Método proposto pelo Dr. Klotzsch para livrar as batatas da doença que as ataca
Dublin Core
Título
Método proposto pelo Dr. Klotzsch para livrar as batatas da doença que as ataca
Criador
S/ Autor
Fonte
O Agricultor Micaelense, vol. 1, nº 10, pp. 174-176.
Data
10-1848
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
A batata, planta anual, mostra, nos tubérculos que se lhe desenvolvem junto das hásteas, a parte perene, aquela que não morrem e por onde se reproduz. Com quanto a duração do desenvolvimento das suas folhas e hásteas seja análoga à das mais plantas anuais, pelo contrário as suas ações coincidem exatamente com as das árvores e arbustos dicotiledones […]
A batateira (semelhante nisto a todas as outras plantas anuais) poem todos os seus esforços em produzir flor e fruto. E à semelhança de todas as anuais tem também a faculdade de abreviar o período do seu desenvolvimento vegetativo, se a força das raízes é acanhada; ou de o prolongar, se a mais ampla e extensa é a força delas. […]
Nas plantas perenes, há ainda um segundo esforço depois da frutificação, cujo fim é preparar e acumular a necessária substância nutritiva, que a planta há-de consumir durante o ano. A preparação deste alimento efetua-se mediante a ação psicológica das folhas, sob influência das raízes.
Quanto mais robustas, e frondosas são as plantas, tanto mais demorada é a evolução do alimento. […]
Destas considerações resulta, que mais alguns cuidados do que os usualmente prestados, requer a batateira.
Toda a cultura das batatas até agora há consistido em as mondar, e abarbar; por certo que são estas operações necessárias, mas não as únicas indispensáveis; por quanto não cultivamos a batata com a mira na semente; outro é o nosso ponto, queremos as tocas ou tubérculos; e por isso modificada deve ser a cultura.
As principais questões pois a atender para atingir o fim proposto, isto é, o aumento dos tubérculos, são –
1º Aumentar a força da raiz, e
2º Fazer abortar à transformação que dos sucos nutritivos se opera nas folhas, por onde se vem a transformar em flores, e sementes.
Ambos estes fim se granjearão ao mesmo tempo, se na 5ª, 6ª e 7ª semana depois da plantação das batatas, ou na 4ª e 5ª semana, sendo a plantação feita com batatas já enraizadas, ou em geral, na ocasião de ter a batata um palmo de altura, se nestas ocasiões caparmos todas as pontinhas dos ramos ou talos, no comprimento de meia polegada, repetindo esta operação em todas as hásteas, e galhos na 10ª e 11ª semana, seja a que hora do dia for. […]
Movido deste pensamento, fiz em 1846 experiências sobre alguns pés de batata, cuidadosamente assinalados, entre um campo delas, e cujas extremidades cortei como já indiquei. O trabalho de as marcar foi escusado, porque bem depressa se estremaram entre todas as outras, pela numerosa ramificação, e pelo verde-negro e grandeza das folhas. […] Este ensaio foi incompleto, nem dele se podia concluir anda positivo, mas ainda assim animou-me a prosseguir as minhas observações. […]
No meado Agosto de 1847, tentei nova experiência numa terra baixa, semeada de batata branca redonda, que é a variedade comum nestes sítios, e que não era muito sujeita à doença […] Depois de as ter mondado no fim de Maio, renovei a experiência de capar as pontas dos ramos das batatas, um rego sim, outro não […] O resultado excedeu toda a expectação. A rama da batata, que não fora tratada segundo o meu sistema, estava alta, afusada, e quási despida de folhas, e essas poucas que restavam pequenas e amarelas.
