que principia a sua vida, e pretende nela primar, deve dedicar algumas horas das do descanso a aprender e estudar as formas gerais do insetos; as mudanças porque passam; e as primárias divisões em que pelos modernos naturalistas foram repartidos. Deste modo saberá conhecer quais os insetos que são nocivos em todas as fases do crescimento, e quais os são em algumas somente; poderá consultar livros ou os mestres; e expender as suas observações ou dúvidas, em linguagem própria e a todos inteligível.