No campo vizinho, haviam sido plantadas batatas no mesmo dia, e deixadas à lei da natureza. Durante as primeiras seis semanas pareciam sadias, e até viçosas, mas forma pouco a pouco perdendo-se […] No fim de Agosto, as batatas tratadas por mim, e as deixadas a si, ofereciam um tão frisante contraste, que maravilhava toda a gente do campo da minha vizinhança […] E maior diferença era nas próprias batatas. Aquelas que foram cultivadas segundo a minha ideia, não era na verdade muito maiores, mas eram muitas mais, não eram covinhadas, nem eivadas de moléstia […] Com quanto me julgue muito aquém de poder explicar a natureza da doença das batatas, que ultimamente nos visitou, tenho a consciência de que descobri o meio de robustecer a batateira a tal ponto que possa resistir sem dano às influências que determinam tal moléstia. […]
A batateira (semelhante nisto a todas as outras plantas anuais) poem todos os seus esforços em produzir flor e fruto. E à semelhança de todas as anuais tem também a faculdade de abreviar o período do seu desenvolvimento vegetativo, se a força das raízes é acanhada; ou de o prolongar, se a mais ampla e extensa é a força delas. […]
Nas plantas perenes, há ainda um segundo esforço depois da frutificação, cujo fim é preparar e acumular a necessária substância nutritiva, que a planta há-de consumir durante o ano. A preparação deste alimento efetua-se mediante a ação psicológica das folhas, sob influência das raízes.
Quanto mais robustas, e frondosas são as plantas, tanto mais demorada é a evolução do alimento. […]
Destas considerações resulta, que mais alguns cuidados do que os usualmente prestados, requer a batateira.
Toda a cultura das batatas até agora há consistido em as mondar, e abarbar; por certo que são estas operações necessárias, mas não as únicas indispensáveis; por quanto não cultivamos a batata com a mira na semente; outro é o nosso ponto, queremos as tocas ou tubérculos; e por isso modificada deve ser a cultura.
As principais questões pois a atender para atingir o fim proposto, isto é, o aumento dos tubérculos, são –
1º Aumentar a força da raiz, e
2º Fazer abortar à transformação que dos sucos nutritivos se opera nas folhas, por onde se vem a transformar em flores, e sementes.
Ambos estes fim se granjearão ao mesmo tempo, se na 5ª, 6ª e 7ª semana depois da plantação das batatas, ou na 4ª e 5ª semana, sendo a plantação feita com batatas já enraizadas, ou em geral, na ocasião de ter a batata um palmo de altura, se nestas ocasiões caparmos todas as pontinhas dos ramos ou talos, no comprimento de meia polegada, repetindo esta operação em todas as hásteas, e galhos na 10ª e 11ª semana, seja a que hora do dia for. […]
Movido deste pensamento, fiz em 1846 experiências sobre alguns pés de batata, cuidadosamente assinalados, entre um campo delas, e cujas extremidades cortei como já indiquei. O trabalho de as marcar foi escusado, porque bem depressa se estremaram entre todas as outras, pela numerosa ramificação, e pelo verde-negro e grandeza das folhas. […] Este ensaio foi incompleto, nem dele se podia concluir anda positivo, mas ainda assim animou-me a prosseguir as minhas observações. […]
No meado Agosto de 1847, tentei nova experiência numa terra baixa, semeada de batata branca redonda, que é a variedade comum nestes sítios, e que não era muito sujeita à doença […] Depois de as ter mondado no fim de Maio, renovei a experiência de capar as pontas dos ramos das batatas, um rego sim, outro não […] O resultado excedeu toda a expectação. A rama da batata, que não fora tratada segundo o meu sistema, estava alta, afusada, e quási despida de folhas, e essas poucas que restavam pequenas e amarelas.
No campo vizinho, haviam sido plantadas batatas no mesmo dia, e deixadas à lei da natureza. Durante as primeiras seis semanas pareciam sadias, e até viçosas, mas forma pouco a pouco perdendo-se […] No fim de Agosto, as batatas tratadas por mim, e as deixadas a si, ofereciam um tão frisante contraste, que maravilhava toda a gente do campo da minha vizinhança […] E maior diferença era nas próprias batatas. Aquelas que foram cultivadas segundo a minha ideia, não era na verdade muito maiores, mas eram muitas mais, não eram covinhadas, nem eivadas de moléstia […] Com quanto me julgue muito aquém de poder explicar a natureza da doença das batatas, que ultimamente nos visitou, tenho a consciência de que descobri o meio de robustecer a batateira a tal ponto que possa resistir sem dano às influências que determinam tal moléstia. […]
Ficheiros
Colecção
Citação
S/ Autor, “Método proposto pelo Dr. Klotzsch para livrar as batatas da doença que as ataca”. In O Agricultor Micaelense, vol. 1, nº 10, pp. 174-176., 10-1848. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/153.